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Adversários políticos de Jaime Lerner consideraram a entrevista concedida pelo ex-governador à Gazeta do Povo, publicada no último domingo, como o início de um retorno dele à carreira política. Lerner, no entanto, garante que não tem esse objetivo. Ele afirma manter seu domicílio eleitoral no Rio de Janeiro justamente para "não sofrer pressões nesse sentido".

As declarações do ex-governador, porém, atiçaram os opositores.

"Acho que o Jaime Lerner está voltando à cena para ser candidato à prefeitura de Curitiba em 2008. As declarações dele foram uma maneira de se reabilitar. Ele está querendo antecipar a disputa", disse o líder do PMDB na Assembléia Legislativa, deputado Antônio Anibelli. Segundo ele, o retorno de Lerner à cena política seria "maravilhoso", já que o principal concorrente dos peemedebistas, o prefeito Beto Richa (PSDB), ficaria ameaçado. "Todos estão dando a reeleição do prefeito Beto Richa como garantida. Com a entrada do Lerner, a disputa não estaria tão garantida assim", disse.

O deputado elogiou as críticas de Lerner em relação à implantação do metrô em Curitiba. "Nisso ele tem razão. O metrô de superfície seria o mais adequado", disse Anibellli.

Beto Richa, por meio de sua assessoria de imprensa, também respondeu ao ex-governador. O prefeito informou que tem trabalhado "arduamente" para garantir a qualidade do sistema de transporte e manter a tarifa justa. Segundo a prefeitura, o chefe do Executivo municipal entende que a cidade cresce e a população aumenta, por isso todos os projetos que possibilitem melhoria na qualidade de vida em relação à mobilidade do cidadão serão analisados. Na entrevista, Lerner afirmou que a discussão sobre o metrô é "apenas uma bandeira para as eleições".

A assessoria do prefeito afirmou ainda que a administração municipal sempre discute os assuntos com a população e que não há projetos descartados sem estudos e debates. De acordo com a prefeitura, o metrô é um projeto a longo prazo. Para Beto Richa, a qualidade do sistema de transportes curitibano vinha decaindo e melhorou muito nos últimos dois anos.

Já sobre a colocação ou não do petit pavé nas calçadas – outro tema criticado por Lerner –, a assessoria da prefeitura informou que essa não é uma discussão criada pela administração da cidade, mas sim pela população. Segundo o prefeito, o que está sendo feito pela cidade é a renovação das calçadas.

A defesa de Beto Richa não surte efeito junto a membros do PMDB, que querem as ações do prefeito desqualificadas. Por isso, as críticas do ex-governador em relação à urbanização ganham aliados no partido adversário. "O Lerner é um ótimo acupunturista urbano e tem uma visão de competência da cidade", afirmou o deputado estadual eleito Luiz Cláudio Romanelli (PMDB).

Já quanto às críticas do ex-governador aos assuntos que batem de frente com as defesas de Roberto Requião, como a privatização do Banestado, Romanelli parte para o ataque. "Fui deputado na época e sei que o Lerner mentiu quanto ao Banestado estar dando prejuízos de R$ 700 milhões por dia. Recebemos uma carta do então presidente do banco, Luiz Antônio Fayet, garantindo que o banco estava em situação confortável", disse.

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