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É hora de discutir a relação entre o governo do Paraná e a bancada paranaense no Congresso Nacional, em Brasília. Para os deputados federais, o início de um novo mandato pode marcar a reaproximação ao governador Roberto Requião (PMDB). A definição de projetos conjuntos é apontada por membros de oposição e situação como melhor caminho para ampliar a participação do estado no orçamento da União.

"A parceria pode e deve ser melhorada, intensificada", diz o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB). O aliado de Requião admite que esse foi um problema durante a gestão passada. "Percebemos que o governador tem força para unir a bancada em torno dos projetos para o Paraná. Só que ele precisa alimentar os deputados sobre essas necessidades."

Neste ano, o estado teve a segunda menor participação por habitante no orçamento federal. Serão R$ 56,24 por paranaense, valor inferior apenas aos R$ 25,96 por paulista.

No total da previsão de distribuição de verbas da União para 2007, o Paraná deve receber R$ 584,2 milhões. Dessa quantia, R$ 347 milhões foram acumulados graças a emendas de parlamentares. Não existe, porém, garantia de que o recurso será aplicado.

Outro deputado peemedebista, Max Rosenmann, explica que a postura adotada pelo governador dá liberdade à bancada. "Ele nunca cobrou um posicionamento, nem tentou coagir o voto para este ou aquele lado. O governador nos deixou livres, mas até demais. Eu, como faço parte de um grupo, prefiro que o chefe nos dê uma orientação", diz o parlamentar.

Rosenmann denuncia que a maioria dos colegas está em Brasília para defender interesses das suas regiões ou cidades e não do Paraná como um todo. "A nossa bancada é auto-suficiente, cada um está mais preocupado em cuidar da sua vida." Rosenmann recorre ao futebol para justificar a situação. "Tem deputado que vai para a Câmara cuidar do Clube Esportivo de Maringá ao invés de defender o Clube Esportivo do Paraná. Por isso estamos na segunda divisão do orçamento federal", condena.

O oposicionista Ricardo Barros (PP), que é de Maringá, confirma que existe atualmente apenas a articulação setorizada dos deputados paranaenses. Ele cita o trabalho de deputados como Gustavo Fruet (PSDB) e Eduardo Sciarra, que trazem recursos específicos para Curitiba. Isso ocorre, segundo ele, porque não há uma liderança externa que unifique essas forças.

"Atualmente o governador não tem qualquer articulação conosco", lamenta Barros. O deputado cita que Requião poderia usar a sintonia com a bancada como um intrumento de barganha com o presidente Lula. "Ele até tem como chegar diretamente com reivindicações à presidência sem precisar da gente. Mas se mostrasse a parceria com a bancada, com certeza teria mais força."

Entre os exemplos desse tipo de relacionamento, para o maringaense, está o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). Já Serraglio aponta casos como o goiano, em que a união da bancada estadual fez com que projetos do governo fossem derrubados porque o governador não cumpriu acordos de prioridades estipulados entre os dois lados. "O que está combinado deve ser cumprido, para os dois lados."

Uma boa oportunidade para aprimorar o relacionamento entre os deputados e Requião pode ser o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). O pacote de medidas econômicas deve ser anunciado até o fim do mês por Lula e injetar cerca de R$ 114 bilhões em obras de infra-estrutura e logística.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, já garantiu que o Paraná será beneficiado pelo PAC. Durante visita ao estado, na terça-feira passada, ela anunciou investimentos de R$ 1 bilhão para a dragagem de portos em todo Brasil. Esse recurso também deve chegar ao Porto de Paranaguá, cuja administração recebeu elogios.

A passagem de Dilma pelo Paraná mostra o bom relacionamento de Requião com Lula. O deputado Alex Canziani (PTB), relator do orçamento nas áreas do Turismo, Fazenda e Desenvolvimento, diz que o governador deve usar o caminho direto ao Palácio do Planalto, somado a uma aliança com os parlamentares. Essa seria a melhor estratégia para garantir o máximo de participação no PAC.

"Não podemos perder essa oportunidade. Além disso, é necessário envolver o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo", destaca Canziani. Entre outras obras que podem estar inseridas programa, segundo ele, estão a pavimentação da Estrada da Boiadeira, a terceira pista do Aeroporto Afonso Pena e a construção do Cais-Oeste do Porto de Paranaguá.

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