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Os organizadores não têm dinheiro para pagar as taxas cobradas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para monitorar o trânsito, mas a Parada Gay não será cancelada. Cerca de 2 milhões de pessoas devem participar da festa que colore a cidade e rende à economia paulistana R$ 200 milhões, segundo informações da SPTuris. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) insiste em cobrar R$ 79 mil para organizar o trânsito na região da Paulista, outros R$ 4 mil no Largo do Arouche, onde é feita a feira cultural gay.

- Não se pode ser leviano e cancelar um evento deste porte. A cidade já está cheia de turistas - diz Nelson Matias Pereira, presidente da Parada.

A comunidade gay pediu ajuda à SPTuris, a vereadores e deputados para que convençam o presidente da CET, Roberto Scaringela, a isentar o evento. Scaringela argumentou que há exposição de marca e venda de produtos durante a Parada e que, por lei, não pode isentar. Pereira diz que só tem marca de casas noturnas nos trios elétricos, que apóiam a Parada.

Pereira diz que a CET informou que vai à Justiça cobrar o pagamento da taxa. Pereira disse que não há outro jeito: a Parada Gay vai realizar e, depois, a comunidade vai à Justiça para explicar que é evento da sociedade civil organizada, não comercial, como diz a CET.

- O evento se paga pelo retorno que ele dá à cidade. O tom é lúdico, não cobramos ingressos. É diferente de cobrar para organizar trânsito em shows internacionais e de clubes de futebol, por exemplo, que têm arrecadação - diz ele.

Pereira afirma que os organizadores da Parada Gay pagariam o valor cobrado pela CET se tivessem dinheiro, mas estão sem um tostão no bolso. Segundo ele, o total beira R$ 90 mil, pois além da taxa há adicionais cobrados pela CET em cima do preço do serviço.

Se pagassem, no entanto, eles iriam querer saber o preço de cada um dos itens que justificam a cobrança, já que a notificação apresentada pela CET como gastos não detalha onde e como o dinheiro é usado.

A polêmica com o público gay divide a Prefeitura de São Paulo. Afinal, a SPTuris apóia o evento, fornecendo barracas, banheiros químicos, gradeamento e cordões de isolamento.

Este ano, o verde e o amarelo devem ganhar destaque no arco-íris. Por causa do jogo, o desfile foi antecipado do domingo para o sábado. É a primeira vez que isso acontece desde 1997. Alguns organizadores acreditam que a mudança poderá reduzir o número de participantes, já que muitos trabalham no sábado. Mesmo assim, foi mantida a previsão de 2 milhões de pessoas esperadas. No ano passado, segundo a organização, cerca de 2,5 milhões de pessoas participaram da festa.

Além da CET, a Prefeitura também impôs regras rígidas para o evento, que é o maior do mundo. A Avenida Paulista deve ser desocupada até às 20h, o que significa que os trios elétricos que tradicionalmente desfilam vagarosamente terão que acelerar o ritmo. Os organizadores deverão ainda se responsabilizar pela limpeza da área e zelar pelos acessos às estações de metrô. Eles deverão ser isolados com tapumes para evitar depredação. A Prefeitura promete multar em R$ 30 mil a organização caso essas exigências não sejam cumpridas.

A concentração começa ao meio-dia na Paulista. Depois, às 14h, os participantes começam a descer pela Rua da Consolação até a Praça Roosevelt, onde será a dispersão. A Consolação será interditada nos dois sentidos, já que a parada ocupará as duas pistas. Este ano será a última vez que o evento acontece na Paulista. Uma negociação entre a Prefeitura e Ministério Público levou os organizadores a assinarem o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) concordando com a transferência. Para a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o maior problema nas manifestações na Paulista são os congestionamentos nas ruas ao redor e o desvio do trânsito. A CET vai interditar a avenida neste sábado.

Este ano, o tema da parada é 'Homofobia é Crime'. Há vários eventos previstos sobre o tema na programação oficial. Os organizadores querem discutir a violência contra os gays, já que no Brasil o número de homossexuais assassinados ainda é alto. Há um projeto tramitando na Câmara dos deputados de autoria da deputada federal Iara Bernardi (PT/SP) que criminaliza a homofobia. Ele está na pauta desde abril, mas ainda não há data para que seja votado. Os organizadores pretendem denunciar as violações aos Direitos Humanos para a cidadania plena da comunidade GLBT, e incentivar uma série de ações pela aprovação de legislação contra a homofobia no cenário nacional e por Políticas Públicas que visem o controle e a erradicação da homofobia no Brasil. A homofobia é o preconceito motivado por orientação sexual-que atinge gays, lésbicas e bissexuais-, ou por identidade de gênero-que atinge travestis e transexuais.

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