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Paulo Bernardo chega à Procuradoria da República para pedir que as acusações de Requião sejam investigadas a fim de que fique provada a sua inocência | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Paulo Bernardo chega à Procuradoria da República para pedir que as acusações de Requião sejam investigadas a fim de que fique provada a sua inocência| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Entenda o caso

Declarações de Paulo Bernardo sobre a falta de empenho do governo estadual despertaram a ira de Roberto Requião.

31 de janeiro de 2010 – Reportagem da Gazeta do Povo mostra que empreendimentos do PAC no Paraná tiveram poucos avanços no segundo semestre de 2009. Paulo Bernardo cita que falta empenho do governador para obter mais recursos federais.

1º de fevereiro – Na sua página no Twitter, Requião reclama que Bernardo não trabalha pelo Paraná e convida o ministro para debater o PAC na reunião semanal de governo, a escolinha. No dia seguinte, na escolinha, o governador diz que não precisa pedir favor especial para a execução das obras. "Temos Câmara, os senadores e pensava que tínhamos um ministro paranaense também", afirma Requião.

17 de fevereiro – Reportagem da Gazeta do Povo mostra que o Paraná e sua bancada são desprestigiados no orçamento da União. A situação se repete desde a gestão passada, quando os governantes eram Jaime Lerner, Fernando Henrique Cardoso e os parlamentares eram outros. Requião volta a criticar Paulo Bernardo.

23 de fevereiro – Na escolinha, Requião acusa o ministro de querer superfaturar uma obra ferroviária no Paraná. O caso teria ocorrido há mais de três anos e o governador admite que não acionaria o Ministério Público para investigar o caso. Dias depois, Requião acusa o ministro de ter comprado de forma suspeita uma rádio de Laranjeiras do Sul.

2 de março – O PT do Paraná anuncia o rompimento com Requião e pede aos filiados com cargos no governo que deixem seus postos. Os dois secretários petistas, Valter Bianchini (Agricultura) e Lygia Pupatto (Ensino Superior), dizem que ficarão mais alguns dias, alegando compromissos.

5 de março – Paulo Bernardo entra com ação por danos morais contra Requião e solicita ao Ministério Público investigação sobre as denúncias feitas pelo governador.

O ministro Paulo Bernardo (PT) entrou ontem na Justiça para processar o governador Roberto Requião (PMDB) por danos morais. O governador acusou o petista de querer superfaturar uma obra ferroviária – o que teria ocorrido há cerca de três anos – e de ter comprado de forma suspeita uma rádio de Laranjeiras do Sul (Oeste do Paraná) com dinheiro que estava em um "saco de estopa".

O valor da indenização solicitada pelo ministro na ação cível é de R$ 100 mil. Bernardo anunciou ainda que vai processar criminalmente Requião, mas somente depois que ele deixar o cargo – o que precisa acontecer até 3 de abril para que ele possa concorrer na eleição deste ano.

O ministro ontem também fez uma representação à Procuradoria da República, do Ministério Público Federal (MPF), para que as declarações feitas pelo governador sejam investigadas. "A denúncia de suposto superfaturamento, que o Requião chama de maracutaia, deve ser investigada. Vamos examinar se houve isso mesmo ou se, como estou dizendo, ele é um grande mentiroso que inventou essas coisas todas, com uma motivação política", afirmou Bernardo após a au­­diên­­­­cia no MPF.

Paulo Bernardo voltou a criticar Requião por fazer as acusações somente agora, em ano eleitoral. "É espantoso que o governador, sabendo que alguém anda por aí com um saco de dinheiro para comprar rádio ou aumentar o patrimônio, não tenha feito nada. Ele devia ter acionado o Ministério Público. Como ele não fez, eu faço isso." O ministro disse que não quer mais comentar o que considera de "espetáculo deplorável". Ele também solicitou ao MPF que investigue o uso da TV Educativa pelo governador para a transmissão de ataques a adversários políticos.

Requião rebateu o ministro na sua página do Twitter, rede social da internet. O governador voltou a citar a construção do ramal ferroviário e o suposto benefício que seria dado à América Latina Logística (ALL), concessionária de ferrovias no Paraná. "Na verdade Paulo Bernardo deveria aproveitar sua ida ao MP para explicar a estranha proposta de PPP (parceria público-privada) que fez", afirmou o governador.

Segundo Requião, Paulo Ber­­nardo teria pedido o apoio do governo estadual para a construção da ferrovia entre Guarapuava e Ipiranga, que seria feita pela ALL ao custo aproximado de R$ 500 milhões – valor que seria abatido do valor anual que a empresa paga ao governo federal pela concessão. Requião afirmou que a obra estaria superfaturada em R$ 350 milhões.

Sem foro privilegiado

Segundo o advogado de Paulo Bernardo, Luiz Fernando Pe­­­reira, a ação criminal só será proposta quando Requião deixar o governo e perder o foro privilegiado. "Ele vai responder como um cidadão comum por difamação e calúnia."

Pereira já tem experiência em processar o governador. Recen­­temente, ganhou uma ação em nome do dirigente tucano e ex-ministro Euclides Scalco. "Estou convencido de que o Requião será condenado em mais uma. No caso do Scalco, ele pagou em dinheiro vivo (que foi doado à Santa Casa de Curitiba). Fica agora a curiosidade de saber se o Requião vai pagar o ministro com dinheiro vivo ou em saco de estopa", ironizou o advogado.

Os ataques de Requião ao mi­­­nistro motivaram o PT a anunciar o rompimento com Re­­­quião, o que ocorreu na terça-feira passada. Apesar da iniciativa, o governador e alguns petistas – entre eles o presidente estadual da legenda, Ênio Verri – estiveram juntos para a entrega de obras da Universidade Estadual de Maringá, na quinta-feira, em um clima de confraternização.

Os dois secretários petistas do governo, Lygia Pupatto (En­­sino Superior) e Valter Bianchini (Agricultura), já disseram que não têm pressa para deixar os cargos. A direção do PT também fez questão de ressaltar que o descontentamento é com Re­­­quião, e não com o PMDB.

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