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Aliado do ex-presidente Lula disparou críticas contra o juiz Sergio Moro. | Paulo Whitaker/Reuters
Aliado do ex-presidente Lula disparou críticas contra o juiz Sergio Moro.| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Num momento de acirramento da crise no país, em que lideranças do PSDB estão apostando que a presidente Dilma Rousseff não chegará ao fim de seu mandato, um dos mais próximos interlocutores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), não dá crédito ao que ele chama de “arroto” tucano. Em entrevista exclusiva, Marinho diz que está preocupado é com os rumos da economia do país. E mais preocupado ainda com a condução da Operação Lava Jato pelo juiz Sergio Moro. Para ele, o risco de quebra das empreiteiras investigadas “é de uma irresponsabilidade econômica ímpar”.

Cobrança por uma Dilma “proativa”

DNa entrevista, concedida no gabinete do prefeito, na tarde de terça-feira, dia 7, após ele almoçar com o ex-presidente Lula em seu instituto, Luiz Marinho voltou a cobrar uma ação mais proativa da presidente Dilma, para contornar a crise que atinge sua administração. Disse que ela precisa sair de seu gabinete, a exemplo do que Lula fez na crise de 2005, ir para a linha de frente, colocar um capacete de engenheiro e fiscalizar as obras que sua gestão está fazendo em cidades de todo o Brasil. “Este é o meu clamor, do presidente Lula e de todos os dirigentes de nosso partido. Só depois disso é que Lula poderá rodar também o país, ajudando o governo.”

Marinho diz que o que se espera de Dilma é que ela inicie uma agenda diferente da que vinha fazendo e passe a governar de uma foram um pouco diferente da que sempre governou. Que passe a ser, como ela disse [na entrevista ao jornal Folha de S.Paulo] uma espécie de caixeiro viajante, não apenas fora do País, mas também percorrendo as cidades brasileiras. “Se ela quiser vir para São Bernardo do Campo, pode ficar aqui a semana inteira visitando obras que o governo federal está nos ajudando.”

Na avaliação do prefeito, Dilma trabalha muito, mas precisa sair do seu gabinete e rodar mais o país. “Claro que o ajuste fiscal era necessário, mas ela precisa priorizar a fase de caixeiro viajante agora, para chamar a atenção do povo e mostrar que o país é maior do que essa crise, que o povo brasileiro tem mais poder do que essa crise e que vamos derrotar a crise.” E diz que a iniciativa para essa tarefa depende da própria presidente. “O Lula tem força, o PT tem força, os movimentos sociais e os partidos da base também, mas a presidenta tem a força de liderar tudo. É preciso que ela rode primeiro o país, para Lula rodar depois. Ela precisa criar as condições para ele sair a campo também, para ele reproduzir o que ela está falando, pois ele não pode falar sozinho, afinal, ela é a presidenta, é ela quem está na liderança do país.”

Marinho diz que Moro está atropelando as normas jurídicas, rasgando a Constituição e colocando de joelhos as instâncias superiores na condução da operação. “É uma opinião de leigo, evidentemente, apesar de eu ser bacharel [em Direito], não estudei os processos, mas como cidadão eu vejo de forma espantosa como um juiz de primeira instância possa colocar de joelhos as instâncias superiores da forma como tem feito. Parece até encomenda e é preciso que as instâncias superiores assumam a responsabilidade por este processo. É um absurdo que delatores A, B ou C acusem alguém sob tortura.”

O prefeito diz que, de acordo com informações de bastidor, “está havendo tortura [na prisão em Curitiba, onde estão os detentos dessa operação] não só psicológica”. E nessas condições, diz ele, os delatores têm o direito de mentir. “Sugiro que os senadores [da oposição que foram à Venezuela para tentar visitar os presos políticos do regime de Nicolás Maduro] façam uma comissão e, em vez de ir à Venezuela, vejam o que está acontecendo em Curitiba, que é muito mais perto. Estou muito mais preocupado com o que pode acontecer com as empresas investigadas nessa operação do que com o arroto do PSDB.”

Marinho reiterou que confia na solidez das instituições do país, como o TSE e o STF, portanto, não acredita que Dilma seja tirada do Palácio do Planalto antes do final de seu mandato. Além disso, diz que o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, candidato derrotado pela petista nas eleições presidenciais de outubro passado, não é juiz, não tem provas de nada e, em vez de tentar o caminho da Justiça, deveria era tentar convencer a população nas urnas. E ironizou: “As urnas deram a derrota a Aécio, ele que se prepare e volte em 2018. O que ele tem que saber é se vai conseguir ser o candidato de seu partido, porque me parece que o escalado para 2018 não é ele.” Já com os desdobramentos da Operação Lava Jato, principalmente no impacto econômico, o petista diz que o cenário é preocupante. “Não é possível você punir eventuais corruptos e destruir as empresas, é preciso separar uma coisa da outra.”

CGU ouvirá Youssef e Paulo Roberto Costa em processos contra empreiteiras

  • são paulo

O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal do Paraná, autorizou que a Controladoria-Geral da União (CGU) ouça os depoimentos de quatro delatores da Operação Lava Jato para orientar os 29 Processos Administrativos de Responsabilização (PAR) contra as empreiteiras investigadas por formação de cartel, superfaturamento de preços e desvios bilionários na Petrobras. Caso as empreiteiras sejam responsabilizadas pelas irregularidades investigadas pela Lava Jato, elas poderão ser punidas com multas ou até serem proibidas de celebrar novos contratos com a União. Entre as empreiteiras investigadas estão a Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS, Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Queiroz Galvão e UTC, entre outras.

Na última quarta-feira, Moro definiu que o primeiro a ser ouvido será o doleiro Alberto Youssef, que prestará depoimentos aos técnicos da CGU em oito dias de julho na sede da Polícia Federal de Curitiba, onde está preso. Os depoimentos de Youssef acontecerão nos dias 15, 17, 21, 22, 23, 28, 30 e 31 de julho. Depois, será ouvido o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que falará à CGU por oito dias em agosto na sede da Polícia Federal do Rio [ele está em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica no Rio]. Ele falará nos dias 3, 4, 5, 10, 11, 12, 13 e 14 de agosto.

Serão ouvidos ainda o ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, e o empresário Julio Camargo, consultor de empreiteiras em obras da Petrobras. As datas dos depoimentos dos dois, no entanto, ainda não foram marcadas.

É a primeira vez que a CGU, responsável por combater a corrupção no âmbito administrativo, ouve os quatro principais delatores da Lava Jato. Todos os documentos obtidos pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça do Paraná, envolvidos na investigação da Lava Jato, são compartilhados com a CGU, que está formalizando os processos administrativos contra as empreiteiras acusadas de fraudes em obras na estatal brasileira de petróleo

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