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Depois de cair nas graças dos políticos em Brasília, o serviço de microblog Twitter tem se revelado uma verdadeira "tribuna virtual". De desfiliação de senadores a brigas partidárias como a recente crise na bancada do PT, tudo passa pelos campos de digitação do site. Em alguns dos principais embates travados nesta semana no Senado, os parlamentares levaram ao microblog uma sucessão de troca de farpas e anúncios de decisões importantes.

No caso mais recente, os seguidores do líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), no Twitter puderam acompanhar a sucessão de indecisões que o levaram a anunciar sua saída da liderança na quinta-feira (20). "Subo hoje à tribuna para apresentar minha renúncia da liderança do PT em caráter irrevogável", avisou o petista em nota postada às 12h15.

Seis minutos depois, às 12h21, Mercadante voltou a comentar sua decisão, desta vez provocando os senadores Flávio Arns (PT-PR) e Marina Silva (PT-AC), que anunciaram a saída da legenda na quarta-feira (19): "Ao contrário dos que estão deixando o partido, saio da liderança para disputar, junto à militância, a concepção do PT [em] que eu acredito".

Mas, 39 minutos depois, Mercadante anunciou o começo da estratégia que viria a fazê-lo recuar. "Recebi telefonema do ministro [José] Múcio [Relações Institucionais], avisando que o presidente Lula quer conversar comigo pessoalmente antes do meu pronunciamento."

Descontente com a manobra da base governista – apoiada pelos petistas à revelia de Mercadante – que livrou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de 11 pedidos de investigação no Conselho de Ética, o líder do partido havia marcada pronunciamento para anunciar sua renúncia ao cargo.

Com o suposto chamado de Lula para uma conversa, ele acabou transferindo seu discurso para a sexta-feira (21) pela manhã: "Estou indo agora para o Senado, para fazer meu pronunciamento".

O comentário de Mercadante fez o senador João Pedro (PT-AM) se adiantar e publicar, "em primeira mão", o teor do discurso do colega: "O senador Mercadante entrou em contato comigo hoje [sexta] de manhã e disse que permanecerá no cargo. Ele deve fazer o anúncio em plenário", revelou.

O recuo de Mercadante teve repercussão imediata. Minutos depois de o petista concluir o pronunciamento, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) já alfinetava pelo Twitter: "Pobre Mercadante: até para sair da liderança tem que pedir autorização ao Lula". Na mesma linha, Cristovam Buarque (PDT-DF) postou uma crítica: "Continuará o líder no pragmatismo da aliança entra Lula, Renan [Calheiros], [Fernando] Collor e Sarney." A divisão na bancada do PT provocada pelo arquivamento das ações contra Sarney no Conselho de Ética também teve espaço no microblog. Na quarta, depois de o líder petista ter se recusado a ler a nota oficial em que o partido justificava a posição pró-Sarney no colegiado, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), um dos que votou a favor do peemedebista, criticou Mercadante:"Coisa feia, Mercadante. Pela manhã, assumiu junto aos senadores João Pedro (PT-AM) e Ideli Salvatti (PT-SC) que iria ler a carta do presidente do PT (Ricardo) Berzoini. Na coletiva negou".

Na mesma quarta, senadores de oposição como Álvaro Dias (PSDB-PR), Demóstenes Torres (DEM-GO) e José Agripino Maia (DEM-RN) denunciaram no microblog o arquivamento das ações contra Sarney. "O Conselho de Ética rejeitou, por 9 a 6, as denúncias e representações contra o presidente José Sarney. A oposição vai recorrer ao plenário", avisou Dias. Diante das afirmações dos oposicionistas, o gaúcho Paulo Paim (PT) tratou de se desvencilhar da manobra pró-Sarney: "A decisão do Conselho de Ética foi de foro individual de cada senador. Lamento profundamente o que está ocorrendo no Senado".

Além do arquivamento das ações contra Sarney e da indecisão de Mercadante em deixar a liderança do PT, o Twitter registrou comentários sobre o depoimento da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, na terça-feira (18). Lina foi à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para falar sobre um suposto encontro com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em que a ministra teria pedido para "agilizar" processos relacionados à família Sarney.

"O destaque do dia foi a traquilidade de Lina ao confirmar, com detalhes, a ida à ministra. O desespero foi só de alguns", comentou Demóstenes. Já Agripino comentou a suposta apreensão do governo: "O que a Lina disse acendeu uma luz amarela no Planalto".

Na quarta, depois de anunciar em coletiva à imprensa que deixaria o PT após 30 anos de militância, a senadora Marina Silva (AC) levou o colega Paulo Paim a lamentar no microblog: "Devo dizer que lastimo a saída da senadora Marina Silva do PT".

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