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Uma disputa interna entre dois pastores da Igreja do Evangelho Quadrangular pode dificultar a eleição de um representante da denominação evangélica para a Assembléia Legislativa. O deputado estadual Ailton Araújo (PPS) quer disputar a reeleição, mas o candidato indicado pela igreja é o ex-deputado estadual Fernando Guimarães (PMDB). Se ambos concorrerem, há o risco de ficarem de fora porque os votos serão divididos.

Araújo não concordou com os critérios adotados pela igreja na convenção que escolheu Guimarães e disse estar analisando se disputa ou não a eleição, mesmo com o apoio oficial dos membros da organização a outro candidato.

Segundo Aílton Araújo, Fernando Guimarães não foi ético na campanha ao "espalhar boatos" negativos sobre sua atuação parlamentar. "Ele disse que eu não recebia pastores no meu gabinete, não visitava as bases nem dava dinheiro para os que pediam ajuda financeira", afirmou. "Nada disso corresponde a verdade porque se eu agisse dessa forma não teria sido eleito vereador quatro vezes e deputado", argumentou Araújo.

O parlamentar também questiona o resultado das prévias realizadas no dia 2 de setembro. A vitória de Guimarães, segundo ele, não representa a vontade da maior parte dos membros da igreja porque foi por maioria simples e o venceder não obteve 50% mais um. Três candidatos participaram da disputa, que reuniu cerca de 1.300 votantes. Fernando Guimarães fez 47% dos votos, Aílton Araújo 36% e o terceiro postulante, 17%.

Araújo lembra que na convenção anterior, em 2002, quando foi indicado candidato da igreja, a escolha foi por maioria absoluta. Na época, apesar de Ailton Araújo ter sido o escolhido, Guimarães decidiu disputar uma vaga para Assembléia e lançou uma candidatura paralela. "Agora ele não poderá impedir que eu dispute, nem tão pouco questionar a minha decisão porque em 2002 ele não respeitou a nossa indicação saindo por fora. A rigor, ele nem poderia ter concorrido nessa última prévia", ponderou Araújo.

Outro argumento é que Guimarães precisará de no mínimo 45 mil votos para se eleger no PMDB e a "igreja ficará fatalmente sem deputado estadual". Enquanto isso, Araújo acredita que no PPS, partido ao qual está filiado, será possível se eleger com 25 mil votos.

O apoio da igreja, segundo Araújo, não dá a garantia de que os votos dos 100 mil membros do grupo no Paraná sejam depositados em um único candidato. "Se a igreja jogasse fechado daria para eleger dois ou três deputados", calcula. "Mas a campanha é democrática e não funciona como um curral eleitoral", emenda. O deputado reconhece, no entanto, que o indicativo de apoio pode ser decisivo para a vitória.

Fernando Guimarães nega que tenha feito acusações contra Ailton Araújo para ganhar a convenção e garante que fez apenas "alguns questionamentos" sobre sua atuação parlamentar. Ele disse também que a convenção foi um processo limpo. "As regras do jogo foram ditadas antes da votação. Sabíamos que a escolha seria por maioria simples antes da convenção e coube aos candidatos aceitar as regras ou não", afirmou Guimarães.

Sobre a dificuldade de se eleger no PMDB, Fernando Guimarães rebate afirmando que não existe chapa fraca em nenhum partido. "O candidato que procura partido para fazer menos votos está equivocado. Vamos trabalhar para obter 60 mil votos e não contar com a sorte", disse.

A expectativa, segundo Guimarães, é que saia apenas um candidato a deputado estadual, mas a igreja não impõe candidatura única e Araújo tem todo o direito de disputar.

Apesar das divergências internas, Fernando Guimarães afirma ter um relacionamento amistoso com Aíllton Araújo e acredita que a questão será administrada sem traumas. "Os irmãos às vezes discordam em relação a um brinquedo ou um bem, mas no fundo se amam e se acertam", disse.

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