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| Foto: Jefferson Rudy/Folhapress

Estratégia

Legenda se estruturou na maioria das cidades do país

Foi a larga experiência do ex-deputado Saulo Queiroz na montagem de siglas que levou o PSD a traçar como estratégia sua estruturação no máximo de municípios brasileiros. Mas os números alcançados pelo PSD semana passada confirmam que a estratégia deu certo. Hoje em cerca de 80% dos municípios do país, o partido comemora a filiação de mais de 600 prefeitos e seis mil vereadores.

"Minha convicção é a de que um partido forte é aquele com prefeitos e veradores. Dá respaldo ao partido para eleger bancadas federais e mesmo nas Assembleias Legislativas."

Ele fala com conhecimento de causa. E lembra a tragédia eleitoral dos tucanos em 90, justamente por não terem se estruturado nos municípios. Naquele ano, o PSDB viu as principais estrelas Mário Covas, Pimenta da Veiga e José Richa serem derrotados nas disputas pelos governos de São Paulo, Minas e Paraná. Pior seria a derrota do ex-governador paulista Franco Montoro, que perdeu o mandato de senador para o então desconhecido petista Eduardo Suplicy.

Para Saulo, ainda não dá para dizer o rumo do PSD em 2014. Até lá, o compromisso é se manter independente – embora parte se declare alinhada ao governo Dilma. Tudo dependerá, diz ele, do candidato do PT para a disputa presidencial.

DEM quer lançar candidato próprio à Presidência

Lutando pela sobrevivência, o DEM ensaia abandonar a aliança tradicional com o PSDB e lançar um candidato próprio nas eleições presidenciais de 2014. O partido foi o maior perdedor com o surgimento do PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e não vê nos dois principais presidenciáveis do parceiro, o senador Aécio Neves e o ex-governador paulista José Serra, a expectativa de um projeto conjunto de poder.

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Por trás da bem-sucedida operação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de criar o PSD – que nasceu já como a quarta força partidária na Câmara e ainda pode ultrapassar o PSDB até o dia 27 –, está um conhecido estrategista político: o ex-deputado Saulo Queiroz. Antes mesmo da criação do partido, Saulo já havia sido designado seu secretário-geral.

Essa escolha não foi à toa. Na verdade, é a terceira vez em que o ex-deputado participa da criação de um partido. E é com base nessa experiência que ele descarta a possibilidade de o PSD abrir espaço para uma eventual nova candidatura do ex-governador tucano José Serra à sucessão presidencial de 2014.

"Serra é quadro político importante, mas acabou de sair de uma disputa como candidato da oposição. Sua vinda ao PSD criaria enorme constrangimento para uma parcela do partido ligada ao governo Dilma e trincaria nossa imagem de independência. O Kassab sabe disso e, por mais que goste do Serra, não pode colocar o partido numa situação de constrangimento como esta. Seria uma tragédia para nós", dispara Saulo, sem pestanejar.

Aos 71 anos, Saulo não faz planos de disputar novos mandatos. O título eleitoral foi transferido do Mato Grosso do Sul para o Maranhão, município de Balsas, onde atua como agricultor, plantando soja e fazendo reflorestamento. Mas continua morando em Brasília, onde o principal passatempo é conversar e escrever sobre política. Nas horas vagas, gosta de fazer caminhadas, musculação e sauna.

O primeiro partido que Saulo ajudou a criar foi o antigo PFL, hoje DEM. Isso, logo após as Diretas Já, da qual Saulo foi um dos articuladores, embora estivesse em seu primeiro mandato de deputado federal e tivesse sido eleito justamente pela legenda ligada ao regime militar.

Três anos depois, em 88, Saulo deixaria o PFL para ajudar na criação de mais uma sigla, o PSDB. Mas abandonou o ninho tucano após se eleger para novo mandato de deputado federal, em meio a uma briga interna entre o então presidente do partido, Pimenta da Veiga, e dois graduados tucanos, Sérgio Motta e José Serra.

A despeito de sua saída do PSDB, Saulo foi um dos primeiros políticos, ao lado dos ex-deputados Euclides Scalco e Jaime Santana, ao qual Fernando Henrique comunicou, em janeiro de 94, sua pretensão de disputar a Presidência. Em 24 horas, Saulo articulou a aliança que garantiria, naquele mesmo ano, a vitória de FHC ao Planalto em dobradinha com o PFL, legenda para onde o deputado então voltou.

Ano passado, Saulo admite ter vivido um dos momentos mais angustiantes de sua trajetória, quando um de seus famosos "papers" – análises políticas que faz para um público restrito – foi publicado em uma coluna política do jornal O Globo. Sob o título "Só não enxerga quem não quer ver", Saulo alertava a oposição de que o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves, seria mais competitivo do que Serra em 2010.

"Gerou um grande constrangimento para mim na campanha, alguns me viam como traidor, mas tudo que escrevi aconteceu. E hoje reafirmo que, se o candidato tivesse sido Aécio, o resultado da eleição teria sido outro."

Essa não foi a primeira ousadia do ex-deputado. Antes, em 2002, foi Saulo quem deu a ideia ao antigo PFL de lançar a pré-candidatura à Presidência da então governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que acabou sendo derrubada pelo famoso episódio Lunus – aquele do dinheiro apreendido na empresa do marido de Roseana.

Ele próprio conta outra: no auge da popularidade do governo Lula, sugeriu que a oposição tentasse se unir ao PMDB. Mas, para sua estratégia dar certo, ele defendia que Aécio fosse para o PMDB para ser vice de Serra.

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