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Suspeita de corrupção

Planilhas colocam JBS na mira da Lava Jato

Principal doadora de campanhas eleitorais em 2014 é investigada por suposto contrato com delator do esquema

Paulo Roberto Costa | Ueslei Marcelino/ reuters
Paulo Roberto Costa (Foto: Ueslei Marcelino/ reuters)

Documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) colocam a JBS, dona da Friboi, nas investigações da Operação Lava Jato. Uma planilha encontrada no computador do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa indica que ele firmou contrato para serviços de consultoria para o Grupo J&F, controlador da JBS.

Também foram detectados depósitos de R$ 800 mil do frigorífico em duas contas de uma empresa de fachada ligada ao doleiro Carlos Habib Charter, preso em Curitiba desde março. Maior indústria de carnes do mundo, a JBS foi a maior financiadora de campanhas eleitorais no ano passado, com R$ 352 milhões em doações.

Os depósitos da JBS apareceram na quebra de sigilo da empresa "Gilson M. Ferreira Transporte ME", sediada em São José Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Além da JBS, outros empreendimentos do Paraná apareceram nas movimentações bancárias suspeitas (leia ao lado).

Até agora, sabia-se que o J&F havia sido procurado por Costa, em 2012, para que o grupo comprasse uma prestadora de serviços da Petrobras, a Astromarítima, que aluga embarcações para exploração de petróleo no mar. Em abril de 2014, o J&F disse que o negócio não prosperou. Costa atuava como consultor da Astromarítima, num pré-contrato com comissão de 5% no caso de o negócio ser fechado.

A planilha encontrada no computador indica que um dos contratos em vigor era com a J&F. O contrato é de dezembro de 2012, tinha validade de cinco anos e previa pagamento de 2,5% de comissão nos negócios fechados.

Não há indicação, na planilha, sobre o motivo da consultoria. O grupo J&F diz que eram negociações para a compra da Astromarítima.

A PF também encontrou anotações na agenda de Costa que citam como os valores supostamente recebidos do J&F seriam divididos. Há a sugestão de que parte do dinheiro seria devolvida ao grupo controlador da Friboi.

Na agenda, a PF achou pelo menos três registros dos negócios envolvendo os nomes "J&F". Em uma delas, Costa anotou "J&F 29/10/12". Ao analisar a anotação manuscrita, os agentes escreveram: "indica ser Grupo JBS - Friboi e Banco Original [banco que pertence ao grupo]".

Logo abaixo estão anotados porcentuais que, para a PF, são as comissões dos envolvidos. "Success fee 3% J&F 3% empresa". Ao lado está anotado "75% Paulo 25% Franklein". "Franklein" é, segundo os investigadores, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, executivo da OAS preso em novembro por suspeita de integrar o cartel que abastecia o esquema de corrupção e propina na Petrobras.

À PF, Medeiros negou atos ilícitos. O J&F nega que tenha fechado contrato com Costa e que tenha feito pagamentos a ele.

Bolsa

Após a revelação das suspeitas sobre a JBS em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, as ações da empresas tiveram uma das quedas mais expressivas na Bolsa nessa segunda-feira (5): 2,16%. Durante o dia, a JBS chegou a cair até 5,45%, mas amenizou a perda pela tarde.

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