• Carregando...

A polícia fará buscas nesta quarta-feira nos cemitérios da área do Caju para tentar descobrir de onde saíram as cerca de 200 ossadas humanas despejadas no no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Os policiais também vão requisitar os livros de exumação de toda a Região Metropolitana.

Alças de caixão encontradas na terça-feira no lixão podem ajudar na identificação. Segundo a delegada Sandra Pinheiro, adjunta da 59 DP (Caxias), vários sacos plásticos com restos mortais tinham a inscrição "Q 24":

- Tudo leva a crer que toda a quadra 24 de algum cemitério foi esvaziada. Além dela, todas as alças encontradas são simples, o que significa que são de caixões usados em sepultamentos de baixo custo. Vamos investigar em quais cemitérios elas são utilizadas.

Um dos corpos localizados segunda-feira no aterro estava identificado com o nome no saco plástico. No lugar onde a pessoa morava, em Caxias, nenhum parente foi localizado.

MOTORISTA DEPÕE. O motorista do caminhão que despejou as ossadas no aterro prestou depoimento. Jorge Ferreira Campos, de 28 anos, disse que na noite de domingo transportou três carregamentos do Aterro Sanitário do Caju para o de Gramacho. Ao despejar o lixo da terceira viagem, uma pessoa viu que entre os detritos havia restos mortais em sacos pretos e a administração de Gramacho informou a polícia.

Na segunda-feira foram achadas cerca de cem ossadas, além de corpos em decomposição. Na terça-feira, chegou a 200 o número de ossadas encontradas no local.

Para o chefe da perícia, Roger Ancillotti, existem informações que podem ajudar os investigadores. Foram encontrados um marca-passo e próteses de fêmur. Se a polícia descobrir a procedência deles, poderá chegar ao nome dos mortos.

Investigadores estiveram no Cemitério do Caju e descobriram várias covas rasas abertas. Eles querem saber se existe alguma ligação com as ossadas encontradas em Gramacho.

Segundo o funcionário de plantão no Cemitério do Caju, todos os dias são abertas, de manhã, cerca de 15 covas rasas, mas todas são fechadas à noite, para, em caso de chuva, evitar o acúmulo de água e o risco da dengue. A Santa Casa negou que as ossadas tenham saído do cemitério.

CADÁVERES TÊM MAIS DE TRÊS ANOS. Os responsáveis pelo abandono das ossadas podem responder por violação de túmulo e desprezo ao cadáver, crimes que podem somar penas de até 600 anos de prisão.

- A gente tem a previsão de detenção de um a três anos. Só que, neste caso, a gente vai precisar cada uma dessas ossadas que foram desrespeitadas a um crime. Existe um concurso de crimes, e isso vai se multiplicar pelo número de ossadas encontradas - complementou a delegada.

Embora a Santa Casa de Misericórdia tenha afirmado que as ossadas não saíram de nenhum dos 13 cemitérios administrados pelo órgão, a delegada afirmou que continuará investigando todas as hipóteses. Informações do IML, para onde as ossadas foram encaminhadas, dão conta de que os cadáveres têm mais de três anos. Ainda conforme o instituto, isso indica que os restos mortais estavam mesmo enterrados em um cemitério legal.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]