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“Se ele [Orlando Silva] não sabia, não devia se considerar minis­tro porque as exigências eram feitas por assessores diretos.” João Dias Ferreira, policial militar | Wilson Dias/ABr
“Se ele [Orlando Silva] não sabia, não devia se considerar minis­tro porque as exigências eram feitas por assessores diretos.” João Dias Ferreira, policial militar| Foto: Wilson Dias/ABr

Investigação

Ministério cria sindicância para apurar acusações de PM

O Ministério do Esporte informou ter criado ontem uma comissão de sindicância para investigar as suspeitas de irregularidades que surgiram em convênios da pasta. Segundo nota do ministério, a ordem para iniciar a investigação interna partiu do próprio ministro Orlando Silva e está baseada em reportagem da revista Veja, publicada no fim de semana, sobre o envolvimento de servidores do ministério em irregularidades administrativas

Reportagem da revista mostra diálogos de uma suposta reunião do policial militar João Dias Ferreira com dois integrantes da cúpula do ministério: Fábio Hansen, na época chefe de gabinete da Secretaria de Esporte Educacional, e Charles Rocha, então na secretaria-executiva. As gravações teriam sido feitas em abril de 2008.

Os dois integrantes do ministério estariam, segundo a reportagem, sugerindo formas de evitar que fosse adiante uma sindicância aberta pela Polícia Militar do Distrito Federal sobre os convênios que ONGs controladas pelo policial mantinham com o ministério.

Em nota no fim de semana, o Esporte havia informado que era "primária e leviana" a insinuação de que assessores teriam colaborado com João Dias para enganar a fiscalização do ministério.

Folhapress

Ministro volta à Câmara para explicar papel da Fifa na Copa

O ministro do Esporte, Orlando Silva, volta hoje à Câmara dos Deputados, desta vez para falar à comissão especial que analisa o projeto da Lei Geral da Copa do Mundo de 2014 sobre as questões que envolvem a proposta do governo para regulamentar o papel da Fifa na organização da competição, bem como na Copa das Confederações em 2013.

A audiência com o ministro do Esporte está marcada para as 14h30 e será a primeira de uma série que a comissão programou para debater o projeto com autoridades, representantes da Fifa e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidades de defesa do consumidor e outras que representam interesses envolvidos no projeto.

Na semana passada, o ministro do Esporte compareceu duas vezes ao Congresso Nacional, mas para rebater as denúncias de corrupção na sua pasta.

Primeiro, ele esteve na Câmara, em reunião conjunta da Comissão de Fiscalização e Controle com a de Turismo e Desporto. Depois, foi ao Senado, onde falou também em uma reunião conjunta de duas comissões: a de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fis­­­calização e Controle e a de Edu­­­cação, Cultura e Esporte.

Folhapress

Em novo depoimento de mais de quatro horas à Polícia Federal (PF), na tarde de ontem, o policial militar João Dias Ferreira informou que pelo menos 20 organizações não governamentais aceitaram delatar o esquema de arrecadação de propina que o PCdoB teria montado no Ministério do Esporte com entidades conveniadas ao programa Segundo Tempo e outras ações da pasta. Representantes das entidades, segundo ele, vão depor nos próximos dias.

Dias disse que o esquema in­­cluía o pagamento, pelas ONGs, de um "pedágio" de 10% a 20% para um escritório de consultoria e a contratação dos serviços de um cartel de seis empresas indicadas pela cúpula do Ministério do Esporte, ligadas ao PCdoB. Pelo menos 20% de todo o dinheiro dos convênios firmados com 300 ONGs, conforme o policial, eram desviados e parte ia para financiar a estruturação do partido e campanhas de candidatos. "Fui vítima de chantagem e retaliações porque não aceitei as condições absurdas que me exigiam", afirmou.

Além dessas ONGs, o policial deu à PF os nomes de outras dez que teriam aceitado condições irregulares para obter recursos do programa. De acordo com ele, as ONGs, para receber a verba do programa Segundo Tempo e não serem molestadas na prestação de contas, tinham de comprar produtos e serviços de um "pool" de seis empresas: Infinita Comércio, Linha Direta, JG, Transnutre, HS e Capte Comércio.

À imprensa, na saída do depoimento, ele deu o nome de cinco ONGs de Brasília – Liga de Futebol Society; Associação Nossa Senhora Imaculada; Instituto Novo Ho­­­rizonte; Fundação Toni Matos; e a Associação Gomes de Matos, além de uma do Rio, a Fundação Viva Rio, e uma de Santa Catarina, o Instituto Contato. Sua lista inclui três entidades da Bahia, mas ele não revelou os nomes.

O policial garantiu que o ministro Orlando Silva sabia de todo o esquema, que seria operado pelos seus principais auxiliares na pasta, entre os quais o chefe de gabinete, o secretário executivo, o secretário nacional de Esportes Educacionais e os chefes de áreas técnicas e jurídica.

Dias disse ter entregue à PF documentos novos, 13 áudios e outras mídias, como CDs, que comprovariam os desvios de recursos públicos. Entre as mídias, ele disse que estão dois áudios, publicados pela revista Veja nesse fim de semana, nos quais dirigentes do ministério instruem o policial a fraudar documentos de prestação de contas de dois convênios firmados com a pasta.

Ele disse ainda que nenhum dos áudios e mídias contém imagem ou voz do ministro, mas observou que seria impossível que ele não soubesse do esquema. "Se ele não sabia, como alega, não devia se considerar ministro porque as exigências eram feitas por assessores diretos e em nome dele", disse. "O próprio secretário executivo dele me atendeu para dar instruções em nome do ministro", garantiu. A PF não divulgou o teor do depoimento.

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