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O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (de costas), conversa com o líder do partido no Senado, Renan Calheiros, observado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ): concordância sobre cargos, mas não de nomes | Dida Sampaio/AE
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (de costas), conversa com o líder do partido no Senado, Renan Calheiros, observado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ): concordância sobre cargos, mas não de nomes| Foto: Dida Sampaio/AE

Ideli diz que não pode atender a todos pedidos

Pressionada pelo apetite do PMDB, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, afirmou ontem, antes da reunião com lideranças peemedebistas, que haverá frustração dos partidos da base aliada nas nomeações pedidas pelos partidos para os cargos de segundo e terceiro escalões.

Na reunião, Ideli seria cobrada para que a presidente Dilma Rousseff promova a nomeação de 48 peemedebistas para cargos na administração federal, além da liberação de emendas parlamentares bloqueadas e de maior participação do partido nas decisões do governo.

"Não tem como trocar tudo [todos os cargos pleiteados pelo PMDB], pois este é um governo de continuidade e não de rompimento", disse Ideli. "Os ajustes estão sendo debatidos e serão feitos aos poucos." O assunto, afirmou Ideli, está sendo discutido com os ministros das áreas respectivas.

Ideli disse ainda que existe um volume de expectativa pelos cargos maior do que o número de postos disponíveis. "Nós não iremos atender a toda a expectativa. Os ajustes serão os absolutamente necessários. Não tem cabimento achar que haverá trocas significativas. Serão meramente ajustes", insistiu. Ela explicou que há pedidos de cargos em diretorias de bancos, no sistema elétrico e na Petrobras. "Se as expectativas não forem atendidas, não podem ser questionadas porque não temos uma ruptura de projeto e os partidos tinham clareza disso", afirmou a ministra.

Líder

Além das reivindicações, a ministra ainda afirmou que a escolha do futuro líder do governo no Congresso, cargo pleiteado tanto pelo PMDB da Câmara como do Senado, não deve ocorrer nesta semana. Os peemedebistas da Câmara indicaram o deputado Mendes Ribeiro Filho (RS); os do Senado, o senador Eduardo Braga (AM). (AE)

Brasília - Embora dividido internamente, o PMDB voltou ontem a fazer exigências para a presidente Dilma Rousseff em troca do apoio do partido no Congresso. Líderes da legenda se reuniram com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Na pauta, a nomeação de peemedebistas para cargos no governo e a ameaça de que o partido possa votar contra as orientações do Planalto caso seja contrariado.

Antes da reunião, o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que o encontro serviria para fazer "alertas" ao Planalto sobre votações importantes que estão pautadas no Congresso. Segundo ele, o partido iria tocar em dois pontos sensíveis ao governo: a negociação da votação da regulamentação da Emenda 29, que aumenta os gastos com a saúde; e a Proposta de Emenda Cons­­titucional (PEC) n.º 300, que estabelece um piso salarial para os policiais militares de todos os estados e cujo reajuste seria bancado em parte pela União. O Planalto é contra as duas propostas, pois elas preveem aumento de gastos.

"Vamos prevenir o governo dessas votações para que não se repita o que aconteceu no Código Florestal [quando governo perdeu a votação na Câma­­­ra]", disse Alves. "É uma agenda pesada que vai entrar na pauta do Congresso. Temos que ver como o governo vai descascar esse abacaxi."

Já as declarações do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e do líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), contra a proposta do governo de manter sigilo no orçamento da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 também foram interpretadas como um recado do partido para que haja a nomeação de peemedebistas. A afirmação de Sarney foi dada na segunda-feira e a de Jucá, ontem. O governo defende o sigilo como forma de baratear as propostas apresentadas pelas empreiteiras que participarão das licitações referentes à Copa e à Olimpíada.

Lideranças do PMDB tanto da Câmara quanto do Senado admitiram publicamente que o partido quer ver as nomeações sendo oficializadas. O deputado Henrique Eduardo Alves admitiu que há "pendências de cargos para resolver". "Mas essa será a parte final da conversa [com Ideli]", disse ele. "É inevitável que a gente converse sobre isso [nomeações]", disse o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).

Divisão interna

Apesar da concordância sobre a indicação de mais peemedebistas para compor o governo, o partido está dividido internamente em torno do nome a ser indicado para a liderança do governo no Congresso. No Senado, a pressão é para que seja o senador Eduardo Braga (PMDB), ex-governador do Amazonas. Já na Câmara, os peemedebistas querem ver a indicação de deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS).

Os deputados do partido acham que a presidente Dilma tem prestigiado muito o Senado nas recentes nomeações. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, é senadora licenciada e Ideli, ex-senadora. Nos bastidores, já era dado como certo que a presidente recusou Men­­des Ribeiro, o que causou rebuliço dos peemedebistas da Câmara. "Não estou sabendo de nada. Ninguém me avisou que não será o Mendes", desconversou Henrique Eduardo Alves.

Para piorar a situação do PMDB, o PT do Senado decidiu lançar o nome do senador Walter Pinheiro (PT-BA) para a liderança do governo.

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