
Os partidos políticos estão apostando em celebridades para atrair votos nas eleições municipais de 2008 em Curitiba. Artistas, cantores e atletas estão sendo convidados a reforçar as chapas de candidatos a vereador para tentar ganhar o eleitor não pela experiência política, mas pela popularidade.
A idéia é inspirada na façanha de famosos que estrearam na vida pública no ano passado com votações expressivas, como o estilista Clodovil Hernandes e o cantor Frank Aguiar, ambos eleitos deputados federais.
Em Curitiba, as recentes aquisições dos partidos para disputar uma das 38 vagas da Câmara Municipal incluem o ex-jogador de futebol Paulo Rink, a ex-Big Brother Marcela Prado e o cantor sertanejo William, que faz dupla com Renan. Nenhum deles assume a condição de candidato, mas os três se filiaram dentro do prazo exigido pela Justiça Eleitoral para ter condições legais de concorrer nas eleições municipais. E sinalizam que as portas estão abertas para um entendimento futuro.
A londrinense Marcela Prado, de 29 anos, a "Mama", ficou conhecida depois de participar da quarta edição do programa Big Brother Brasil, em 2004. Passado o auge da fama, mudou para Curitiba há dois anos e meio, montou um salão de beleza, transferiu seu título eleitoral e, no mês passado, entrou no PP.
Mas Marcela ainda tem dúvida se sairá candidata. "A política é uma área que me encanta. Mas precisaria largar o próprio negócio para me dedicar integralmente. Vou pensar nisso lá na frente."
Com a experiência de um confinamento na casa do BBB, vigiada com câmeras 24 horas por dia, Marcela reconhece que a exposição na mídia oferece vantagem em relação aos outros concorrentes numa campanha eleitoral. "Na hora em que aparece o rostinho, acaba ajudando."
O PMDB, que vem com uma chapa composta basicamente por pré-candidatos que carregam sobrenomes políticos tradicionais, também tem surpresa "na manga". A aposta é o cantor sertanejo Willian, que apresenta um programa na TV Educativa. O cantor explica que, antes de tomar qualquer decisão, terá de rediscutir seu contrato artístico, que não permite envolvimento político.
Para Willian, também é difícil prever a reação dos fãs, que acompanham a carreira dele há 21 anos. "As pessoas gostam de mim como cantor e apresentador. Mas será que vão gostar de me ver na política?", questiona. Ainda assim, o cantor sinaliza que, se for da vontade do governador Roberto Requião e das lideranças do PMDB, pode aceitar o convite. "Parceiro é pra essas coisas."
Os atletas também estão escalados para enfrentar as urnas. O PPS filiou um ídolo da torcida atleticana, o ex-atacante Paulo Rink. Há 5 meses, o jogador se despediu do futebol, depois de uma sólida carreira no Atlético Paranaense e no exterior.
Já o PSDB pretende lançar a cantora gospel Mara Lima para vereadora. O PDT terá vários cantores, entre eles o compositor Natinho, que está com o discurso de campanha pronto. "Quem sabe através da política seja possível viabilizar um trabalho maior em prol da própria classe."
O sociólogo Ricardo Costa de Oliveira, da UFPR, diz que sempre houve participação de famosos nas eleições. Mas a tendência é de que eles não permaneçam muito tempo na política depois de eleitos. "O eleitorado cansa da novidade. Eles passam a ter votações menores nas eleições seguintes e acabam desisistindo", diz o especialista. "Isso costuma ocorrer porque eles não tem afinidade ou interesse pelo meio político."
O Paraná, segundo Oliveira, tem vários exemplos de figuras populares que estão fora da política, como o apresentador Ratinho, que foi deputado federal, e os ex-deputados estaduais radialistas Luiz Carlos Alborguetti, Renato Gaúcho e Ricardo Chab.



