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| Foto: Dida Sampaio/AE

"Que caráter tem esse jornalista? Que moral? O senhor disse que recebeu dinheiro sujo, reconheceu que era sujo. Por que o senhor não devolveu o dinheiro? Tinha açúcar? Estava congelado?"

Mário Couto (PSDB-PA), senador que abandonou a sessão da CPMI acusando o governo de manobrar a comissão para punir tucanos.

O jornalista Luiz Carlos Bordoni confirmou ontem à CPMI do Cachoeira que recebeu dinheiro de caixa dois da campanha do governador Marconi Perillo (PSDB-GO) à reeleição em 2010 e que parte do valor foi pago a ele pelo próprio tucano. O depoimento do jornalista é mais um a complicar a situação de Perillo. Na terça-feira, o arquiteto Alexandre Milhomem havia dito à CPMI que o bicheiro Carlinhos Cachoeira pagou a decoração de uma residência que era de Perillo.

Bordoni afirmou ainda que seu contrato foi feito de forma verbal, indicando que aceitou receber dinheiro de caixa dois. "Acertei pessoalmente com ele [o governador], contrato verbal entre amigos", afirmou. "O que existiu, de fato, foi um pagamento de caixa dois. (...) Esperava ter sido pago com dinheiro limpo, não com dinheiro da contravenção, de caixa dois."

O jornalista contou que o acordo era receber R$ 120 mil mais R$ 40 mil de bônus se o candidato vencesse a eleição, o que ocorreu. Do total, segundo ele, R$ 40 mil lhe foram entregues em dinheiro pelo próprio governador; R$ 30 mil pelo departamento financeiro da campanha; e R$ 10 mil por Jayme Rincon, chefe da agência de transporte de Goiânia. Outros R$ 45 mil vieram da Alberto e Pantoja, empresa fantasma do bicheiro Cachoeira, e o restante da empresa empresa Adecio e Rafael, também vinculada a Cachoeira, segundo a Polícia Federal.

Bordoni disse ainda que "todos sabiam" que Eliane Gonçalves, ex-chefe de gabinete de Perillo, era ligada a Cachoeira. Eliane foi convocada a depor na CPMI ontem, mas se recusou a falar.

Parte da bancada tucana da comissão tentou desqualificar o testemunho do jornalista. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) teve um bate-boca com Bordoni e o acusou de ter cometido crime contra a ordem tributária.

Já o senador Mário Couto (PSDB-PA) abandonou a sessão aos gritos e esmurrando a mesa: "Que caráter tem esse jornalista? Que moral? O senhor disse que recebeu dinheiro sujo, reconheceu que era sujo. Por que o senhor não devolveu o dinheiro? Tinha açúcar? Estava congelado?", perguntou o senador, aos gritos e com murros na mesa. Couto ainda disse que a CPMI está direcionada para atacar tucanos. E cobrou a convocação do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestres (Dnit) Luiz Antonio Pagot. Segundo o senador, Pagot poderia revelar irregularidades envolvendo o governo federal.

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