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Chinaglia: proposta foi alternativa para escapar da pressão dos deputados e senadores pelo aumento do valor de sua cota individual de emendas | Roosevelt pinheiro/ABr
Chinaglia: proposta foi alternativa para escapar da pressão dos deputados e senadores pelo aumento do valor de sua cota individual de emendas| Foto: Roosevelt pinheiro/ABr

Plano Plurianual destina R$ 18 bi para sedes da Copa

O relator do Plano Plurianual 2012-2015, senador Walter Pinheiro (PT-BA), entregou ontem a versão preliminar de seu relatório na Comissão Mista de Orçamento (CMO), em que mantém o texto original do Executivo e abre prazo para emendas. O projeto reserva R$ 18 bilhões aos projetos de mobilidade urbana para as 12 cidades sede da Copa do Mundo em 2014 e prevê a duplicação da capacidade dos principais aeroportos, para que possam receber 305 milhões de passageiros por ano.

Pinheiro disse que vai trabalhar em conjunto com o relator-geral do orçamento de 2012, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), para promover os ajustes necessários que assegurem a compatibilidade entre o PPA e a lei orçamentária. O orçamento para o ano que vem prevê um aumento de receita de R$ 25,6 bilhões. Desse total, Chinaglia deve destinar R$ 10 bilhões para o pagamento de despesas continuadas, incluindo eventuais aumentos de servidores. Se esta projeção for mantida, Pinheiro terá de acrescentar R$ 40 bilhões ao seu relatório, a fim de garantir R$ 10 bilhões anuais, nos próximos quatro anos, para esta rubrica.

Na área social, a Previdência Social fica com a maior parte dos recursos, R$ 1,4 trilhão, seguida do programa de aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS), com R$ 316,7 bilhões. A previsão é de que o Plano Brasil sem Miséria receba R$ 20 bilhões por ano, considerando-se a ampliação do Bolsa Família para mais 800 mil famílias. Atualmente são 13 milhões de famílias atendidas.

Na área de infraestrutura a maior fatia dos recursos vai para as ações de moradia popular, cujo carro-chefe é o programa Minha Casa, Minha Vida, que receberá R$ 389,7 bilhões. A previsão é construir mais 2 milhões de moradias até o fim do atual governo. A área de petróleo e gás receberá R$ 227,7 bilhões, sendo que a estimativa do projeto é de que, nos próximos quatro anos, o país esteja produzindo 3,1 milhão de barris por dia.

Agência Estado

Câmara Federal

Governo vai enfrentar resistência para aprovar DRU

O debate de quase dez horas de discussão na madrugada de ontem, na comissão especial da Câmara dos Deputados, para conseguir aprovar a prorrogação da chamada Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 31 de dezembro de 2015 foi um alerta para o Palácio do Planalto de que no plenário da Câmara a votação não será fácil, muito menos rápida.

A votação em plenário está prevista para o dia 26, mas até aliados do governo admitem votar contra a ideia de prorrogar até dezembro de 2015 esse mecanismo que dá ao governo autorização para mexer livremente em 20% do orçamento da União, o que representará, em 2012, R$ 62,4 bilhões referentes à arrecadação de contribuições sociais. A sessão foi marcada por bate-boca, gritos e muitas cenas de impaciência.

Eram mais de 4 horas da manhã de ontem quando a comissão aprovou, por 17 votos a favor e três contra, o parecer do deputado Odair Cunha (PT-MG), favorável à prorrogação da DRU.

Líderes governistas avaliam que a votação da DRU no plenário na próxima quarta-feira nem terminará no mesmo dia, com destaques ao texto ficando para depois do feriado do dia 2 de novembro. Mas a disposição do Planalto é de votar tudo semana que vem, para a emenda constitucional entrar em tramitação no Senado.

Agência O Globo

O governo federal resistiu à ideia do relator-geral do orçamento, deputado Arlindo Chinalglia (PT-SP), de criar as emendas de iniciativa popular para municípios de até 50 mil habitantes, por temer o aumento da pressão pelo pagamento de emendas dentro do orçamento da União. A guerra anual de deputados e senadores – que apresentam emendas ao orçamento para beneficiar suas bases eleitorais – pela liberação e pagamento de emendas ganha agora o reforço direto de quase 5 mil prefeitos, que, sem intermediários, passariam a cobrar os recursos do Ministério do Planejamento e do Palácio do Planalto os recursos.

Hoje, na prática, o governo não paga a maior parte das emendas dos parlamentares, o que sempre gera tensão na relação do Planalto com os aliados no Congresso – agora mesmo, os deputados aliados estão ameaçando dificultar as votações do governo na Câmara por causa do atraso no pagamento das emendas já aprovadas em anos anteriores, os chamados restos a pagar.

O governo sabe que é grande o potencial de barulho dos 4.953 prefeitos que poderão ter, cada um, uma emenda que varia de R$ 300 mil a R$ 600 mil. Não será apenas mais um item de reivindicação na tradicional marcha anual dos prefeitos, mas provocará uma verdadeira romaria pelos ministérios em busca desses recursos.

O Planalto fez chegar ao relator do orçamento essas suas preocupações, mas os operadores políticos do governo na Comissão de Orçamento sabem que não pode impedir a aprovação da proposta de Chinaglia.

E agora que a proposta já foi apresentada, com previsão de recursos da ordem de R$ 2,2 bilhões para cobrir essas emendas municipais, a melhor solução é mesmo aprová-la. Caso contrário, os parlamentares tentarão pegar esses recursos e destiná-los às suas emendas individuais, e às de bancadas.

Diante da aprovação quase que unânime no Congresso à proposta de Chinaglia, o vice-líder do governo no Congresso e responsável pelas negociações na Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Gilmar Machado (PT-MG), também defende a ideia. Para ele, esse tipo de emenda teria de ser lançado "em algum momento" e serve para democratizar o orçamento. E nega uso eleitoreiro.

O PT adotou proposta semelhante em cidades governadas pelo partido, como em Porto Alegre, nos anos 90, dentro dos chamados orçamentos participativos.

A obrigatoriedade de realização de audiência pública – para tentar evitar que o prefeito se aproprie da emenda e da obra – foi uma sugestão dos técnicos. Com isso, a emenda não fica dependente do parlamentar. Ou seja, os pedidos serão feitos diretametne à CMO, e não na sistemática de o prefeito procurar um parlamentar de sua base e pedir que ele apresente uma emenda, beneficiando a cidade ou entidade de interesse.

A proposta de emenda popular foi construída por Chinaglia como uma alternativa para escapar da pressão dos deputados e senadores pelo aumento do valor de sua cota individual de emendas. Chinaglia criou novos gastos de R$ 2,2 bilhões para as emendas dos municípios, mas manteve a cota dos parlamentares nos R$ 13 milhões já fixados para 2011, o que dá um gasto total de R$ 7,7 bilhões com os 513 deputados e 81 senadores.

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