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A tarifa do ônibus baixou, os radares foram sinalizados e as obras do Eixo Metropolitano começam no mês que vem. Por outro lado, as filas nos postos de saúde não acabaram e ainda há muita criança sem vaga nas creches municipais. Assim acaba a primeira metade da gestão de Beto Richa (PSDB) na prefeitura de Curitiba.

Apesar de ter cumprido as promessas de campanha, o tucano aponta a abertura do diálogo como a principal "revolução" nos seus dois primeiros anos de administração municipal. "Conseguimos imprimir um novo estilo de gestão, mais democrática e estimulando a participação popular", aponta. Fruto disso, segundo ele, é a participação da iniciativa privada na administração, em obras caras como a restauração do Paço Municipal.

Sobre o futuro político, Beto mantém a ambigüidade. Posiciona-se contra a reeleição, mas pode ser candidato em 2008. E quanto ao relacionamento com o governador Roberto Requião (PMDB), abalado pelo apoio a Osmar Dias (PDT), o prefeito manda um recado: está disposto a conversar, mas espera por uma iniciativa do peeemedebista. "Quem demonstrou insatisfação depois da eleição foi ele."

O que mudou em Curitiba desde 2005?

Muita coisa. Conseguimos imprimir um novo estilo de gestão, mais democrática e estimulando a participação popular. Estivemos sempre abertos ao diálogo e isso facilitou a implantação de todas as propostas que tínhamos para a cidade. E conseguimos muitas parcerias, com entidades, instituições, iniciativa privada, seguindo esse estilo de administrar, de portas abertas, conversando e trocando idéias.

Antes não havia diálogo?

Como agora, não. Tanto é que a Associação Comercial e outras empresas estão participando conosco, por exemplo, na restauração do Teatro Paiol. Há uma empresa ajudando a revitalizar o Jardim Botânico. E existe a grande parceria com a Federação do Comércio, que vai ajudar na recuperação e restauração do Paço Municipal, um ícone da nossa cidade. Isso vai custar cerca de R$ 7 milhões.

As obras do Eixo Metropolitano foram licitadas novamente, mas atrasaram dois anos. A população saiu ganhando nessa questão?

Saiu. Foi uma batalha na qual derrubamos mais de uma dezena de liminares. Num entendimento com técnicos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) no Brasil, entendemos a necessidade de cancelar a licitação anterior. O BID não aceitava o resultado, mas a firma havia ganhado na Justiça. O banco se negava a ajudar e fazer a obra com recursos próprios era impossível. a um impasse. Cancelamos aquela licitação, fizemos uma nova, num novo formato, mais aberto e menos restritivo. Vencemos outras liminares ainda e conseguimos realizar a concorrência. Vamos dar a ordem de serviço agora no início de janeiro.

Até quando é possível manter o preço da passagem de ônibus congelada em R$ 1,80?

Prever um tempo eu não posso. Depende de fatores externos, que independem da minha vontade. Embora toda a especulação ao longo desses dois anos, estou conseguindo manter a passagem nesses valores. Assumi com a passagem mais cara do Brasil e hoje ela é a sexta do estado do Paraná, e está bem abaixo no ranking nacional. E continuo nesta luta. O que eu podia fazer dentro das possibilidades do município, eu fiz. Cortamos gastos supérfluos, reduzimos a remuneração dos empresários, enxugamos o quadro da Urbs. Agora, para baixar mais a passagem, só contando com a ajuda do governo federal.

Por que a licitação das linhas de ônibus não avança?

Porque é uma questão complexa. Não podemos fazer uma coisa que nunca houve em Curitiba num passe de mágica. Temos de ver as questões legais, como vamos licitar cada linha, como vai ser a nova planilha de custos. E parou um pouco também por causa da Lei Municipal de Transporte, que rege o sistema e não foi aprovada na Câmara. Temos de pegar exemplos de outras capitais, os erros que foram cometidos, para não cometê-los de volta. Precisamos de uma licitação mais correta possível, porque pretendemos que ela seja definitiva.

A prefeitura estuda a implantação do metrô desde 1991. Neste ano, o tema foi retomado. Há viabilidade?

No momento acho que é desaconselhável. As medidas que estamos tomando, a proposta de implantação de um anel viário, tudo isso certamente vai melhorar o trânsito de Curitiba. Agora é difícil fazer frente ao crescimento da frota, que foi brutal. Até o ano que vem, vamos chegar a 1 milhão de veículos. Quanto ao metrô, temos que nos antecipar e ver que vai ser necessária a sua implantação. É um sistema de transporte de massas muito mais caro do que o ônibus. Enquanto der para melhorar o ônibus, isso é o correto.

A oposição fala em até 40 mil crianças sem creche na cidade. É um problema real. O que está sendo feito para melhorar essa situação?

Estamos abrindo quase 13 mil vagas entre ensino fundamental e educação infantil. Construímos várias creches, reformamos e ampliamos outras tantas. Inauguramos mês passado uma creche que vai funcionar até as 23 horas, no Parolin. Há também postos de saúde em que a demora para o atendimento chega a seis horas. Quais as medidas para acabar com isso?

Minha proposta de campanha dizia o compromisso de construção, ampliação ou reforma de 25 unidades de saúde. Nós já chegamos a 24. Mais 14 espaços de saúde foram construídos. A estrutura física da saúde aumentou muito. Alguns lugares têm filas grandes porque muitas pessoas da região metropolitana vêm se consultar em Curitiba. Uma ou outra unidade é sobrecarregada mesmo, mas construímos onde a demanda é maior. Outra coisa importante, antes eram 750 mil atendimentos por mês, hoje, com o que foi construído, esse número subiu para 850 mil.

No que as parcerias público-privadas podem ajudar a administração municipal?

Podemos nos valer da parceria com a iniciativa privada para a melhoria da infra-estrutura urbana. Podemos fazer uma PPP, por exemplo, para a construção do metrô, ou até para financiar o seu projeto. Curitiba foi a primeira cidade do Brasil a ter uma lei para isso.

Passados dois meses da eleição, o senhor teve algum contato com o governador Roberto Requião (PMDB)?

Nenhum, mas estou disposto a tê-lo a qualquer momento. Esse é o meu estilo de fazer política. Estamos iniciando uma visão moderna de se administrar, na qual se coloca de lado questões políticas e preserva-se o interesse público. Isso eu fiz quando ganhei a eleição. Mesmo não recebendo o apoio do governador, entrei em contato com ele para definirmos ações conjuntas. Agora eu espero que ele tenha a mesma grandeza.

Então a iniciativa deve partir dele?

Eu estou disposto ao diálogo em qualquer momento. Espero que ele esteja também. Quem demonstrou insatisfação depois da eleição foi ele. Eu continuo com o mesmo propósito, de dialogar e trabalhar. É isso que a população espera da gente, não que fique fazendo política o tempo todo e perseguindo adversários. Passou a eleição, tem de descer do palanque e esquecer rusgas.

O PSDB encabeça a luta contra a reeleição em Brasília. Ainda assim, o senhor pretende ser candidato em 2008?

Eu, em tese, sou contra a reeleição. Na maioria dos casos, demonstrou-se que não é uma boa coisa. Há aqueles que não têm preocupação com a coisa pública. Há quem se vale da máquina para se reeleger e essa é a preocupação. Na maioria dos casos é o que tem acontecido.

Caso reeleito, o senhor se compromete a cumprir todo o mandato ou sonha em se candidatar a governador já em 2010?

Não sei nem se sou candidato à reeleição. É muito cedo, prematuro, para começar a falar em projeto para 2010, em reeleição. Eu não tenho apego doentio por cargo, estou aqui para servir. Lá na frente, no momento oportuno, na véspera do registro de candidatura, se eu permanecer com uma boa aprovação, avaliarei a possibilidade de me candidatar.

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