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O Palácio do Planalto estuda uma fórmula para domar o apetite do PMDB depois do fortalecimento do aliado com o resultado das eleições municipais. O presidente Lula já estuda como equilibrar as forças governistas na disputa pelos comandos da Câmara e do Senado e, ao mesmo tempo, segurar o PMDB na condição de aliado preferencial até 2010. Apesar das negativas oficiais, já se admite nos bastidores até mesmo uma reforma ministerial após as eleições para as presidências das mesas diretoras do Congresso, a fim de aplacar a cobiça dos peemedebistas, que querem comandar as duas casas.

O que mais incomoda Lula é o jogo duplo do PMDB, que, apesar de estar no governo com seis ministérios e dezenas de outros cargos importantes, começa a acenar com a possibilidade de apoiar a candidatura do PSDB em 2010 – ou lançar candidato próprio. Pelo histórico do partido, o presidente já considera que os peemedebistas só vão estar no palanque do PT na sucessão presidencial se houver um favoritismo do candidato governista – no cenário mais provável, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Caso contrário, afirmam interlocutores de Lula, é certo que o PMDB irá, por gravidade, apoiar a provável candidatura tucana do governador José Serra (SP), se não construir candidatura própria.

Diante desse jogo de pressão, seja no Congresso ou em relação a 2010, ganha fôlego entre setores do PMDB e do PT a velha disputa por cargos do primeiro escalão. Os petistas têm dito que não aceitam um enfraquecimento político na eventual recomposição que será feita pelo governo. E já enviaram sinais ao Planalto em defesa do nome do presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), para o comando do Ministério da Saúde, a partir de fevereiro. Seria, segundo os petistas, uma forma de equilibrar forças e até mesmo fortalecer o nome de Chinaglia para a eventual disputa de um cargo majoritário em 2010.

De outro lado, o PMDB também já deu sinais de que venderá muito caro a manutenção do seu apoio, e setores do partido voltaram a cobiçar o controle do Ministério da Justiça.

"Está claro que o PMDB vai esperar até o último momento para fazer a negociação mais adequada ao partido. Por isso, para acomodar essa situação, o governo terá que oferecer compensações. E isto significa que o Planalto deve, sim, acenar com cargos", admitiu o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES).

A ofensiva do PMDB nos últimos dias assustou até mesmo o presidente. Mesmo porque, no jantar com a cúpula do partido, logo após o primeiro turno das eleições municipais, Lula avalizou a candidatura do deputado Michel Temer (PMDB-SP) para a presidência da Câmara. Mas sinalizou que gostaria de um entendimento no Senado em torno do PT. Na ocasião, os dirigentes peemedebistas não fizeram objeção.

Em conversas reservadas, Lula avalia que, se o PMDB ficar com o comando da Câmara e do Senado a partir de 2009, o Planalto ficará refém do aliado. Mas, ao mesmo tempo em que os mais agressivos exploram o poder de fogo do partido, os mais moderados acenam que fevereiro ainda está longe, e 2010 mais ainda. Ou seja, indicam que não têm pressa e que podem negociar até o último minuto.

"O direito é nosso, é do PMDB. Mas o momento não é oportuno e o futuro a Deus pertence. Ainda é muito cedo para o lançamento do nome de Tião Viana (PT-AC) para a presidência do Senado", disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que se divide no papel de integrante da bancada peemedebista e líder do governo no Senado.

O exemplo de força demonstrado pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), que decidiu partir para o enfrentamento contra o governador Jaques Wagner (PT-BA), passou a ser visto com grande desconfiança por auxiliares mais próximos de Lula. Um assessor palaciano ressaltou que o PMDB deve seguir o mesmo modelo de Geddel, que usou toda a estrutura do governo baiano e da máquina federal para fortalecer seu grupo político.

Apesar do clima de desconfiança com seu aliado preferencial, o presidente e seus auxiliares consideram que não podem abrir mão do PMDB, principalmente no momento em que o governo precisa de unidade da base aliada para aprovar medidas no Congresso com o objetivo de amenizar os efeitos da crise internacional.

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