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Relações institucionais

PMDB cobra cargos e faz ameaça ao Planalto

Peemedebistas pedem que Dilma faça nomeações e “alertam” a presidente sobre votações problemáticas para o governo no Congresso

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (de costas), conversa com o líder do partido no Senado, Renan Calheiros, observado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ): concordância sobre cargos, mas não de nomes | Dida Sampaio/AE
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (de costas), conversa com o líder do partido no Senado, Renan Calheiros, observado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ): concordância sobre cargos, mas não de nomes (Foto: Dida Sampaio/AE)

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Brasília - Embora dividido internamente, o PMDB voltou ontem a fazer exigências para a presidente Dilma Rousseff em troca do apoio do partido no Congresso. Líderes da legenda se reuniram com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Na pauta, a nomeação de peemedebistas para cargos no governo e a ameaça de que o partido possa votar contra as orientações do Planalto caso seja contrariado.

Antes da reunião, o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que o encontro serviria para fazer "alertas" ao Planalto sobre votações importantes que estão pautadas no Congresso. Segundo ele, o partido iria tocar em dois pontos sensíveis ao governo: a negociação da votação da regulamentação da Emenda 29, que aumenta os gastos com a saúde; e a Proposta de Emenda Cons­­titucional (PEC) n.º 300, que estabelece um piso salarial para os policiais militares de todos os estados e cujo reajuste seria bancado em parte pela União. O Planalto é contra as duas propostas, pois elas preveem aumento de gastos.

"Vamos prevenir o governo dessas votações para que não se repita o que aconteceu no Código Florestal [quando governo perdeu a votação na Câma­­­ra]", disse Alves. "É uma agenda pesada que vai entrar na pauta do Congresso. Temos que ver como o governo vai descascar esse abacaxi."

Já as declarações do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e do líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), contra a proposta do governo de manter sigilo no orçamento da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 também foram interpretadas como um recado do partido para que haja a nomeação de peemedebistas. A afirmação de Sarney foi dada na segunda-feira e a de Jucá, ontem. O governo defende o sigilo como forma de baratear as propostas apresentadas pelas empreiteiras que participarão das licitações referentes à Copa e à Olimpíada.

Lideranças do PMDB tanto da Câmara quanto do Senado admitiram publicamente que o partido quer ver as nomeações sendo oficializadas. O deputado Henrique Eduardo Alves admitiu que há "pendências de cargos para resolver". "Mas essa será a parte final da conversa [com Ideli]", disse ele. "É inevitável que a gente converse sobre isso [nomeações]", disse o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).

Divisão interna

Apesar da concordância sobre a indicação de mais peemedebistas para compor o governo, o partido está dividido internamente em torno do nome a ser indicado para a liderança do governo no Congresso. No Senado, a pressão é para que seja o senador Eduardo Braga (PMDB), ex-governador do Amazonas. Já na Câmara, os peemedebistas querem ver a indicação de deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS).

Os deputados do partido acham que a presidente Dilma tem prestigiado muito o Senado nas recentes nomeações. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, é senadora licenciada e Ideli, ex-senadora. Nos bastidores, já era dado como certo que a presidente recusou Men­­des Ribeiro, o que causou rebuliço dos peemedebistas da Câmara. "Não estou sabendo de nada. Ninguém me avisou que não será o Mendes", desconversou Henrique Eduardo Alves.

Para piorar a situação do PMDB, o PT do Senado decidiu lançar o nome do senador Walter Pinheiro (PT-BA) para a liderança do governo.

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