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Carlos Lupi: Dilma deu sobrevida ao ministro. Mas permanência dele depende de explicações convincentes hoje, no Senado | Antônio Cruz/ ABr
Carlos Lupi: Dilma deu sobrevida ao ministro. Mas permanência dele depende de explicações convincentes hoje, no Senado| Foto: Antônio Cruz/ ABr

Crime de responsabilidade

PSDB pede abertura de processo

O PSDB protocolou ontem quatro representações contra o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pedindo a demissão dele e a abertura de investigação de supostos crimes. Na Comissão de Ética da Presidência da República, o partido pede a demissão. Na Procuradoria-Geral da República (PGR), solicita a abertura de processo por crime de responsabilidade, já que o ministro teria mentido em depoimento na Câmara Federal. À PGR também foi pedida a investigação da denúncia de que Lupi concedeu registro a sete sindicatos fantasmas no Amapá. Já na Procuradoria da República no Distrito Federal, o PSDB denuncia Lupi por improbidade, devido ao uso de avião supostamente custeado por ONG que mantém convênios com o ministério.

Agência Estado

Voo suspeito

ONG ganhou contratos após viagem

O Ministério do Trabalho assinou quatro convênios com a ONG Pró-Cerrado, comandada por Adair Meira, duas semanas depois de o ministro Carlos Lupi visitar o interior do Maranhão em avião "providenciado" pelo dirigente da entidade. Os convênios, assinados nos dia 30 e 31 de dezembro de 2009, previam liberação de R$ 5,1 milhões. A viagem para o Maranhão foi nos dias 11, 12 e 13 daquele mês. Segundo a Controladoria Geral da União (CGU), desse montante já foram liberados até hoje R$ 2,3 milhões. Todos os quatro convênios foram assinados pela Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, dirigidas na época por Ezequiel Nascimento, que também participou da viagem ao Maranhão.

Agência O Globo

Situação do ministro é "insustentável", diz o pedetista Osmar Dias

O presidente do PDT no Paraná, Osmar Dias, definiu ontem como "insustentável" a permanência do colega de partido Carlos Lupi no Ministério do Trabalho. Para o ex-senador, o mínimo a ser feito por Lupi é pedir afastamento até que as denúncias contra ele sejam esclarecidas. Ele também garantiu que a direção estadual do partido continuará apoiando a presidente Dilma Rousseff, independentemente de uma saída traumática do ministro.

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A situação do ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), se deteriorou e sua demissão é cada vez mais provável. Depois de ter sido desmentido por um dirigente de ONG e por imagens divulgadas na imprensa, ontem foi a vez de seu próprio partido negar a explicação dada por Lupi sobre o voo do qual o ministro participou em 2009, no Maranhão, supostamente pago por uma entidade que tem convênios com a pasta. Pedetistas já admitiram abertamente a possibilidade de o ministro sair. E, nos bastidores, o partido começou a buscar nomes para substituí-lo.

Ontem pela manhã, o presidente do diretório regional do PDT do Maranhão, Igor Lago, disse que o partido não pagou transporte aéreo para a viagem de Lupi. "Encaminhamos a declaração de contas de 2009 ao presidente do partido, [André Figueiredo]. Não há referência sobre isso. O PDT [do Maranhão] não pagou aluguel de aeronave", disse Lago. A informação desmente a declaração dada por Lupi de que o avião havia sido pago pelo diretório maranhense do partido. O PDT, porém, ressaltou que Lupi pode ter se confundido, já que na mesma ocasião, além de eventos oficiais como ministro, ele teve agenda partidária.

Segundo denúncia da revista Veja, o ministro usou, na viagem, um avião "providenciado" por Adair Meira, diretor de ONGs que têm contrato com a pasta e que estão sob investigação por suspeita de desvios de R$ 5 milhões. Na semana passada, em audiência pública na Câmara dos Deputados, Lupi negou conhecer Meira e ter viajado na aeronave citada pela Veja. O dirigente da ONG e imagens divulgadas pela imprensa na terça-feira desmentiram Lupi.

Sobrevida

O ministro, porém, ontem ganhou uma sobrevida. Em reunião com a presidente Dilma Rousseff, Lupi foi cobrado para dar explicações convincentes e documentadas sobre a viagem. O ministro disse que tem como fazer isso. E assegurou que as últimas notícias sobre sua viagem não o desmentem. Ele disse a Dilma que o que havia afirmado é não ter viajado em avião particular de propriedade de Adair Meira. A aeronave, de fato, não é do dirigente de ONG. Mas há a suspeita de que Meira tenha custeado o aluguel do avião.

O primeiro teste de Lupi para definir sua permanência ou demissão será hoje, no Senado, onde ele deverá depor para explicar as denúncias. Se as justificativas do ministro não forem consideradas adequadas pelo Planalto, Lupi deve perder o cargo.

Apesar de assegurar que pode explicar a viagem, Lupi ontem foi "aconselhado" publicamente por pedetistas a deixar o cargo. O presidente em exercício do PDT, André Figueiredo, disse – "como amigo" – que o ministro deveria pedir demissão. "Como amigo do Lupi, preferia que ele saísse. Mas isso é uma decisão que o PDT vai tomar de forma institucional", afirmou Figueiredo.

O deputado federal Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, foi outro pedetista a falar publicamente na "saída" de Lupi. Ele disse ontem que o ministro não quer deixar o governo como "corrupto". A Executiva do partido deve se reunir hoje para discutir o futuro de Lupi.

Nomes

Certos de que a situação de Lupi é praticamente insustentável, a ala do PDT ligada ao ministro corre contra o tempo para tentar emplacar na vaga do Trabalho um de dois deputados do grupo: André Figueiredo (CE), presidente em exercício do partido, ou João Dado (SP). Figueiredo, porém, também é alvo de denúncias de irregularidades com o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem). Também teriam chances de serem chamados por Dilma pedetistas "independentes". Fala-se do deputado federal Miro Teixeira (RJ), do gaúcho Vieira da Cunha e do paranaense Osmar Dias.

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