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Eleições

Para especialistas, saúde vai ser o grande tema da disputa eleitoral

Segurança e transporte público também terão papel importante na campanha. Outra aposta são os temas de fundo moral, como a liberação do aborto e da maconha

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(Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo)
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Oliveira: para o eleitor, a corrupção é generalizada |

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Oliveira: para o eleitor, a corrupção é generalizada

Saúde, segurança e transporte público. Esses três temas deverão marcar as eleições de outubro – quando os brasileiros vão às urnas para escolher presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Mas não fica só nisso: educação, habitação, economia, obras e temas relativos à moral – como aborto e liberação da maconha – também devem entrar na pauta eleitoral.

A Gazeta do Povo ouviu especialistas e elencou quais são as apostas de assuntos que irão dominar a campanha. Em primeiro lugar na opinião deles aparece a saúde, área responsável pelo maior descontentamento da população. Segundo pesquisa divulgada em setembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 77% dos brasileiros desaprovam as políticas e ações dos governos no setor.

"A eleição será pautada pela saúde pública. Na eleição passada foi a segurança, mas houve investimentos federais e estaduais; os governantes têm o que falar. Mas a saúde está um caos. As pessoas estão com medo de ficar doentes", diz o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

O cientista político e professor da UFPR Ricardo Oliveira lembra que a presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição, tem o progama Mais Médicos como grande trunfo na área. "A saúde é um tema que vem pesando bastante, desde as eleições municipais. É um tema forte. E governo federal vem agindo com o programa Mais Médicos", afirma.

Depois de ser muito criticado, o Mais Médicos caiu nas graças da população – em novembro do ano passado, 84,3% dos brasileiros diziam aprovar o programa, de acordo com levantamento encomendado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Segurança e mobilidade

Outro tema delicado é a segurança pública – o país voltou a ter mais de 50 mil homicídios no ano passado, além de mais de 50 mil casos de estupro. O assunto, no entanto, tende a ser pulverizado, já que a segurança é de responsabilidade dos estados. "Talvez o [governador] Beto Richa tente se concentrar um pouco na segurança, é uma área em que ele investiu mais", afirma o professor de Ciência Política da Uninter Luiz Domingos Costa, prevendo uma polarização entre o candidato do PSDB e a petista Gleisi Hoffmann, que deverá disputar o governo do Paraná. "A Gleisi vai apostar na mobilidade e talvez na saúde, que é o ponto fraco dele [Richa]."

O cientista político Ricardo Oliveira aposta que a segurança vai aparecer na campanha em temas correlatos. "Deve aparecer temas como narcotráfico, contrabando e violência nas grandes áreas metropolitanas, mas tudo tende a ser distribuído entre o governo federal e os governos estaduais. No Paraná o tema deve ser debatido, pois o estado vive uma crise no setor."

A mobilidade urbana também deverá estar no centro dos debates. O tema foi o estopim dos protestos de junho. "Tarifa de ônibus e sistemas de transporte serão mais discutidas nas grandes cidades. Nas pequenas, isso não é um assunto tão intenso", afirma Murilo Hidalgo.

Denúncias de corrupção têm peso menor nas eleições

Temas eminentemente políticos costumam ter um peso menor na conquista dos votos. A corrupção é um deles. O ex-presidente Lula, por exemplo, conseguiu se reeleger em 2006 após o escândalo do mensalão vir à tona. De maneira geral, o eleitorado tem uma percepção de que sempre haverá corrupção na política. "Um tema que não desperta muita atenção é a corrupção", diz Ricardo Oliveira, cientista político e professor da UFPR. "O eleitor tende a ver todos os candidatos e partidos com certo envolvimento em algumas denúncias."

Já o cientista político Luiz Domingos Costa, da Uninter, aposta que um assunto gerencial pode ser uma pedra no sapato do governador Beto Richa. Ele avalia que o grande número de ocupantes de cargos comissionados no governo estadual – 6,4 mil – pode prejudicá-lo, pois uma de suas promessas em 2010 era reduzir a máquina estatal. Ele chegou a afirmar que não iria "aparelhar o estado" com a "companheirada", em clara referência ao PT.

Economia

Para especialistas, as questões econômicas devem pesar menos durante a campanha, já que a taxa de desemprego é baixa e o eleitor ainda não sente o peso da inflação no bolso. "Inflação e taxas de juros não é uma coisa que está no dia a dia das pessoas", afirma Murilo Hidalgo, do Instituto Paraná Pesquisas.

Luiz Domingos Costa avalia que o eleitorado não tem a mesma percepção dos analistas e da imprensa. "A cobertura da economia é meio enviesada, catastrófica. De maneira geral a economia não está mal, as pessoas não sentem. Tem o PIB e a inflação, mas as pessoas não perderam poder de compra. Não está as mil maravilhas, mas não está nessa situação tão ruim."

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