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A quatro dias do início dos Jogos Pan-Americanos, policiais civis anunciaram que vão fazer uma operação-padrão durante a competição. Batizada de Código-de-Processo-Penal, a operação visa cumprir à risca o artigo 6º do Código Penal, que determina, entre outras coisas, a presença de um delegado em todos os locais de crime. A categoria decidiu ainda fazer uma paralisação de 48 horas.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil do Rio, Natalício Ferreira de Araújo, a greve deve continuar até que um acordo seja fechado com o governo. Ainda de acordo com Natalício, apenas 30% do efetivo vai permanecer trabalhando em delegacias e em alguns locais essenciais.

- Isso é o que determina a lei. A população tem que entender que a gente não quer fazer greve, mas estamos brigando desde 2001 com o governo e até agora nada foi feito - disse, lembrando que a operação-padrão será permanente:

- A operação é permanente. Vai prejudicar a população, com certeza vai, mas o que a sociedade tem que entender é que a polícia não quer greve, mas o governo não está fazendo a parte dele. Se o governo atender nossas reivindicações vamos parar com a operação.

Mais cedo, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse não acreditar que policiais civis possam entrar em greve. Beltrame, que assistiu a uma demonstração de armamento não letal como treinamento para o Pan, disse que está empenhado em atender às reivindicações dos policiais, mas que tem apenas seis meses no cargo. O secretário afirmou que tem conversado com o governador Sérgio Cabral a respeito do aumento da categoria.

Além de investigadores, também entram em greve peritos e papiloscopistas. Depois que decidiram pela greve, os policiais fizeram ainda uma passeata pela Rua Gomes Freire, no Centro, e invadiram o prédio do Instituto Médico-Legal (IML). Eles aguardam a chegada de uma equipe da saúde pública para interditar o lugar. Legistas denunciam a precariedade do serviço como, por exemplo, a falta de sistema de esgoto para escoar o sangue e outros materiais resultantes de necropsias, que são lançados diretamente na rede pluvial.

A imprensa teve acesso ao interior do IML, onde corpos e macas ocupam os corredores em condições insalubres. Numa das salas, há corpos cobertos por larvas. Os policiais não permitirão a retirada de corpos por carros funerários que estejam em desacordo com o Código Nacional de Trânsito ou sem notas fiscais dos serviços funerários.

A categoria marcou uma nova assembléia para a manhã desta quarta-feira para decidir se volta ou não ao trabalho. Com isso, o Rio corre o risco de ficar sem o trabalho dos policiais civis durante o Pan. Eles reivindicam a reposição da perda de uma gratificação especial que foi repassada para delegados, policiais militares e bombeiros.

No final da manhã desta segunda-feira, o secretário estadual de Gestão e Planejamento, Sérgio Ruy, se reuniu com os líderes do movimento e informou que não tem como dar reajuste para a categoria, alegando que o estado sem recursos. De acordo com o presidente do sindicato dos policiais civis, Fernando Bandeira, a gratificação representa cerca de 60% dos salários dos policiais, que recebem, em média, R$ 1.200.Segurança da Vila do Pan tem falhas

Policiais da Força Nacional de Segurança fazem guarda na Praia do Leme com a nova viatura que será utilizada pela força no Pan-Americano/ Michel Filho - O Globo (21/06) A segurança da Vila Pan-Americana, na Barra da Tijuca, onde já estão hospedados alguns atletas brasileiros e estrangeiros, ainda tem muitas falhas. No domingo, o jornalista Jorge Luiz Rodrigues, do jornal "O Globo", passou por várias barreiras de policiamento e teve acesso a áreas restritas apenas às delegações, ante o olhar impassível de voluntários e de membros da Força Nacional de Segurança (FNS).

O jornalista teve acesso à área proibida à imprensa, por duas vezes, entre 14h45m e 17h de domingo, sem ter sido barrado uma única vez por agentes da Força Nacional, policiais à paisana, bombeiros e voluntários do Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos (CO-Rio).Treinamento não letal

Um grupo de 160 homens da Força Nacional de Segurança e das polícias civil e militar encerraram nesta segunda o treinamento para o uso de armamentos não-letais durante o Pan. Os agentes vão utilizar apenas armamentos não-letais no policiamento ostensivo e no controle de distúrbios em torno dos locais de competição. Ministrado por especialistas, o curso ensina os policiais a utilizarem spray de pimenta, bomba de gás lacrimogêneo, granadas de efeito moral e fumígenas, dispositivos de choque elétrico e balas de borracha.

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