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| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

Agenda pública

Confira quais devem ser os principais temas da campanha eleitoral deste ano para governador e presidente da República:

Saúde

É a área mais criticada pela população. Segundo pesquisa de setembro encomendada pela CNI, 77% dos entrevistados desaprovam as ações dos governos no setor. Com isso, o tema deve estar no centro das atenções dos candidatos e de suas equipes. O governo federal tentou dar uma resposta com o programa Mais Médicos.

Habitação

O programa Minha Casa Minha Vida é outro trunfo da presidente Dilma Rousseff para as eleições deste ano, que pode ajudar a esvaziar o discurso da oposição em relação à habitação. Segundo a Caixa Econômica Federal, foram entregues 1 milhão de moradias entre 2009 e 2011. Entre 2012 e 2014, a meta era de 2 milhões de moradias (1,3 milhão foram entregues até agosto do ano passado, segundo o governo federal). Estudo do Ministério das Cidades divulgado no fim de 2011, no entanto, mostrava que a meta do governo era zerar o déficit habitacional somente em 2023. Prepare-se para ouvir discursos sobre a necessidade de "parcerias" entre os governos federal e estadual.

Economia

A discussão sobre macroeconomia costuma ser evitada numa campanha devido à complexidade do tema. Mas o nível de emprego e renda e a inflação pesam no bolso. E são facilmente compreensíveis pela população. Se os indicadores estiverem ruins, os governantes que tentam a reeleição têm mais dificuldades. Mas, por enquanto, a taxa de ocupação no país é alta e há crédito para o consumidor, embora o PIB esteja fraco.

Mobilidade urbana

A mobilidade urbana esteve no centro dos protestos pelo país em junho e deve ser um dos principais temas da campanha. Após os protestos, governo federal, governos estaduais e prefeitos tentaram dar uma resposta reduzindo o valor das passagens do transporte coletivo. Mas foi pouco: os valores ainda são considerados altos pela população, a qualidade é baixa e os governantes se veem amarrados a contratos que mantêm os altos custos e uma produtividade baixa.

Segurança

O país tem em média 50 mil homicídios e 50 mil estupros por ano, mas a temática da segurança pública tende a ficar limitada às disputas nos estados, já que a maior parte da responsabilidade fica com os governos estaduais. O tema deve aparecer na disputa pelo Palácio Iguaçu. As Unidades Paraná Seguro (UPSs) foram uma aposta do governo do estado. Mas, apesar da queda nos índices de homicídio, a sensação da população ainda é de insegurança.

Educação

O tema sempre é recorrente nas campanhas. No ano passado, o Congresso e o governo federal tentaram dar uma resposta às manifestações de junho destinando 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde. Mas o grosso dos investimentos só deve sair do papel em uma década, o que abre a possibilidade para candidatos que se comprometam com mudanças mais rápidas. É provável que haja mais promessas de escolas em tempo integral e mais vagas em creches.

Aborto e maconha

O aborto gerou um intenso debate na eleição de 2010: os candidatos questionavam a posição de Dilma Rousseff, a respeito do tema. Como a agenda avançou pouco durante o governo do PT, o tema não deverá ter o mesmo peso neste ano. A ausência da ex-senadora Marina Silva como candidata à Presidência também pode ajudar a esvaziar o debate sobre assuntos de fundo moral, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas um tema que pode ser debatido é a legalização da maconha, principalmente depois que o Uruguai liberou o uso da droga.

Obras

O governo federal exaltará os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já a oposição fará de tudo para mostrar obras paradas ou com suspeita de superfaturamento. A forma de tratar do tema, no entanto, dependerá das obras para a Copa e do sucesso do Mundial. Problemas estruturais e grandes atrasos em obras significativas fatalmente serão usados pela oposição. Se tudo correr bem na Copa, será mais um trunfo para a candidatura governista.

  • Oliveira: para o eleitor, a corrupção é generalizada

Saúde, segurança e transporte público. Esses três temas deverão marcar as eleições de outubro – quando os brasileiros vão às urnas para escolher presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Mas não fica só nisso: educação, habitação, economia, obras e temas relativos à moral – como aborto e liberação da maconha – também devem entrar na pauta eleitoral.

A Gazeta do Povo ouviu especialistas e elencou quais são as apostas de assuntos que irão dominar a campanha. Em primeiro lugar na opinião deles aparece a saúde, área responsável pelo maior descontentamento da população. Segundo pesquisa divulgada em setembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 77% dos brasileiros desaprovam as políticas e ações dos governos no setor.

"A eleição será pautada pela saúde pública. Na eleição passada foi a segurança, mas houve investimentos federais e estaduais; os governantes têm o que falar. Mas a saúde está um caos. As pessoas estão com medo de ficar doentes", diz o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

O cientista político e professor da UFPR Ricardo Oliveira lembra que a presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição, tem o progama Mais Médicos como grande trunfo na área. "A saúde é um tema que vem pesando bastante, desde as eleições municipais. É um tema forte. E governo federal vem agindo com o programa Mais Médicos", afirma.

Depois de ser muito criticado, o Mais Médicos caiu nas graças da população – em novembro do ano passado, 84,3% dos brasileiros diziam aprovar o programa, de acordo com levantamento encomendado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Segurança e mobilidade

Outro tema delicado é a segurança pública – o país voltou a ter mais de 50 mil homicídios no ano passado, além de mais de 50 mil casos de estupro. O assunto, no entanto, tende a ser pulverizado, já que a segurança é de responsabilidade dos estados. "Talvez o [governador] Beto Richa tente se concentrar um pouco na segurança, é uma área em que ele investiu mais", afirma o professor de Ciência Política da Uninter Luiz Domingos Costa, prevendo uma polarização entre o candidato do PSDB e a petista Gleisi Hoffmann, que deverá disputar o governo do Paraná. "A Gleisi vai apostar na mobilidade e talvez na saúde, que é o ponto fraco dele [Richa]."

O cientista político Ricardo Oliveira aposta que a segurança vai aparecer na campanha em temas correlatos. "Deve aparecer temas como narcotráfico, contrabando e violência nas grandes áreas metropolitanas, mas tudo tende a ser distribuído entre o governo federal e os governos estaduais. No Paraná o tema deve ser debatido, pois o estado vive uma crise no setor."

A mobilidade urbana também deverá estar no centro dos debates. O tema foi o estopim dos protestos de junho. "Tarifa de ônibus e sistemas de transporte serão mais discutidas nas grandes cidades. Nas pequenas, isso não é um assunto tão intenso", afirma Murilo Hidalgo.

Denúncias de corrupção têm peso menor nas eleições

Temas eminentemente políticos costumam ter um peso menor na conquista dos votos. A corrupção é um deles. O ex-presidente Lula, por exemplo, conseguiu se reeleger em 2006 após o escândalo do mensalão vir à tona. De maneira geral, o eleitorado tem uma percepção de que sempre haverá corrupção na política. "Um tema que não desperta muita atenção é a corrupção", diz Ricardo Oliveira, cientista político e professor da UFPR. "O eleitor tende a ver todos os candidatos e partidos com certo envolvimento em algumas denúncias."

Já o cientista político Luiz Domingos Costa, da Uninter, aposta que um assunto gerencial pode ser uma pedra no sapato do governador Beto Richa. Ele avalia que o grande número de ocupantes de cargos comissionados no governo estadual – 6,4 mil – pode prejudicá-lo, pois uma de suas promessas em 2010 era reduzir a máquina estatal. Ele chegou a afirmar que não iria "aparelhar o estado" com a "companheirada", em clara referência ao PT.

Economia

Para especialistas, as questões econômicas devem pesar menos durante a campanha, já que a taxa de desemprego é baixa e o eleitor ainda não sente o peso da inflação no bolso. "Inflação e taxas de juros não é uma coisa que está no dia a dia das pessoas", afirma Murilo Hidalgo, do Instituto Paraná Pesquisas.

Luiz Domingos Costa avalia que o eleitorado não tem a mesma percepção dos analistas e da imprensa. "A cobertura da economia é meio enviesada, catastrófica. De maneira geral a economia não está mal, as pessoas não sentem. Tem o PIB e a inflação, mas as pessoas não perderam poder de compra. Não está as mil maravilhas, mas não está nessa situação tão ruim."

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