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A Polícia Federal do Rio Grande do Sul irá solicitar à Justiça Federal, na próxima segunda-feira, que autorize a transferência dos 26 envolvidos na tentativa de megarroubo em Porto Alegre e que foram presos, nesta sexta-feira, pela Operação Facção Toupeira, da PF. Já está sendo cogitada a hipótese de transferência para a recém-inaugurada penitenciária federal de Catanduvas, região Oeste do Paraná.

O delegado Ildo Gasparetto, da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, disse na tarde deste sábado que vai solicitar à Justiça Federal do Paraná que transfira os presos mais perigosos.

Os outros seriam levados para um presídio em Fortaleza, de onde partiram os mandados de prisão e onde tramita o processo principal do roubo de R$ 164,8 milhões do assalto aos cofres do Banco Central.

Funcionários de bancos podem ter ajudado

A quadrilha presa na sexta-feira em Porto Alegre durante a Operação Toupeira da Polícia Federal pode ter recebido informações privilegiadas de funcionários de um dos dois bancos que seriam alvo do crime, o Banrisul e a Caixa Econômica Federal.

O delegado da Polícia Federal Ildo Gasparetto, que havia dito não acreditar nesta possibilidade, mudou o discurso:

- Durante a noite e depois dos inquéritos, temos praticamente certeza de que houve realmente a participação - afirmou, ressaltando que há indícios de a quadrilha recebeu informações privilegiadas sobre as medidas de segurança das instituições bancárias.

Na manhã de sábado, a polícia realizou perícia no túnel.

A operação "Toupeira", que prendeu 38 pessoas, frustrou um plano de assalto aos cofres de duas agências bancárias em Porto Alegre. Dos mandados de prisão executados, 26 foram no Rio Grande do Sul, sete em São Paulo, três em Maceió, um na Paraíba e um no Piauí.

A PF ainda procura 18 pessoas acusadas de envolvimento com a quadrilha. Todas elas já estão com mandado de prisão expedidos. A quadrilha está ligada ao assalto do Banco Central em Fortaleza, ocorrido em agosto de 2005, em que foram levados mais de R$ 150 milhões, no maior roubo registrado na história do país.

O grupo, que segundo o chefe da Divisão de Combate ao Crime Organizado da PF, Getúlio Bezerra, tem ligações com a principal facção criminosa do estado de São Paulo, foi preso em flagrante, quando preparava uma ação semelhante ao assalto do BC. A quadrilha tem como especialidade realizar grandes assaltos a bancos e a empresas de segurança bancária com escavação de túneis até as caixas-fortes das instituições.

Quando foi presa, a quadrilha cavava um túnel que já tinha cerca de 85 metros e desembocaria em agências do Banrisul e da Caixa Econômica Federal. Dez dos assaltantes estavam dentro do túnel, que estava sendo escavado a partir de um prédio alugado. Até tanques de oxigênio foram econtrados no túnel.

Plano em Maceió

Segundo a PF, antes de começar o túnel em Porto Alegre, o grupo teria arquitetado um outro túnel em Maceió, para assaltar uma agência da Caixal. O túnel na capital alagoana foi abandonado por problemas técnicos.

A PF faz diligências em 10 estados em busca de outros membros da quadrilha. Também foram expedidos pela Justiça três mandados de busca e apreensão de bens da facção criminosa que vende por mês 130 quilos de cocaína em 50 presídios de São Paulo.

Entre os 38 presos, está o criminoso conhecido como Balengo, ou DL, considerado um dos chefes da facção criminosa que coordena ataques a São Paulo e teria participado do seqüestro do repórter Guilherme Portanova e de Alexandre Callado, da TV Globo. A polícia de São Paulo não confirma a informação.

Outro preso é Raimundo Barbosa Neto, conhecido como Neto. Ele foi detido na cidade de Paranaíba, a 354 quilômetros da capital Teresina, com mandado judicial do estado do Ceará. Neto é acusado também de participar do assalto ao BC e de ser ligado à maior facção criminosa de São Paulo. Os policiais federais também cumpriram mandado de busca, apreensão e seqüestro de bens de Raimundo Neto.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou que a prisão do grupo pode ser considerada o maior golpe contra a organização que age nos presídios paulistas.

" Foi um golpe muito forte porque eles são pegos no que têm de vital, que é a causa final do crime, o dinheiro. "

- Foi um golpe muito forte porque eles são pegos no que têm de vital, que é a causa final do crime, o dinheiro. Então, essa operação os atinge fortemente - afirmou o ministro, que falou na sede da Polícia Federal em São Paulo.

Plano

A operação desta sexta-feira ganhou o nome de "Toupeira", em referência à escavação do túnel, e começou a ser planejada em agosto de 2005, depois do assalto ao Banco Central de Fortaleza, quando foi encontrado um cartão de telefone pré-pago na sede do banco no Ceará.

A partir deste cartão, a PF monitorou a rede de telefonia do grupo que agiu no assalto ao BC e descobriu que eles ordenavam o assalto aos bancos Banrisul e à Caixa Econômica Federal em Porto Alegre. O túnel escavado em Fortaleza tinha cerca de 80 metros de extensão e 70 centímetros de largura. Para entrar no cofre, a quadrilha perfurou o piso de ferro e revestido de concreto.

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