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 | Antônio More/ Gazeta do Povo
| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Um dos principais focos de tensão da Câmara dos Deputados em 2013, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias voltou neste ano ao comando do PT. O partido deve decidir amanhã quem será o substituto de Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência do grupo e um dos principais candidatos para a vaga é o paranaense Assis do Couto (PT).

Representante do Sudoeste do estado, Couto fez carreira como defensor da agricultura familiar, mas diz estar preparado para a função. O petista descreve a gestão de Feliciano, envolvido em polêmicas de homofobia e racismo, como "desastrosa".

"Acho que a comissão foi instrumentalizada em função de uma ação preconceituosa, inclusive em relação às minorias que ela deveria defender. Creio que nós precisamos contornar isso imediatamente, colocar a comissão no seu devido papel, que é o que a sociedade espera dela", diz o paranaense, que tem 52 anos e está no terceiro mandato na Câmara.

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Como está sendo o processo de escolha do novo presidente da comissão no PT?

A princípio, a vaga ficaria com a tendência do partido da qual eu faço parte, a Movimento PT. Dentro da tendência, há um consenso em torno do meu nome. Mas outros deputados de outros grupos também demonstraram interesse, como a Erica Kokay [do Distrito Federal] e o Nilmário Miranda [de Minas Gerais], que inclusive foi um dos fundadores da comissão.

O sr. construiu a carreira defendendo temas ligados à agricultura familiar. O sr. acha que tem perfil para a comissão?

Pela minha trajetória dentro dos movimentos sociais, na defesa dos agricultores familiares, da pessoa com deficiência, sim. É uma comissão abrangente, que discute muitos temas. Mas eu tenho experiência suficiente para lidar com essa situação. Tenho preparo e nenhum receio de que seja algo distante da minha vida cotidiana. Mesmo na Comissão de Agricultura, da qual sou membro há vários anos, meus temas sempre foram ligados à área social, como a defesa da segurança alimentar e nutricional.

Suceder Marco Feliciano vai tornar o trabalho mais difícil?

Creio que não. Nós precisamos fazer com que a comissão respeite a diversidade, mas cumpra o seu papel de defesa das minorias. Afinal, esse foi um espaço criado para a defesa dos mais marginalizados e contra o preconceito. Nós vamos ouvir todo mundo, mas queremos que a comissão cumpra a sua função social.

Como o sr. avalia a gestão do deputado Feliciano na comissão?

Foi desastrosa. Acho que a comissão foi instrumentalizada em função de uma ação preconceituosa, inclusive em relação às minorias que ela deveria defender. Creio que nós precisamos contornar isso imediatamente, colocar a comissão no seu devido papel, que é o que a sociedade espera dela.

O PT errou quando deixou de escolher o comando da comissão no ano passado, abrindo brecha para que ela fosse presidida pelo PSC?

Não foi só o PT. Não somos somente nós que temos como bandeira a defesa dos direitos humanos. Aliás, todos deveriam ter essa bandeira, não é? Outros partidos também deixaram de escolher essa comissão, preferindo outras.

Por outro lado, a comissão ganhou mais destaque com tudo o que aconteceu, não?

Não sei se destaque. Mas muitas tarefas e desafios. O mundo vai estar com os olhos voltados para o Brasil. Então vamos precisar de muita capacidade de evitar constrangimentos. Estamos assistindo hoje mesmo movimentos disfarçados de movimentos sociais que estão nas ruas e que vitimaram o cinegrafista da Bandeirantes [Santiago Andrade]. Nós somos defensores da livre-manifestação, mas não podemos fechar os olhos para as ações dos black blocs, por exemplo.

A gestão do deputado Feliciano ficou marcada por um embate muito duro com os gays. Como o sr. acompanhou isso?

Eu acho que foi um presidente que carregou o preconceito para dentro da comissão. Foi uma fase triste da história do Parlamento brasileiro. Uma comissão justamente criada para combater o racismo, a homofobia, acabou sendo comandada por alguém que defendia essas teses. Não sou eu que estou dizendo, isso ficou notório, público.

No ano passado ficou definido que o sr. assumiria a coordenação da bancada paranaense no Congresso em 2014. Como fica se o sr. assumir a presidência da comissão?

Caso seja definido que eu vou presidir a comissão, eu vou precisar refletir sobre a coordenação. Vou reunir a bancada para discutir uma decisão. Não quero atrapalhar a bancada e o estado se não conseguir cumprir as duas funções.

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