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A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira 20 pessoas acusadas de integrar uma quadrilha que desviava dinheiro do pedágio cobrado de carros no acesso ao Cristo Redentor, monumento que disputa a eleição para tornar-se uma das sete novas maravilhas do mundo . O grupo - formado por policiais militares, bilheteiros, vigilantes e agentes de turismo - causou, segundo a PF, um prejuízo de R$ 300 mil a R$ 500 mil por mês ao Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), responsável pelo Parque Nacional da Tijuca, onde fica o Corcovado. De cada 15 carros que subiam a Estrada do Corcovado para que turistas visitassem o monumento, o pedágio de apenas um era recolhido aos cofres públicos. Segundo a PF, o esquema criminoso existe há pelo menos dois anos, mas há relatos de desvios de arrecadação no desde os anos 90. Em dois anos, teriam sido desviados R$ 20 milhões. Irregularidades no acesso ao Corcovado são conhecidas há tempos. Em abril, uma leitora denunciou na seção Eu Repórter o que chamou de bandalheira total no caminho para o Cristo .

- Há indícios de que esse esquema funcionava há cerca de oito anos. A gente vinha tentando identificar e comprovar os desvios, detectados pela falta de entrega de recibos e outras tantas situações. Agora, com a investigação da PF, foi possível comprovar a existência do esquema - disse à Rádio CBN Rogério Rocco, superintendente do Ibama no Rio.

A Operação Iscariotes (batizada assim, segundo o delegado da PF Alexandre Saraiva porque os acusados vendiam o Cristo) tem 22 mandados de prisão e 30 de busca e apreensão a cumprir. Um dos mandados foi cumprido bem longe do Rio, no arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Lá foi preso Carlos Roberto Grisi Júnior, bilheteiro que trabalhava no Corcovado e estava de férias no paraíso nordestino. São 125 policiais federais envolvidos na operação, deflagrada em conjunto com o Ibama e que teve o apoio de 50 soldados da Força Nacional de Segurança. Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Federal.

Como funcionava o esquema

Vágner Expedito Araújo Júnior , preso na sede da Jeep Tour. Foto de Celso Meira (O Globo)Foram presas 20 pessoas. Entre elas, sete policiais militares do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTUR). Um primeiro-tenente da PM estaria no grupo dos detidos. Segundo a Polícia Federal, o oficial recebia R$ 2 mil por semana da quadrilha. Entre os presos está também André Monerá Ramos, dono da Jeep Tour, empresa de aluguel de jipes para turistas. Ele foi encontrado em seu apartamento, em Copacabana. Também foi detido o gerente da Jeep Tour, Vagner Expedito Araújo Inácio (foto ao lado), apontado como responsável pelo esquema. Ele foi localizado na sede da empresa, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio. O local foi interditado e os agentes federais lacraram 40 jipes, que tiveram documentos e chaves apreendidos. Também foi preso o supervisor da Trade Rio, empresa responsável pela cobrança dos ingressos no Parque Nacional da Tijuca.

Segundo as investigações, a Trade Rio tinha um esquema fraudulento com empresas turísticas, dentre as quais a Jeep Tour seria a principal. A Trade não cobrava ingressos (que são de R$ 5 por veículo e R$ 5 por ocupante) das empresas. O acerto era feito aos sábados, quando as empresas turísticas repassavam à Trade o valor correspondente à metade do que deveria ter pago oficialmente pelo acesso ao Corcovado. Vigilantes do Parque Nacional da Tijuca também participavam. Eles são contratados de uma empresa chamada Juiz de Fora, que terceiriza o serviço.

- Foi comprovada a participação da Jeep Tour, ela comprovadamente participava. E acreditamos que em grande parte as operadoras de turismo de alguma forma tinham participação no esquema, seja por vontade própria ou por imposição, já que o esquema era mantido com apoio policial e quem não entrava ficava sob risco - informou o supervisor do Ibama, Rogério Rocco.

Por causa da operação Iscariotes, o acesso de carros ao Cristo Redentor está fechado a partir desta quinta. Equipes do Ibama orientam os motoristas a voltar à estação de trens do Corcovado ou seguir a pé. O Ibama implementará um novo sistema de cobrança, que deverá ser feito por meio de catraca, e de acesso com uso de vans. Nos próximos meses deverá ser concluída a licitação para nova contratação. Até o fim do processo, o Ibama colocará um sistema de transporte alternativo.

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