
BRASÍLIA - A executiva nacional do PMDB ontem tentou esfriar as denúncias feitas pelo senador peemedebista Jarbas Vasconcelos (PE), que acusou, em entrevista à revista Veja, a maioria dos integrantes do partido de serem corruptos. Em nota oficial, o PMDB classificou a entrevista como um "desabafo" de Jarbas e afirmou que o partido "não dará maior atenção" à entrevista em razão da "generalidade" das alegações. Por isso, não investigará as acusações. Por outro lado, nos bastidores uma ala do PMDB começou a articular um pedido de expulsão do senador e ex-governador de Pernambuco.
Na entrevista, Jarbas Vasconcelos acusa o PMDB e a classe política de utilização de cargos públicos para obtenção de benefícios pessoais, por meio da "manipulação de licitações, contratações dirigidas e corrupção em geral". "(A entrevista) não aponta nenhum fato concreto que fundamente suas declarações. Ademais, lança a pecha de corrupção a todo o sistema partidário quando diz que a corrupção está impregnada em todos os partidos", diz a nota da cúpula do PMDB.
O presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), também repudiou as críticas do senador. "Nós, naturalmente, repudiamos a informação de que o PMDB é corrupto", afirmou Temer. Segundo ele, as informações de Jarbas foram genéricas e não precisas, quando ele tratou sobre corrupção e desvios de conduta no partido. Por isso, o comando da legenda não pretende investigar as acusações.
Temer afirmou ainda que, apesar das declarações do senador, não há intenção do partido em puni-lo. Porém, Temer admitiu que dará prosseguimento a uma eventual representação contra o senador pedindo sua expulsão do partido. Nos bastidores, já há uma articulação para que os senadores encaminhem um requerimento à Executiva solicitando a expulsão de Jarbas.
Ontem, o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) foi um dos mais enfáticos em cobrar explicações do colega. "Faz-se necessário que o ilustre senador diga publicamente se tem conhecimento de fatos ou possui provas que possam sustentar que tal afirmação me alcança", disse Mesquita.
Já o senador Pedro Simon (PMDB-RS) saiu em defesa de Jarbas. "Eu sou favorável a falar, criticar. Se o partido tem alguma dúvida, que abra um processo. Mas acho que ninguém vai querer que ele (Jarbas) fale tudo o que sabe", afirmou Simon, em um recado para a cúpula do partido.
Fora do Senado, a entrevista também repercutiu. O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou que Jarbas desrespeitou o partido ao generalizar suas críticas à legenda.



