Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
mudanças

Partidos adversários no impeachment concordam em buscar reforma política

Coro para mudar as regras atuais cresceu nos últimos dias com ministro do STF argumentando que modelo político eleitoral brasileiro está esgotado

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, ao tomar posse na quinta-feira (12) na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), definiu modelo eleitoral brasileiro como esgotado | Antônio More/Gazeta do Povo
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, ao tomar posse na quinta-feira (12) na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), definiu modelo eleitoral brasileiro como esgotado (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

A batalha pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff conseguiu unir todos os partidos em busca de um objetivo em comum: a reforma política. Entretanto, o cenário atual não permite uma discussão aprofundada no curto prazo. O presidente interino Michel Temer já se comprometeu a focar, nos próximos 60 dias, medidas para a retomada econômica. O calendário também está apertado: há Olimpíada e eleições municipais. E o Legislativo, que é quem deve comandar a reforma, ficará em um impasse enquanto o afastamento temporário de Eduardo Cunha da presidência da Câmara não for resolvido.

O coro pela reforma política cresceu ainda mais nos últimos dias. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, ao tomar posse na quinta-feira (12) na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que o modelo político eleitoral brasileiro está esgotado, com muitos partidos e coligações ilegítimas, e defendeu mudanças. “Esses conchavos, antes de assegurar apoio a qualquer dos atores políticos, corroem a legitimidade e a representatividade popular”, declarou.

O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, procurador da República Deltan Dallagnol, disse nesta sexta-feira (13) à Agência Estado que mudanças no governo não vão melhorar o país a não ser que haja reforma política e mudanças no sistema judiciário brasileiro. Também nesta sexta, o Colégio de Presidentes de Seccionais da OAB divulgou a Carta de Brasília, em que defende, entre outras coisas, a reforma política.

“A própria sociedade vai pressionar, e quando isso acontece, o quadro se modifica”

Antonio Augusto de Queiroz analista político

O paranaense Rodrigo Rocha Loures, assessor direto de Temer, diz que o governo interino reconhece a necessidade da reforma, mas que vai deixar o assunto nas mãos do Congresso. “Se houver condições do tema ser analisado em conjunto com as medidas de reaquecimento da economia, ótimo. Mas a situação está muito instável após o afastamento de Cunha”, diz ele, em referência ao presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), que não tem sustentação para se manter no cargo.

A pressão popular, porém, pode apressar a reforma política, avalia o analista político e diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz. “A própria sociedade vai pressionar, e quando isso acontece, o quadro se modifica”, avalia.

Parlamentarismo

Ainda que unidos pela reforma política, os vários partidos racham em relação a mudanças no sistema de governo. O PSDB, defensor do parlamentarismo, solicitou a Michel Temer que comece a preparar o terreno para mudanças a partir de 2018. Na quarta-feira (11), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também sinalizou preferência por esse sistema.

O PT e os partidos de esquerda defendem uma reforma que proíba o financiamento privado e modifique o modelo de votação para o Legislativo. Uma alternativa, que ainda não virou bandeira de nenhum partido, mas que é defendida pelo cientista político Octavio Amorim Neto e algumas associações como solução para o Brasil, seria o semipresidencialismo, em que o primeiro-ministro e o presidente eleito pelo povo dividiriam poder.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.