Após desistir de disputar a presidência da Câmara na véspera da eleição, o deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB) disse que mudou de idéia por medo de sofrer retaliações do próprio partido.
Por que o senhor desistiu da candidatura?
Desisti para atender ao apelo da unidade do partido. Estamos comemorando ainda a vitória expressiva que tivemos nas eleições municipais. Candidatar-me pareceria algo muito pessoal. Eu tinha minhas bandeiras, que repercutiram. Percebo que minha campanha sensibilizou muita gente, foi algo diferente. Mas aqui existem os jogos políticos. Basta ver o que significa um blocão (aliança de 14 partidos em favor de Michel Temer), com tucanos e petistas juntos. Com esse tipo de jogada, você perde a noção de onde está andando. Tudo o que há de possibilidade ideológica e programática foi colocada de lado para formar esse "grande bloco".
Que tipo de pressão o senhor sofreu para desistir?
Imagine que você é membro de um PMDB todo contente, ocupando espaços, crescendo, com a possibilidade de até lançar um candidato a presidente da República. Imagine que você se candidata à presidência da Câmara sem o apoio do partido e que, por isso, o nome oficial do PMDB é obrigado a disputar o segundo turno e perde. Isso me sensibilizou. Expus minhas idéias. Mas aí pensei: e o "day after"? Eu não queria ser expulso do partido.
O senhor se arrepende da candidatura?
Não, pelo contrário. Fiz muitas amizades. Sacudi muita coisa. É só perceber que a TV Câmara mudou bastante, começou a mostrar muito mais o trabalho dos deputados. (AG)
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