
A convenção nacional do PMDB deve referendar hoje a aliança nacional com o PT para reeleger a presidente Dilma Rousseff. Lideranças do partido acreditam que a imensa maioria dos delegados votem pela manutenção da chapa, com o vice-presidente Michel Temer repetindo a dobradinha com Dilma. As lideranças peemedebistas afirmam, porém, que em um eventual segundo mandato de Dilma, a relação com o PMDB será diferente, com mais cargos e voz no governo.
"Em 2015 queremos um espaço mais justo, que enseje maior colaboração do PMDB e maior participação nas políticas públicas", disse recentemente o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). "O PMDB terá um papel mais proeminente", afirma o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, único paranaense membro da Executiva Nacional do partido.
Para Rocha Loures, o PMDB vai defender posições próprias no novo governo, mesmo que isso signifique bater de frente com o PT. "Somos contra qualquer regulação ou decreto limitador para a imprensa", diz o ex-deputado. A regulação da mídia é uma bandeira petista que acabou engavetada no primeiro mandato de Dilma. A presidente, porém, já teria avisado o PT de que pretende apoiar algumas mudanças em um segundo mandato. Entre elas estaria a determinação de que os meios de comunicação não possam ser objeto de monopólio ou oligopólio e que a produção e a programação de rádios e tevês devem atender aos princípios de produção regional e independente.
A condução da política econômica é outro ponto em que o PMDB pretende ser ouvido. "O PMDB é o fiador da aliança para as entidades empresariais. Temos sido muito procurados", diz Rocha Loures, sinalizando que a legenda poderia desempenhar um papel de bastião pró-mercado diante de uma provável guinada à esquerda do próximo governo.
Futuro
Ao mesmo tempo em que busca mais espaço na relação com PT, o PMDB pretende chegar a 2018 trilhando um caminho independente. Segundo Rocha Loures, a ideia do partido é sair com candidato próprio na próxima disputa presidencial. "Para isso temos de formar lideranças. Queremos eleger muitos governadores e recuperar a maior bancada da Câmara dos Deputados, que hoje é do PT."
É esse olhar futuro que, aposta Rocha Loures, vai levar o partido a optar pela candidatura própria no Paraná. "A leitura da base é de que se o PMDB se coligar com PSDB [do governador Beto Richa], o partido fica encolhido para as eleições municipais de 2016. É preciso alguém que levante a bandeira do 15 [número do PMDB] agora."



