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A pré-candidata à Presidência da República pelo PV, senadora Marina Silva, pediu nesta sexta-feira (16) aos movimentos que defendem os interesses dos sem-terra que atuem dentro do Estado de Direito para que possam lutar com legitimidade pela reforma agrária. Sobre o aumento dos conflitos agrários no País - que atingiu o maior índice dos últimos 25 anos - e a onda de ocupações organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no chamado "Abril Vermelho", Marina disse que a entidade deve respeitar o Estado de Direito ao realizar suas ações.

"Considero legítima a luta que os movimentos de sem-terra fazem pela reforma agrária, mas essa luta tem de ser feita dentro do Estado de Direito", afirmou Marina em Araçatuba, no interior de São Paulo.

Para a senadora, assim como não se deve "satanizar" o movimento, o MST também deve aturar dentro das regras da democracia. "Os movimentos, desde que ajam democraticamente, de acordo com as regras do Estado de Direito, são legítimos. Agora, o que não podemos é permitir numa democracia é que se fira o Estado de Direito. Temos de tratar o movimento como movimento e que o movimento siga aquilo que é o Estado de Direito", disse.

Segundo a senadora, os conflitos só vão terminar quando o País conseguir introduzir uma reforma no campo que agrade tanto os sem-terra quanto os fazendeiros. "O que tem de se fazer é o que não foi feito, que é a reforma agrária. Não vou aqui opor agronegócio com o movimento agrário, mas devo lembrar que as agressões ocorrem dos dois lados", disse. "O outro lado também comete extrapolações e há tendência de 'satanização' dos movimentos de sem-terra, como se fossem somente eles que em alguns momentos têm atitudes que não estão de acordo com as regras do jogo democrático", declarou a senadora, citando em seguida os nomes de líderes rurais assassinados a mando de donos de terras nos tempos em que morava no Acre.

A senadora disse saber das dificuldades do governo federal em lidar com a questão e elogiou o governo Lula que, segundo ela, aumentou os investimentos no campo de R$ 3 bilhões para R$ 10 bilhões. "Tivemos alguns avanços, mas o déficit sempre aumenta e os recursos parecem sempre ser poucos", diz.

Código Florestal

As declarações de Marina ocorreram após ela criticar os rumos da discussão sobre o novo Código Florestal brasileiro. Para a senadora, as discussões estão levando a um retrocesso ao flexibilizar as regras de preservação ambiental das propriedades agrícolas. "Ao invés de proteger o meio ambiente, estão tentando tornar a legislação federal permissiva, o que é preocupante", disse.

De acordo com a Marina, a tentativa de se transferir aos Estados a responsabilidade de estabelecer critérios de controle sobre a obrigatoriedade de manutenção das áreas permanentes pode levar o novo Código a permitir o aumento da degradação ambiental.

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