• Carregando...

O delegado Rodrigo Costa, da Polícia Federal do Rio, informou nesta quarta-feira que mais um envolvido no esquema de fraudes em licitações da Petrobras foi preso nesta manhã.

Ricardo Moritz estava em Santa Catarina e seria um dos laranjas do esquema. Ele também estaria envolvido no repasse de recursos para Organizações Não Governamentais.

Outros quatro acusados continuam presos, entre eles o policial federal Sergio Granja. De acordo com o delegado, um dos indiciados pode estar viajando, e talvez não saiba que há um mandado de prisão expedido contra ele.

A operação Águas Profundas, deflagrada nesta terça-feira, revelou a existência de uma quadrilha de 26 pessoas especializadas em fraudar concorrências da estatal.

Até agora, 14 pessoas já foram presas, mas quatro continuam foragidas. Entre as que foram detidas estão três funcionários da Petrobras: Carlos Alberto Pereira Feitosa, coordenador da comissão de licitação, Carlos Heleno Netto Barbosa, gerente geral da unidade de serviços, e Rômulo Miguel de Morais, gerente de plataforma.

Um dos maiores estaleiros do país, o Mauá Jurong, e a empresa de engenharia Iesa também estão envolvidos no esquema.

Estas empresas, segundo o Ministério Público, teriam se associado à Angraporto para fraudar as licitações envolvendo as plataformas P-14 e P-16.

A Angra Porto ganhou as licitações das plataformas P-10, P-14 e P-22, no valor de R$ 60 milhões. A Iesa venceu licitação com valor em torno de R$ 90 milhões para a plataforma P-14. Os dados da licitação da plataforma P-16, vencida pela Mauá Jurong, não foram informados.

Empresários presos se encontrariam com ministro

Em Brasília, foram detidos na terça-feira dois sócios-diretores do estaleiro Angra Porto Offshore. Wladimir Pereira Gomes e Fernando da Cunha Stérea planejavam conversar com um ministro de Estado sobre contratos relacionados ao setor energético. A PF não divulgou com quem seria o encontro.

Eles são acusados de pagar subornos a funcionários públicos para vencer concorrências e conseguir licenças ambientais. A Petrobras afastou os empregados envolvidos no esquema.

As investigações indicam que os réus ocultavam parte dos recursos ganhos com os contratos das licitações, valendo-se de empresas "fantasmas". "Com isto, foi desenvolvido um esquema para a circulação clandestina desses recursos, com emissão de notas fiscais falsas, possibilitando a sonegação de tributos federais", diz a nota do Ministério Público.

Outro esquema foi coordenado pelos denunciados Ruy Castanheira e Ricardo Secco, que desviavam recursos repassados pelo Governo do estado por meio de convênios sem licitação para ONGs que, em tese, se encarregariam da execução de programas sociais", acusa o MPF. Ricardo é pai da atriz Deborah Secco, e já é investigado por ter usado ONGs para desviar dinheiro do governo do estado durante a administração de Rosinha Garotinho.

A edição do Jornal Nacional desta terça-feira mostrou uma conversa telefônica gravada pela PF, que mostra dois diretores da Angraporto conversando sobre Rômulo Morais, funcionário da Petrobras.

- O que tem de coisa para vender para a 14 (P-14), cara, o que tem que o Rômulo quer botar na nossa mão você não tem idéia - diz um dos diretores, durante a conversa gravada.

Também foram denunciados, sem prisão decretada, dois diretores do estaleiro Mauá Jurong das áreas Corporativa, Paulo José Freitas de Oliveira, e Industrial, Antônio Carlos Vargas. O estaleiro não quis se pronunciar sobre o assunto.

Outro suposto envolvido com prisão decretada é Mauro Luiz Soares Progno, sócio da Angraporto, além dos empresários Simon Matthew Clayton, Cláudio Valente Scultori da Silva, Felipe Pereira das Neves Castanheira de Souza, Hilário dos Santos Matos.

Tiveram ainda a prisão decretada José Augusto Barbosa Reis, lobista, Ana Celeste Alves Bessa, funcionária da Feema, Laudezir Carvalho de Azevedo, diretora da Iesa Oil, Wilson Barbosa Brandão da Costa e Ricardo Moritz, laranjas de Ruy Castanheira.

Foram denunciados no esquema, porém sem prisão decretada, Carlos Roberto Velasco, Paulo Cesar Petersen Magioli, Valdir Lima Carneiro, Aurélio Gonçalvez Marques, Rodolfo Barbosa Brandão da Costa e José Antonio Vilanueva.

Fraudes acontecem há quatro anos

Segundo o procurador da República, Carlos Alberto Aguiar, autor da denúncia criminal, as fraudes vinham ocorrendo desde a criação do Angroporto, há quatro anos.

O Ministério Público Federal afirma, ainda, que as transferências foram realizadas pela Fesp (Fundação Escola do Serviço Público), por meio de convênios também sem licitação com as ONGs Inep (Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa da Administração); Inaap (Instituto Nacional de Aperfeiçoamento da Administração Pública); IBDT (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Treinamento); e CBDDC (Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Cidadania).Dois anos de investigações

As investigações começaram há dois anos com ajuda do Ministério Público Federal. Cerca de 55 equipes da Polícia Federal, num total de 250 policiais, estão fazendo buscas no Rio de Janeiro e no Interior do estado, desde as 6h desta terça-feira, com 18 mandados de prisão e outros 89 de busca e aprensão.

A polícia esteve num apartamento de São Conrado, área nobre do Rio, para prender um dos sócios do estaleiro Angra Porto. Como ele não estava, os agentes revistaram o apartamento e apreenderam diversos documentos. Além disso também levaram quatro carros de alto valor.

Em uma casa de um condomínio de luxo da Zona Sul do Rio, os policiais se surpreenderam ao encontrar armamento pesado. Entre outras armas, havia metralhadoras com mira a laser, pistolas, revólveres e espingardas. Também encontraram silenciadores. Algumas delas sem registro.

O pai do dono da casa, um empresário, explicou a policias que se tratava de uma coleção de seu filho. Os proprietários, no entanto, não estavam no local.

No entanto, os policiais também acharam estranho que algumas delas estavam guardadas, carregadas com munição.

Foram feitas também buscas nas duas sedes do Angra Porto, uma em Botafogo e outra em Angra dos Reis. De acordo com o Ministério Público, outras empresas se associaram ao Angra Porto para fraudar licitações. O grupo Angra Porto ainda não se pronunciou.Petrobras afasta funcionários

A Petrobras divulgou uma nota informando que já estava ciente das investigações sobre fraudes em licitações de plataformas da Petrobras, mas que não tomou nenhuma medida até hoje, a pedido da Procuradoria da República do Estado do Rio de Janeiro. Segundo a empresa, todo apoio necessário foi dado durante a investigação da Polícia Federal.

Hoje, depois de deflagrada a operação "Águas Profundas", a companhia afastou de suas funções os empregados envolvidos e instalou uma comissão de sindicância para apurar imediatamente as possíveis irregularidades.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]