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| Foto: Divulgação/BNDES

A Polícia Federal investiga se um ex-diretor do BNDES, ligado ao PT, teria cobrado propina da Andrade Gutierrez para o partido. Em troca de mensagens encontradas no celular do ex-presidente da construtora, Otávio Azevedo, Guilherme Lacerda trata de supostos repasses não feitos a João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, em setembro de 2012. É a primeira vez que um ex-diretor do banco aparece como um eventual agente na cobrança de propina.

No dia 22 de setembro de 2012, Lacerda manda uma mensagem para o executivo: “Otávio, o joao Vac [João Vaccari] me informa hoje que ainda não recebeu para encaminhar. Foi uma surpresa e já criei expectativas em vários lugares. Pf [Por favor] veja isso com urgência”.

No mesmo dia, Otávio Azevedo responde: “Guilherme, estou saindo de Londres e chego amanha. Fique tranquilo e mantenha suas promessas. Esta programação foi feita em conjunto com o JVC [Vaccari]. Será feito na próxima semana. Abs”

Lacerda foi nomeado diretor do banco pela presidente afastada Dilma Rousseff em 6 de fevereiro de 2012. Quatro dias depois de assumir, no dia 10 de fevereiro, ele manda uma mensagem pedindo para falar com urgência com o executivo da Andrade Gutierrez:

“Otávio, já to enfrentando ps [problema]. Pepinos lá da diretoria. Assumi e vc n [nem] tchan, heim? Mas brincadeiras a parte preciso ouvi-lo sobre [a] pendência [do] estádio internacional. Retorne me qdo [quando] puder g lacerda”

Quatro dias depois, Lacerda cobra: “Preciso realmente falar com você!”

Guilherme Lacerda já foi ex-presidente da Funcef, o fundo de pensão da Caixa, e era ligado aos ex-ministros Luiz Gushiken e José Dirceu. Em 2010, tentou se eleger deputado federal no Espírito Santo, mas não conseguiu a vaga.

Lacerda assumiu a área de Infraestrutura Social, Meio Ambiente, Agropecuária e Inclusão Social do banco, na vaga deixada por Elvio Lima Gaspar.

Ele também integrou o grupo de economistas que preparou o Plano de Governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas campanhas eleitorais de 1989 e 1994, e, em 2002, foi o coordenador-geral da campanha de Lula, no Espírito Santo.

As mensagens entre Lacerda e Otávio reforçam as investigações sobre o pagamento de propina em contratos de empréstimos do BNDES. O próprio Azevedo disse em delação que pagou 1% de propina sobre valores financiados pelo BNDES em obra da empreiteira Andrade Gutierrez na Venezuela.

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