Poluição deixa SP em estado de atenção

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Pela primeira vez este ano, a poluição deixou a capital paulista em estado de atenção. A causa é o calor e a baixa umidade, que deixa o ar seco. As condições para dispersão de poluentes são desfavoráveis, por falta de ventos, e sete regiões da cidade foram colocadas em estado de atenção pela Cetesb: Ibirapuera, Santo Amaro, Nossa Senhora do Ò, Santana, Parque D.Pedro II, Mooca e Pinheiros.

O pior nível é o 'péssimo' e estas áreas estão a um passo dele. Todas tiveram a qualidade do ar classificada como má. Os demais postos de medição da cidade indicaram ar regular. Nenhuma estação da cidade indicou qualidade boa. Ar bom só fora da capital, em municípios vizinhos como Taboão da Serra ou Santo André, mas Diadema também está em estado de atenção.

Quando a cor vermelha, que indica ar de má qualidade, é usada pela Cetesb toda a população pode apresentar agravamento de sintomas como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta e ainda apresentar falta de ar e respiração ofegante.

Segundo os especialistas, o índice de ozônio na atmosfera está alto. O ozônio é um gás poluente formado por uma reação entre gases, que são produzidos principalmente pela queima de combustível. Sem brisa, os gases emitidos por motos e carros aumentam a concentração desse poluente no ar. Se na camada superior da atmosfera o ozônio protege o planeta da radiação nociva do sol, perto do solo ele causa problemas nos olhos e nas vias respiratórias.

O calor agrava a sensação de mal estar e bate marcas de verão neste começo de outono. Nesta quarta-feira, a temperatura máxima registrada no Mirante de Santana, na zona norte, chegou a 31,1 graus e por apenas um décimo não encostou no recorde deste ano, de 33,2 graus no dia 23 de fevereiro. Nas regiões mais quentes da cidade, o calor foi maior. Chegou a 34,6 graus no Jaçanã, apesar de o bairro também estar na zona norte.

- Não foi o recorde de temperatura, mas sensação de calor é a mesma - diz o meteorologista André Madeira, da Climatempo.

Segundo André Madeira, a média de temperatura nos primeiros 28 dias de março deste ano está em 30,4 graus. Nos meses de março, em anos anteriores, a média costuma ser de 27,1 graus. Este ano, o outono promete ser mais quente.

Em todas as regiões da cidade, há bairros em estado de alerta por causa do ar seco. O alerta é considerado sempre que a umidade do ar fica em 20% ou menos. No Jaçanã, na zona norte, a umidade do ar baixou a 18%. No Butantã, na zona oeste, os termômetros atingiram 34,4 graus e umidade do ar ficou em 23%. Na zona sul, o calor chegou a 31,9ºC, em Parelheiros e 21% de umidade. Itaquera, na zona leste, chegou aos 33,4 graus com índice de umidade do ar de 19%. Na Vila Prudente, a umidade do ar chegou a 17%.

Os médicos recomendam que as pessoas evitem fazer atividades físicas até às 16h por causa da poluição. Umas das regiões onde há maior concentração de ozônio é justamente o Ibirapuera, onde muitas pessoas caminham, correm ou andam de bicicleta.

Não há previsão de mudança de tempo para os próximos dias e o calor deve continuar.

- Uma massa de ar quente que está sobre a região sudeste impede a chega de frentes frias - diz o meteorologista.

Aumenta o risco de doenças

Esse clima seco e poluído aumenta o risco de doenças respiratórias, principalmente em crianças. Na rede pública, a média de internação entre os meses de março e agosto sobe de 2.300 para 3.000. E em hospitais particulares está até difícil encontrar vagas.

- Fiquei mais de duas horas no celular, tentando vagas em hospitais. Nenhum tem vaga. A gente até tentou um hospital que não cobria o plano de saúde, mas nada", conta Enza Maffia, dona-de-casa.

Georgia foi uma das 15 pacientes que conseguiram um leito, depois de uma espera de quase 24 horas. A menina já está internada há uma semana com bronquiolite, mas os pais nem pensam em alta.

- Se ela apresentar uma melhora, tiver uma alta, depois tiver uma recaída, e não houver outra vaga para internação. O que é que nós vamos fazer?"- questiona Wanilson Benevuto, pai da menina.

A bronquite e o broncoespasmo também são casos comuns registrados este mês. As duas doenças apresentam os mesmos sintomas: falta de ar, febre e tosse.