O vereador André Passos (PT) enviou ontem para o e-mail do secretário particular do presidente Lula, Gilberto Carvalho, uma mensagem com notas taquigráficas da Câmara Municipal de Curitiba relatando críticas e ofensas que o ex-vereador Reinhold Stephanes Júnior (PMDB) fez ao PT e ao presidente na tribuna da Câmara. Segundo Passos, a remessa feita no dia em que o presidente analisou nomes para o Ministério da Agricultura - não teve a intenção de prejudicar a indicação do pai do ex-vereador, Reinhold Stephanes, para a vaga. Segundo ele, a intenção é fazer com que o Palácio do Planalto tenha conhecimento das críticas.
Stephanes Júnior, hoje deputado estadual, sempre foi um ferrenho crítico ao governo Lula e ao PT e tinha o costume de levar para o plenário recorte de jornais sobre denúncias contra o governo federal para comentar com os colegas. Entre os episódios que motivaram críticas estão a compra do dossiê contra o PSDB, na época da campanha presidencial: "O presidente pede a Deus para esclarecer esse assunto, em um ano ou dez anos. Mas, não precisa pedir a Deus, se ele pedir ao seu churrasqueiro, ao marido da secretária particular, ao diretor do banco, ao coordenador de campanha geral do Mercadante, eles dizem", teria dito o ex-vereador, segundo o texto de registro das notas taquigráficas.
André Passos diz que entende que as opiniões do filho não refletem as do pai, mas faz uma provocação. "O que mudou: os princípios morais do presidente Lula ou da família Stephanes?", diz.
Stephanes Júnior responde que Passos deve estar com "dor de cotovelo" pela indicação do deputado federal para o ministério. "Nunca pedi nada para o PT. Meu pai foi indicado pela sua história e pelo conhecimento que ele tem", disse. "Pelo amor ao meu pai, daqui para frente eu fico quieto", garante.
O presidente do PT estadual e deputado federal André Vargas afirma que a atitude de Passos foi individual e que a bancada ficou unida em torno da indicação de Stephanes. "Aqui no Congresso, quando alguém do Nordeste é indicado, todos os inimigos se unem. Temos que agir da mesma forma", disse Vargas.
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