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Foram necessários 14 meses de trabalho árduo e a colaboração de mais de 15 profissionais de diversas áreas para montar o quebra-cabeça que a equipe de pesquisadores do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apresentou nesta terça-feira à imprensa: o esqueleto do Carodnia vieirai, um mamífero sul-americano da Era Cenozóica, que habitou a Terra há cerca de 65 milhões de anos.

Originário da Bacia de Itaboraí, no Rio de Janeiro, o fóssil do animal pré-histórico foi descoberto em 1949, por uma companhia que explorava comercialmente a região. O material coletado foi estudado em 1952 pelo então pesquisador do Museu Nacional, Carlos de Paula Couto, que identificou a nova espécie. Depois disso, os restos do animal passaram mais de 50 anos guardados no Departamento Nacional de Produção Mineral do Rio de Janeiro (DNPM), até que a pesquisadora da UFRJ Lílian Paglarelli Bergqvist tivesse a idéia de reconstituí-lo, em 2005.

- Nós dispúnhamos de alguns ossos isolados e precisávamos reconstituir as partes que faltavam. Foi um trabalho meticuloso de restauração e criação, que envolveu muitas pessoas, entre técnicos e artistas - explicou Lílian em entrevista aO GLOBO ONLINE.

O Carodnia vieirai tinha cerca de 2,40 metros de comprimento, um metro de altura e pesava aproximadamente 400 quilos, o tamanho de uma anta de grande porte. Ele era cerca de dez vezes maior que a maioria dos mamíferos que existiam nesta época na região e, diferentemente dos demais, apresentava membros anteriores mais robustos que os posteriores. Seu padrão de dentição sugere que era herbívoro e se alimentava de vegetais, ramos e flores.

- É interessante trazer à tona, para conhecimento do público leigo, o tipo de fauna que existia nesta região há dezenas de milhões de anos, pouco depois da extinção dos dinossauros.

Segundo a pesquisadora, a próxima etapa do estudo, que custou cerca de R$ 500 mil, é tentar determinar as características externas do animal, além de hábitos. Tudo indica, por exemplo, que se tratava de um animal terrestre e diurno.

Segundo a pesquisadora, a Bacia de Itaboraí é importante do ponto de vista geológico.

- Existe um tesouro na região. Não descartaria a possibilidade de encontrar outros fósseis entre o material que foi coletado e aguarda análise.

Este é o primeiro mamífero do início da Era Cenozóica a ter seu esqueleto completamente montado na América do Sul.

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