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O valor estipulado pelo assassinato do frei e advogado Henri Burin dez Roziers, de 75 anos, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e pela morte de qualquer religioso que atue na luta em prol dos direitos humanos no Pará é de R$ 100 mil e R$ 50 mil, respectivamente. A denúncia foi feita pelo padre e também advogado José Boeing, ao participar do painel "Defesa da Defesa no Brasil", parte da programação do 50º Congresso da União Internacional dos Advogados (UIA), realizado em Salvador.

O padre Boeing também é ligado à CPT e vive em Xinguara, no Pará. Ele atuava na defesa dos direitos de trabalhadores ao lado da missionária americana Dorothy Stang, assassinada a tiros em 12 de fevereiro de 2005 em Anapu.

Os valores denunciados pelo padre Boeing são, segundo ele, de conhecimento de qualquer grileiro, fazendeiro e de qualquer trabalhador que viva na região de conflitos pela posse de terras no sudeste do Pará. Além dos valores para a eliminação de alvos como o frei Henri dez Roziers e de padres como ele, Boeing citou ainda os "preços" costumeiramente conhecidos no estado para assassinatos de sindicalistas - R$ 10 mil - e de posseiros e lavradores - $ 5 mil.

Ainda segundo o alerta feito por Boeing, o frei Henri Burin dez Roziers é, hoje, o principal integrante da lista de marcados para morrer no sudeste do Pará. Ele relatou que, de 1994 a 2004, foi registrada pela CPT a ocorrência de 173 assassinatos e de 501 ferimentos a envolvidos na luta pelos direitos humanos e contra grileiros no Pará. Os dados integram um relatório que foi entregue pela CPT à Organização das Nações Unidas (ONU) e que resultou na orientação do órgão internacional para que fosse criada no estado a Comissão de Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos. Uma semana depois da criação dessa Comissão, Dorothy Stang foi morta em Anapu.

- Ela morreu porque apresentou denúncias contra as mesmas pessoas que a mataram - disse o religioso.

Ainda segundo as estatísticas apresentadas por Boeing no Congresso da UIA, 57 crimes contra defensores de direitos humanos constam do relato entregue à ONU. Desses, 20% ainda não foram transformados em processo judicial ou sequer motivaram a tomada de qualquer medida de segurança por parte do governo.

- Não temos forças para defender os direitos dos trabalhadores da Amazônia pela via legal, pela via judicial. Precisamos de ajuda - pediu o padre.

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