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O Palácio do Planalto foi alertado de que o armistício entre a bancada do PP na Câmara e o ministro das Cidades, Mário Negromonte, é um "jogo de cena". Isso porque ainda há forte insatisfação da bancada com a entrevista de Negromonte ao Globo. Mas o partido assegurou que não haverá nenhuma reação pública, e que manterá apoio incondicional ao governo. A estratégia da bancada do PP é manter Negromonte no cargo, para não perder o Ministério das Cidades, e negociar sua substituição na reforma ministerial.

Mas o Planalto já foi alertado que Negromonte não tem o apoio da maioria da bancada, e que não houve a reunificação do PP, como assegurou o próprio ministro numa conversa, na quarta-feira, ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Depois da crise motivada pelas declarações de Negromonte, o novo líder do PP, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), já conversou com a ministra Ideli Salvatti.

O Planalto avisou que precisa da unidade da bancada no apoio ao governo. Essa garantia foi dada ao Planalto pelo próprio líder Aguinaldo. "Existe uma unidade da bancada, que está alinhada com o governo. A questão do Ministério das Cidades nunca esteve na pauta da nova liderança", disse Aguinaldo Ribeiro.

O Planalto foi alertado de que a bancada começa a dar sinais de indiferença em relação ao ministro Negromonte e que a interlocução terá que ser feita diretamente com os deputados e o presidente do partido, senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Isso ficou claro quando Negromonte pediu uma nota de solidariedade da bancada depois da entrevista em que afirmou que deputados do PP tinham "ficha corrida". Mas a bancada recusou o pedido do ministro e não redigiu nenhuma nota.Pelo contrário. Segundo relatos, Francisco Dornelles teve que conter uma rebelião, ainda na quarta-feira.

Muitos deputados ameaçaram entregar os seus currículos ao ministro das Cidades e fazer discurso no plenário da Câmara, desafiando Negromonte. Além disso, quando as declarações de Negromonte foram duramente atacadas por deputados da oposição, nenhum deputado do PP saiu em defesa do ministro das Cidades. "A dificuldade maior foi conter os deputados que queriam reagir às ameaças de Negromonte", disse um cacique do PP.

Ao Globo, Negromonte foi para o ataque e alertou o partido das consequências do racha na bancada: "Em briga de família, irmão mata irmão e morre todo mundo". Há um consenso de que, neste momento, o partido precisa ser pragmático. Caso contrário, corre o risco de perder o ministério.

Na semana passada, o decano da bancada, deputado Simão Sessim (PP-RJ), defendeu a pacificação. Ele vai propor um encontro dos deputados com o ministro. Mas a proposta ainda sofre forte reação da bancada.

O próprio Negromonte havia garantido ao ministro Gilberto Carvalho que haveria um almoço de pacificação com a bancada esta semana. Mas vários deputados do PP avisaram que não participam de encontro para fazer uma foto ao lado do ministro das Cidades. "Temos que pacificar a relação da bancada com o ministro. O Aguinaldo fica como líder e o partido precisa apoiar Negromonte. A nossa unidade é a oportunidade para todos do PP. Não podemos perder o ministério", alertou Simão Sessim.

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