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Direção da CPTM nega crimes em licitações

Depois que a Polícia Federal indiciou 33 pela suposta formação do cartel dos trens em São Paulo, o presidente da CPTM Mário Manuel Bandeira e o diretor da estatal de trens José Luiz Lavorente negam a prática de crimes em licitações.

Segundo nota enviada pela assessoria da CPTM nesta quinta-feira (4), os dirigentes "autorizaram a abertura de sigilo dos seus dados fiscais e bancários, inclusive das respectivas esposas, nada sendo encontrado". Eles continuam colaborando com todos os órgãos que investigam as denúncias sobre cartel, mas não tiveram acesso ao processo em razão do segredo de justiça, de acordo com o texto da CPTM.

Bandeira e Lavorente "negam veementemente qualquer prática irregular na condução dos processos licitatórios, desconhecendo completamente qualquer acusação", informa a assessoria. A CPTM tem "total interesse" em apurar os fatos e exigir ressarcimento caso sejam apuradas irregularidades, segundo a nota.

A defesa dos ex-diretores da CPTM João Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio de Araújo afirma que eles nunca praticaram crimes na atuação como servidores. Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de Adilson Primo, diz que o indiciamento do ex-presidente da Siemens "não corresponde aos elementos constantes do inquérito, que na verdade mostram o completo afastamento de Primo dos fatos tidos como delituosos".A Folha não localizou a defesa do consultor Arthur Teixeira na noite desta quinta.

Em nota, a Siemens afirmou que compartilhou com as autoridades os resultados de sua auditoria interna, o que deu origem às investigações sobre o cartel. A Alstom relatou que não teve acesso ao inquérito e por isso não iria se manifestar.

A Bombardier informou que segue os mais altos padrões éticos e sempre colaborou com as investigações. A Folhapress não localizou as assessorias das outras empresas na noite desta quinta.

O presidente e o diretor de operações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), respectivamente Mário Bandeira e José Luiz Lavorente, estão entre os 33 indiciados pela Polícia Federal no inquérito que investigou o cartel no setor metroferroviário que operou em São Paulo entre 1998 e 2008, nos governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Lavorente e Bandeira são os únicos servidores públicos que constam da lista de indiciados, entre doleiros, empresários e executivos das multinacionais que teriam participado de conluio para obtenção de contratos no Metrô e na CPTM.

A PF também indiciou funcionários e ex-funcionários das multinacionais Alstom, Siemens, Bombardier, Mitsui, CAF e TTrans. A lista dos 33 indiciados pela PF foi obtida pelo jornalista José Roberto Burnier, da Rede Globo. Todas pessoas indiciadas pela PF são investigados pelos crimes de corrupção passiva, ativa, formação de cartel, crime licitatório, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Cerca de R$ 60 milhões dos alvos estão bloqueados. O inquérito chegou à Justiça Federal na segunda-feira. Segundo a PF, as duas estatais "foram vítimas do ajuste das empresas".

O nome do ex-diretor da CPTM, José Roberto Zaniboni, também está entre os 33 indiciados pela PF. Ele é acusado de receber propina das empresas via lobistas. O esquema foi revelado em outubro de 2013, pelo ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, em delação premiada à PF. Em seu depoimento, Rheinheimer relatou sobre suposto pagamento de propina de multinacionais a deputados e funcionários públicos.

Zaniboni mantinha conta secreta na Suíça com saldo de US$ 826 mil. O dinheiro, segundo seu advogado, Luiz Fernando Pacheco, já foi repatriado pelo próprio Zaniboni, com recolhimento de impostos. Ontem, uma delegação de procuradores e promotores brasileiros iniciou em Berna reuniões com o Ministério Público da Suíça. A meta é identificar o percurso do dinheiro encontrado em contas em Zurique.

Os autos foram remetidos ao Supremo Tribunal Federal (STF), órgão que detém competência para processar os parlamentares citados por Rheinheimer na delação. O depoimento prestado por Rheinheimer à Justiça foi ratificada pelas provas reunidas no inquérito. O Supremo devolveu à PF parte da investigação que não atingia autoridades com foro privilegiado. Depois disso, a polícia passou a colher depoimentos e rastrear eventuais fluxos de recursos ilícitos em contas dos suspeitos no caso do cartel. Alguns investigados já haviam sido indiciados antes da remessa do inquérito ao STF. A outra parte foi enquadrada após o retorno dos autos.

A Alstom informou por meio de nota que "não pode se manifestar" em razão de o inquérito correr sob segredo de Justiça. A Siemens disse apoiar o "total esclarecimento" do episódio e reforçou ter tido "proatividade" ao divulgar os resultado das auditorias que deram início às investigações da Polícia Federal. Também por meio de nota, a Mitsui afirmou estar colaborando com as investigações que estão em andamento. A empresa também informou que não vai comentar a menção de um ex-funcionário na lista de indiciados da Polícia. A Bombardier divulgou em nota disse que a empresa "segue os mais altos padrões éticos" e afirmou que vai continuar colaborando com a investigações.

A CPTM informou em nota que os diretores eventualmente mencionados no relatório da Polícia Federal não irão se manifestar, uma vez que não tiveram acesso ao conteúdo do processo em razão do segredo de justiça. "Ambos autorizaram abertura de sigilo dos seus dados fiscais e bancários, inclusive das respectivas esposas, nada sendo encontrado. Os executivos negam veementemente qualquer prática irregular na condução dos processos licitatórios, desconhecendo completamente qualquer acusação. Os dirigentes da CPTM continuam colaborando com todos os órgãos que investigam as denúncias sobre formação de cartel. A Companhia tem total interesse em apurar os fatos e, constatado o prejuízo, exigir ressarcimento aos cofres públicos", afirmou a companhia.

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