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Daniel Dantas deixa a sede da PF em São Paulo: banqueiro é acusado de gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, empréstimo vedado e formação de quadrilha | Hélvio Romero/AE
Daniel Dantas deixa a sede da PF em São Paulo: banqueiro é acusado de gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, empréstimo vedado e formação de quadrilha| Foto: Hélvio Romero/AE

Para advogado do Opportunity, indiciamento é "arbitrariedade"

A defesa do Opportunity classificou o indiciamento de Daniel Dantas e dos outros cinco diretores do grupo pela PF como "mais uma arbitrariedade" cometida pela PF durante a Operação Satiagraha. Para o advogado Andrei Zenkner Schmidt, a convocação para que Dantas e os executivos do grupo depusessem na sede da PF em São Paulo, ontem de manhã, teve a intenção de encerrar o inquérito o mais rápido possível, sem ouvir os suspeitos.

Na avaliação de Schmidt, o indiciamento de Dantas é mais um desdobramento de uma operação "polêmica, que muda de rumo a todo instante e que revela arbítrios jamais vistos neste país". "Na realidade, nós nem temos conhecimento no que consistem esses crimes. Foram narrados o indiciamento e a tipificação penal, mas não temos conhecimento dos fatos", disse.

"Foi um interrogatório designado para que as pessoas sejam ouvidas todas em um dia. Foi uma intenção deliberada de que ninguém fosse ouvido, para o inquérito ser resolvido da forma mais breve possível. Esse indiciamento formal coroa mais essa arbitrariedade."

Segundo o advogado, Dantas e os demais executivos do Opportunity foram orientados a não responder às perguntas do delegado Ricardo Saadi, que comanda a investigação, porque parte dos documentos apreendidos pela PF na sede do Opportunity ainda não foi incluída no inquérito, o que dificulta a defesa. "Uma vez concluída a investigação e determinado um prazo minimamente razoável para que as pessoas sejam ouvidas, teremos todo o interesse em esclarecer os fatos", declarou.

A Polícia Federal (PF) indiciou por crimes financeiros o sócio-fundador do Banco Opportunity, Daniel Dantas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o megainvestidor Naji Nahas. O indiciamento dos três, juntamente com o de outras 27 pessoas, encerra a segunda fase da Operação Satiagraha, iniciada em julho do ano passado, após o afastamento do delegado Protógenes Queiroz do comando da operação por suspeita de ter cometido abusos durante a Satiagraha. Apesar do afastamento, os indiciamentos da PF corroboram as investigações de Protógenes.

Dantas foi indiciado por cinco crimes, quatro deles financeiros: gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, empréstimo vedado e formação de quadrilha. As novas acusações formais da PF contra Dantas são resultado do inquérito produzido pelo sucessor de Protógenes no caso, o delegado Ricardo Saadi.

Confira os principais fatos da Operação Satiagraha

O primeiro inquérito da Satiagraha, apresentado por Protógenes antes de se afastar da operação, já foi levado à Justiça e resultou na condenação do banqueiro, em primeira instância, a dez anos de prisão. Ele foi condenado por tentativa de corrompor um delegado da PF com a oferta de US$ 1 milhão. O banqueiro, segundo a acusação, queria que o delegado excluísse ele e sua família das investigações. Como se trata de condenação em primeiro grau, Dantas permanece solto enquanto recorre da sentença.

O novo indiciamento do banqueiro, preso duas vezes em 2008 durante as investigações da Operação Satiagraha, foi feito ontem durante o depoimento dele na sede da PF em São Paulo.

Além de Dantas, outros cinco executivos do Grupo Opportunity foram indiciados ontem pela PF, pelos mesmos cinco crimes: Verônica Dantas (irmã de Daniel Dantas), Arthur Joaquim de Carvalho (cunhado de Dantas), Danielle Ninnio (diretora-jurídica do Opportunity), Eduardo Penido Monteiro (sócio de empresas do grupo) e Norberto Aguiar Tomaz (suposto responsável por pagamento de propinas e caixa dois do grupo). Todos estiveram ontem na PF e, assim como Dantas, ficaram em silêncio.

Hoje, outras quatro pessoas ligadas ao banqueiro serão ouvidas na sede da PF em São Paulo: o presidente do banco Opportunity, Dorio Ferman; o vice-presidente, Carlos Rodenburg; o ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Braz (a telefônica era controlada por Dantas); e o executivo Itamar Benigno Filho.

Em outra frente de investigação decorrente da Operação Satiagraha, a PF também indiciou o investidor Naji Nahas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e outras 22 pessoas por crimes de evasão de divisas, operação de instituição financeira sem autorização, falsidade ideológica, fraude na administração de sociedade anônima e formação de quadrilha. O inquérito, diferente do de Dantas, foi concluído na última quinta-feira, mas só ontem o fato foi divulgado. Dentre os investigados ligados a Pitta e a Nahas, estão empresários e doleiros suspeitos de operarem no mercado financeiro para fazer lavagem de dinheiro.

Denúncia certa

O procurador da República Rodrigo de Grandis afirmou, após o novo indiciamento de Dantas, que a apresentação da denúncia do Ministério Público Federal à Justiça será questão de tempo. Segundo o procurador, a investigação da Operação Satiagraha já reuniu elementos suficientes que comprovam os crimes fi-nanceiros atribuídos aos indiciados.

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