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Temer e Dilma: vice-presidente tentará apaziguar os ânimos em reunião com peemedebistas | Ueslei Marcelino/ Reuters
Temer e Dilma: vice-presidente tentará apaziguar os ânimos em reunião com peemedebistas| Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters

Objetivo

Partido quer recuperar a "cota" que teve na gestão do ex-presidente Lula

A cúpula do PMDB pretende pressionar a presidente Dilma Rousseff para que o partido volte a ter a "cota ministerial" que já teve no governo de Lula. Atualmente, os peemedebistas ocupam 5 dos 39 ministérios: Agricultura, Previdência Social, Aviação Civil, Turismo e Minas e Energia. Durante a gestão de Lula, o PMDB chegou ter seis ministros de pastas mais importantes e de peso político: Saúde, Comunicações, Integração Nacional, Defesa, Agricultura e Minas e Energia. Se a pressão não surtir efeito, a tese do desembarque do PMDB do governo tende a ganhar força. "Por que vou dar os cinco minutos de TV do PMDB para o PT [na propaganda eleitoral]? Hoje em dia a aliança só interessa aos petistas", disse um líder peemedebista envolvido nas negociações que pediu para não ter o nome divulgado.

Insatisfeito com a partilha do governo na reforma ministerial, o PMDB resgatou ontem uma antiga ameaça: abandonar o governo e não apoiar a presidente Dilma Rousseff (PT) na campanha eleitoral deste ano. A insatisfação cresceu após reunião de segunda-feira à noite entre Dilma e o vice-presidente Michel Temer (PMDB). A presidente comunicou Temer que, na reforma ministerial que irá promover nas próximas semanas, vai deixar o Ministério das Cidades sob comando do PP, partido que já ocupa a pasta com Aguinaldo Ribeiro. A presidente também não se comprometeu a ceder ao senador peemedebista Vital do Rêgo (PB) a pasta da Integração Nacional – que era ocupada pelo PSB do agora presidenciável Eduardo Campos.

Lideranças do PMDB reagiram mal à resistência de Dilma em atender às reivindicações da sigla. E ontem voltaram a falar em antecipar de junho para abril a convenção nacional do partido que discutirá o caminho da legenda nas eleições presidenciais. Na prática, a antecipação do calendário guarda uma ameaça velada: o risco de desembarque do PMDB do governo e da campanha de Dilma.

Blefe

O Planalto ainda vê o gesto como blefe e, ao menos por ora, duvida de uma medida drástica como essa. O PMDB teria mais a perder do que a ganhar ao migrar para a oposição. A sigla perderia o comando de cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Turismo, Agricultura e Secretaria de Aviação Civil). E ficaria sem perspectiva de voltar a ocupá-los.

Assessores da pré-campanha de Dilma avaliam que os peemedebistas teriam dificuldades de migrar para a campanha de Eduardo Campos (PSB-PE) à Presidência, diante da resistência da ex-senadora Marina Silva em receber integrantes de uma legenda tida como "fisiológica". Mas o ingresso do PMDB na provável candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) é visto como mais fácil.

Apesar de considerar que a ameaça peemedebista é um blefe, o Planalto designou Temer – que pretende concorrer novamente a vice da Dilma – para tentar apaziguar os ânimos. Ele passou o dia de ontem convocando líderes peemedebistas para uma reunião hoje à noite.

Temer vai reforçar os argumento da presidente exposto na segunda-feira: o governo precisa contemplar outros aliados – como PTB, Pros e PSD – na reforma ministerial. Isso seria necessário para evitar que essas siglas migrem para a oposição. No encontro com Temer, a presidente disse que o PSD de Gilberto Kassab está sub-representado, e que PTB e Pros ainda não têm cargos no primeiro escalão.

Clima ruim

Na reunião de hoje, os peemedebistas tentarão chegar a um acordo sobre a estratégia a ser adotada. Mas a insatisfação do PMDB com o Planalto é grande. Lideranças da legenda avaliam que a estratégia de Dilma só a beneficia e não contempla os interesses do principal aliado. "O clima está tenso. Tentaremos organizar e unir o PMDB", afirmou o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

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