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Guerra de autoridades

Paulo Bernardo processa Requião por danos morais

Ministro pede indenização de R$ 100 mil como reparação pelas acusações de que teria proposto o superfaturamento de uma obra ferroviária no interior do Paraná

Paulo Bernardo chega à Procuradoria da República para pedir que as acusações de Requião sejam investigadas a fim de que fique provada a sua inocência | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Paulo Bernardo chega à Procuradoria da República para pedir que as acusações de Requião sejam investigadas a fim de que fique provada a sua inocência (Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo)

O ministro Paulo Bernardo (PT) entrou ontem na Justiça para processar o governador Roberto Requião (PMDB) por danos morais. O governador acusou o petista de querer superfaturar uma obra ferroviária – o que teria ocorrido há cerca de três anos – e de ter comprado de forma suspeita uma rádio de Laranjeiras do Sul (Oeste do Paraná) com dinheiro que estava em um "saco de estopa".

O valor da indenização solicitada pelo ministro na ação cível é de R$ 100 mil. Bernardo anunciou ainda que vai processar criminalmente Requião, mas somente depois que ele deixar o cargo – o que precisa acontecer até 3 de abril para que ele possa concorrer na eleição deste ano.

O ministro ontem também fez uma representação à Procuradoria da República, do Ministério Público Federal (MPF), para que as declarações feitas pelo governador sejam investigadas. "A denúncia de suposto superfaturamento, que o Requião chama de maracutaia, deve ser investigada. Vamos examinar se houve isso mesmo ou se, como estou dizendo, ele é um grande mentiroso que inventou essas coisas todas, com uma motivação política", afirmou Bernardo após a au­­diên­­­­cia no MPF.

Paulo Bernardo voltou a criticar Requião por fazer as acusações somente agora, em ano eleitoral. "É espantoso que o governador, sabendo que alguém anda por aí com um saco de dinheiro para comprar rádio ou aumentar o patrimônio, não tenha feito nada. Ele devia ter acionado o Ministério Público. Como ele não fez, eu faço isso." O ministro disse que não quer mais comentar o que considera de "espetáculo deplorável". Ele também solicitou ao MPF que investigue o uso da TV Educativa pelo governador para a transmissão de ataques a adversários políticos.

Requião rebateu o ministro na sua página do Twitter, rede social da internet. O governador voltou a citar a construção do ramal ferroviário e o suposto benefício que seria dado à América Latina Logística (ALL), concessionária de ferrovias no Paraná. "Na verdade Paulo Bernardo deveria aproveitar sua ida ao MP para explicar a estranha proposta de PPP (parceria público-privada) que fez", afirmou o governador.

Segundo Requião, Paulo Ber­­nardo teria pedido o apoio do governo estadual para a construção da ferrovia entre Guarapuava e Ipiranga, que seria feita pela ALL ao custo aproximado de R$ 500 milhões – valor que seria abatido do valor anual que a empresa paga ao governo federal pela concessão. Requião afirmou que a obra estaria superfaturada em R$ 350 milhões.

Sem foro privilegiado

Segundo o advogado de Paulo Bernardo, Luiz Fernando Pe­­­reira, a ação criminal só será proposta quando Requião deixar o governo e perder o foro privilegiado. "Ele vai responder como um cidadão comum por difamação e calúnia."

Pereira já tem experiência em processar o governador. Recen­­temente, ganhou uma ação em nome do dirigente tucano e ex-ministro Euclides Scalco. "Estou convencido de que o Requião será condenado em mais uma. No caso do Scalco, ele pagou em dinheiro vivo (que foi doado à Santa Casa de Curitiba). Fica agora a curiosidade de saber se o Requião vai pagar o ministro com dinheiro vivo ou em saco de estopa", ironizou o advogado.

Os ataques de Requião ao mi­­­nistro motivaram o PT a anunciar o rompimento com Re­­­quião, o que ocorreu na terça-feira passada. Apesar da iniciativa, o governador e alguns petistas – entre eles o presidente estadual da legenda, Ênio Verri – estiveram juntos para a entrega de obras da Universidade Estadual de Maringá, na quinta-feira, em um clima de confraternização.

Os dois secretários petistas do governo, Lygia Pupatto (En­­sino Superior) e Valter Bianchini (Agricultura), já disseram que não têm pressa para deixar os cargos. A direção do PT também fez questão de ressaltar que o descontentamento é com Re­­­quião, e não com o PMDB.

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