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Senador pediu para Cachoeira pagar despesas com táxi-aéreo

Nas interceptações feitas pela Polícia Federal, o senador Demóstenes Torres (DEM) pede para o contraventor Carlinhos Cachoeira pagar uma despesa dele com táxi-aéreo no valor de R$ 3 mil. Em outra gravação, segundo informações dos investigadores da PF, o senador fez "confidências" ao bicheiro Cachoeira sobre o resultado de reuniões reservadas que teve com autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.

O relatório da PF revela ainda que, desde 2009, Demóstenes usava um rádio Nextel (tipo de telefone) habilitado nos Estados Unidos para manter conversas secretas com Cachoeira. Segundo a polícia, os contatos entre os dois eram "frequentes". A informação reapareceu nas investigações da Monte Carlo. Na sexta-feira, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN), afirmou que a situação do seu partido com as denúncias é "incômoda". (AE)

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhará nas próximas horas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de investigação para apurar o envolvimento de parlamentares com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O inquérito deve apurar a ligação do bicheiro com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e deputados federais que aparecem nas interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça.

Fragilizado pelas denúncias, nesta terça-feira (27) Demóstenes renunciou à liderança do DEM no Senado.

Carlinhos Cachoeira foi preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, em fevereiro, suspeito de chefiar uma quadrilha de exploração de jogos ilegais.

A informação sobre a abertura da investigação foi repassada por Gurgel aos parlamentares da Frente Mista de Combate à Corrupção. A assessoria de imprensa da PGR confirmou a informação. "O procurador nos informou que vai pedir a abertura de investigação. Vai ser nas próximas horas, não sei se é hoje ou amanhã", disse o senador Randolfo Rodrigues (PSOL-AP).

Os parlamentares que integram a frente protocolocaram junto à PGR uma carta em que pediam urgência na análise do caso. "Com o material que foi entregue a essa Procuradoria há dois anos e meio, complementado pelo de agora, originário da Operação Monte Carlo, acreditamos que o MP tenha elementos suficientes para se definir sobre abertura de inquérito junto ao STF. Muito além de simples relação de amizade com o conhecido 'empresário' de Goiás, há indícios robustos de tráfico de influência e favores, informações privilegiadas e generosas ofertas em dinheiro e bens para autoridades públicas", diz o texto protocolado.

Deputados e senadores que integram a frente e líderes de partidos reclamavam da demorar de Gurgel para analisar o caso. Reportagem publicada pelo jornal O Globo na sexta-feira (23) revela que o procurador-geral da República recebeu, em 2009, documentação de outra investigação, precedente à operação Monte Carlo, que aponta a proximidade de Cachoeira com Demóstenes Torres e os deputados Carlos Leréia (PSDB-GO) e João Sandes Júnior (PP-GO).

A operação ainda apontou a relação do contraventor com o deputado Rubens Otoni (PT-GO). Gurgel, no entanto, não deu prosseguimento à denúncia e nem a arquivou. Somente nesta terça-feira ele se manifestou sobre o caso.

O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro(PT-BA), chegou a demonstrar grande irritação ao ver negado pedido de agenda com o procurador geral da República, para lhe entregar um novo pedido de informações sobre as providências tomadas pela PGR em relação aos parlamentares envolvidos no escândalo do contraventor Carlos Cachoeira.

"O Gurgel disse que passaria o dia inteiro num seminário. Eu acho até melhor. Não quero conversa, não. Minha relação com ele vai ser protocolar: que ele cumpra sua função. Tem oito dias que eu pedi formalmente informações e nenhuma manifestação foi dada para me responder. Não faço questão nenhuma de falar com ele. O maior descaso dele não é em não nos receber, é em não responder o que pedi há oito dias", protestou Pinheiro.

O líder do PT pensou até em representar contra o procurador geral, caso ele não respondesse aos pedidos oficiais de informações. Ao ser questionado se Gurgel estava "engavetando" uma investigação que acontece há três anos, sem provocar o STF, Pinheiro respondeu: "Mais do que ilação, estou cobrando que ele faça o seu trabalho".

Integrante da Frente Mista de Combate à Corrupção, o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) também reclamou do procurador pela manhã. "Nós tentamos desde sexta-feira e ontem (segunda-feira) com insistência marcar este encontro. Pelo visto, o procurador não anda muito célere, mesmo para marcar uma audiência com senadores e deputados", disse. "Muito além de simples relações de amizade há indícios robustos de tráfico de influência e favores, informações privilegiadas e generosas ofertas em dinheiro e bens para autoridades públicas".

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