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A Polícia Federal afirmou que houve vazamento da sétima fase da Operação Lava Jato, deflagrada na última sexta-feira (14), para uma das empreiteiras sob investigação, a OAS. Devido ao vazamento, a PF encontrou advogados de defesa dos investigados quando foram cumprir mandados de prisão na última sexta-feira (14).

Em ofício desta terça-feira (18) protocolado na Justiça Federal do Paraná, o delegado da PF Márcio Adriano Anselmo escreveu que "no curso do cumprimento dos mandados de busca e apreensão na empresa OAS, os policiais foram surpreendidos, quando chegaram na madrugada, com a presença de três advogados no local", na cidade de São Paulo. A PF registrou um auto circunstanciado, no qual afirma que questionou aos advogados o que faziam lá e eles responderam que "é de costume chegarem cedo".

O delegado também informou que o investigado José Aldemário Pinheiro Filho, presidente da OAS, com residência em São Paulo, foi preso em Salvador (BA), para onde havia viajado na noite de quinta-feira (13), véspera da operação. "Assim, os elementos indicam que teria ocorrido o vazamento das diligências a serem empreendidas nos locais de busca", escreveu a PF.

Executivo de empreiteira foi alertado de que a operação seria deflagrada

O vice-presidente da empreiteira Engevix, Gerson Almada, preso na última sexta-feira (14) na sétima fase da Operação Lava Jato, soube um dia antes da possibilidade de a Polícia Federal deflagrar a operação. A informação foi passada pelo seu advogado, por meio de uma mensagem de celular ao executivo às 21h45 de quinta-feira (13). As prisões ocorreram na manhã seguinte. "Gerson, há boatos de que amanhã haverá uma operação da Polícia Federal no caso Lava Jato. Abs [abraços]", diz a mensagem.

A defesa de Gerson anexou a troca de mensagens em um pedido de habeas corpus --solicitação para responder a eventuais ações em liberdade--, como prova de que o executivo não quis fugir e se deixou prender. O pedido que tenta reverter a prisão preventiva do executivo foi feito no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), de Porto Alegre (RS). "Mesmo avisado pelos advogados acerca destes rumores, Gerson não titubeou e manteve-se inerte em sua residência, o alcance mais simples das das autoridades e na mais completa submissão aos destinos da investigação", escreveram os advogados, em peça assinada por Fábio Tofic Simantob, Débora Gonçalves Perez e Maria Jamile José.

A sétima fase da Operação Lava Jato, chamada de "Juízo Final", prendeu 24 suspeitos de participarem de um esquema de fraude em licitações na Petrobras.Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como operador do PMDB na Petrobras, foi o último a ser preso nesta terça-feira (18).

Um mandado de prisão não foi cumprido: o de Adarico Negromonte, suspeito de fazer entrega de dinheiro para o doleiro Alberto Youssef. Adarico é irmão do ex-ministro das Cidades Mario Negromonte. O investigado é tido como foragido, de acordo com a Polícia Federal.

O pedido de habeas corpus de Gerson Almada foi indeferido pela desembargadora plantonista do TRF. A defesa havia argumentado que a decisão da prisão preventiva, expedida pelo juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba (PR), "carece de qualquer fundamentação idônea", sem elemento concreto para confirmar o envolvimento do executivo.

Almada foi citado nos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento de Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef como o interlocutor deles na Engevix na formação de cartel para fraude em licitações e pagamento de suborno a agentes públicos. Segundo a decisão de Moro, o nome de Almada é um dos "principais responsáveis pelo cartel criminoso", conforme os nomes apontados por Youssef e Costa.

Rumores

Procurado para comentar o possível vazamento da operação da sexta-feira, o advogado Fábio Simantob afirmou que os rumores eram "generalizados" nos dias anteriores e que foram relatados em reportagens jornalísticas publicadas no dia da operação. "De onde vazou, eu não sei", disse o advogado.

"Eu junto [anexei] a mensagem de texto para mostrar que eu o avisei, mas junto também uma matéria que fala isso", disse o advogado. A matéria referida pelo advogado é datada de 14 de novembro, data em que a operação foi deflagrada, pela manhã.Indagado sobre como ficou sabendo dos rumos, o advogado explicou: "Olha, eram rumores, eu não tenho uma fonte, eram generalizados. Eu posso te dizer é que eram rumores muito fortes, isso estava circulando em vários lugares, tanto que o jornalista sabia".

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