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Um cabo da Polícia Militar que fazia a guarda do Palácio Guanabara foi preso ao chegar ao trabalho na manhã desta sexta-feira. Adelino Correia, de 37 anos, e a mulher dele, Sandra Lopes Arruda, são acusados de exploração sexual de menores, seqüestro e cárcere privado. Segundo denúncia do Ministério Público estadual, eles se utilizavam de ameaças e violência para lucrar com adolescentes que se prostituem na orla da Barra da Tijuca, na Avenida Sernambetiba, Zona Oeste, do Rio de Janeiro.

Gravações de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça flagram policiais militares do 31º BPM (Barra da Tijuca) encomendando a Sandra "criancinhas" para uma festa que seria realizada neste sábado, dia 11, com previsão de presença de mais de 100 policiais militares. Pelo menos uma das ligações foi feita através de uma linha instalada na sala da P2 (Serviço Reservado) do próprio batalhão.

O cabo Adelino foi preso às 7h30m. No armário do policial, no Palácio Guanabara, foi encontrado um álbum com diversas fotografias de mulheres exploradas pela quadrilha. Sandra foi detida em casa, na Favela da Tijuquinha, no Alto da Boavista. Com ela os policiais encontraram a contabilidade com a relação de nomes das jovens, catálogos pornográficos e uma farda da Polícia Militar.

De acordo com a investigação e a denúncia dos promotores Márcio Mothé e Delma Acioly, foi comprovado o encaminhamento, pelo policial e a mulher, de "criancinhas" para "uns americanos" que participarão de um campeonato da Associação Brasileira dos Profissionais de Golfe, em 15 de agosto, no Itanhangá Golf Clube. O agendamento do programa foi feito por Sandra com Kikinho, homem ainda não identificado.

Na ligação que partiu da P2 do batalhão da Barra, um policial ainda não identificado pede a Sandra também "umas criancinhas" para a festa do dia 11 de agosto. A ligação foi feita no dia 29 de julho, às 18h04m.

Como começou a investigação

O primeiro passo da investigação foi quando policiais do Grupo de Apoio às Promotorias de Justiça (GAP) suspeitaram que algumas das garotas que faziam programa na Avenida Sernambetiba eram menores e pediram a quebra do sigilo telefônico de duas delas. As escutas foram determinadas pela juíza Ivone Caetano, do Juizado da Infância e da Juventude e do Idoso, e realizadas na própria Secretaria de Segurança. A gravações revelam diálogos entre a agenciadora e o policial militar. Em uma das conversas, Adelino Corrêa proíbe que as garotas saiam do apartamento, mantido pelo casal.

Sandra:Eu estou pedindo a elas para levantar, elas ficaram deitadas. Eu falei: "vou ao shopping pagar o cartão". Tranquei a porta. Não tem nada para comer. Tranquei a porta e desci.

Correia:Isso aí. Tranqüilo.

O PM ainda cobra multas a quem desobedecia às regras impostas pelo casal.

Sandra: Eu não mandei ela sair do táxi. Ela estava comigo. Pegou carona com outro. Eu falei assim: "Só que eu vou passar, para não ter gracinha até com o meu nome".

Correia: Escuta só. Você fala que eu não gostei. R$ 300,00 para cada uma.

De acordo com os promotores, o PM Adelino já fez parte da milícia do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, e atualmente comandava a área da Tijuquinha, onde Sandra foi presa. Pelos crimes, Adelino e Sandra podem ser condenados a 18 anos de reclusão.

- Um agente da lei que deveria servir como um exemplo. Ele deveria honrar a farda que veste, mas estava ali no papel de cafetão e, ainda por cima, lotado no Palácio da Guanabara. Estava ali auferindo lucro e explorando essas pessoas, que estavam ali em um verdadeiro regime de escravidão - afirmou o promotor Márcio Mothé.

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