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Atualizado em 28/11/2006, às 16h15

Em encontro na manhã desta terça-feira no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou o PDT a participar do governo, comprometendo-se com o partido a não fazer uma nova reforma da Previdência, no relato do presidente do PDT, Carlos Lupi. Lupi afirmou ainda que agora serão ouvidas as bancadas do partido, a Executiva Nacional e o Diretório Nacional para definir a posição da legenda em relação ao governo.

- Ele não fará a reforma da Previdência. Isso é público. Ele já disse que não passa por seus projetos a reforma da Previdência. Ao contrário, quer melhorar a arrecadação, acabar com a burocracia e está fazendo um esforço no recadastramento para diminuir os gastos e os desvios na Previdência. E assumiu compromisso de não ter reforma a partir daí. Ele disse que não pretende fazer a reforma da Previdência, que não quer tocar nesse assunto, disse que não é programa, projeto governamental dele, fazer qualquer mudança na Previdência - afirmou.

Mais tarde, em entrevista, o próprio Lula foi mais cuidadoso, afirmando que o problema do déficit é do Tesouro Nacional e não do sistema previdenciário em si. Sem garantir que fará a reforma, Lula disse que é preciso encontrar uma saída para o déficit do Tesouro e repetiu a tese de que os problemas do sistema previdenciário foram criados na Constituição de 88, quando os parlamentares aprovaram uma série de benefícios, como a inclusão de sete milhões de trabalhadores rurais no INSS.

- O Congresso aumentou o gasto do Tesouro e jogar isso na Previdência é uma injustiça com a Previdência. O que temos que encontrar é uma saída para o déficit do Tesouro. A Previdência, se comparar o que ela recebe dos trabalhadores e dos empresários e o que recebem os trabalhadores (em benefícios), o déficit é muito pequeno. O déficit é muito mais do Tesouro do que da Previdência - disse Lula.

O presidente fez questão ainda de listar uma série de medidas que o governo está fazendo na área da Previdência, como o censo previdenciário e um número de telefone para marcar atendimento.

- A gente não ouve falar tanto em fila. Estamos andando. Minha preocupação agora é tentar desobstruir o Estado brasileiro - afirmou Lula

O presidente citou ainda que a Constituição de 88 aprovou também a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) e o Estatuto do Idoso, que, segundo ele, também aumentaram os encargos do sistema previdênciário.

PDT deve participar de governo de coalizão, apesar de resistências

Integrantes do PDT que participaram da reunião com o presidente Lula disseram que a tendência é que o partido integre o governo de coalizão, embora haja resistências de líderes importantes do partido, como os senadores Cristovam Buarque (DF), Jefferson Peres (AM) e Osmar Dias (PR).

- Somos um partido que temos o D da democracia no nome justamente para amparar a divergência de opiniões. A partir do momento em que o partido decidir, todos têm de acompanhar a maioria - disse Lupi, acrescentando que os senadores que defendem oposição ao governo Lula já disseram que continuarão no partido e acatarão a vontade da maioria.Lula chama Aécio e Serra de amigos

Lula disse que ficou muito satisfeito com o encontro de com o PDT e que a formação de um governo de coalizão será uma "experiência nova" no país. O presidente afirmou que o "mandato da divergência acabou" e confirmou que vai chamar, em breve, os governadores tucanos eleitos de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, para uma conversa. Os encontros serão individuais e devem ocorrer até meados de dezembro, embora o presidente ainda não tenha marcado a data.

- Esse mandato acabou, o mandato da divergência acabou e agora a gente pode construir o mandato da convergência. E o PDT é uma peça fundamental. Vou chamá-los (Serra e Aécio) para conversar porque eles são meus amigos, antes de tudo - disse Lula aos jornalistas, depois de participar de uma cerimônia em que entregou títulos de posse a nove comunidades Quilombola.

Lula disse que não discutiu cargos com o PDT e, sim, a participação do partido no chamado governo de coalizão.

- Discutimos política pública de crescimento e desenvolvimento da economia. Foi uma boa reunião. As pessoas estão se dando conta que a tarefa de construir o Brasil não é de um partido político e de uma pessoa. É uma experiência nova no Brasil governar com coalizão. Mas o que ficou provado do processo eleitoral é que o povo conseguiu saber o que era turbulência de verdade, o que era encenação política, o que era jogo eleitoral. O povo deu uma lição de sabedoria política em todos nós e temos que apreender isso - disse Lula, ressaltando que PDT e PT têm uma relação histórica "muito profunda".

Carlos Lupi também disse que o partido não tratou de cargos , mas sim de programas e princípios. Segundo ele, o PDT recebeu de Lula a agenda de compromissos para o governo de coalizão e disse ao presidente que não abre mão dos direitos dos trabalhadores, defende uma previdência pública de qualidade para todos e investimento em educação.

- O presidente não fez oferta de cargos nem discutimos isso. Discutimos em cima de projetos e programas - disse Lupi.

O líder do partido no Senado, Osmar Dias (PR), que participou da reunião, defende a independência em relação ao governo, afirmando que o presidente é o mesmo e a política é a mesma. Ele se referia ao fato de o PDT já ter participado do governo Lula.

- Vou obedecer, mas isso tem limite. Uma coisa é ser disciplinado, outra é ser corrompido no momento das votações - afirmou Dias.

Além de Osmar Dias e Carlos Lupi, também participaram da reunião o líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), o governador eleito do Maranhão, Jackson Lago, e o secretário do partido, Manoel Dias. Pelo governo, participou o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, além de Lula.

Já seriam seis partidos na coalizão

Com a adesão do PDT, passam a ser seis os partidos na coalizão proposta por Lula, que já inclui PT, PMDB, PSB, PCdoB e PRB. Na última semana, o presidente Lula comemorou os resultados dos encontros com o PMDB e com a bancada do PTB O presidente também terá apoio de PTB, PL e PP. Tarso recebeu nesta terça-feira dirigentes do PV para discutir a participação do partido no governo. Ficou acertado que na próxima terça-feira, a cúpula do partido se reunirá com o presidente Lula.

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