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Gilberto Occhi (PP) continua ministro, mas da Integração Nacional | Bernardo Rebello/CEF Divulgação
Gilberto Occhi (PP) continua ministro, mas da Integração Nacional| Foto: Bernardo Rebello/CEF Divulgação

Em meio a suspeitas de corrupção envolvendo quadros da sigla em contratos da Petrobras, o Partido Progressista (PP) fechou com a presidente Dilma Rousseff o comando do Ministério da Integração Nacional. O titular da pasta será Gilberto Occhi, atual ministro das Cidades. O acerto entre o PP e Dilma ocorreu anteontem, depois de a legenda perder o Ministério das Cidades para o PSD, que indicou o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab para o cargo.

A troca é considerada um "rebaixamento" para o PP, especialmente por causa do volume de dinheiro administrado por cada pasta. Para tentar compensar o partido, Dilma encontrou como solução oferecer ao PP a presidência do Banco do Nordeste. A proposta foi aceita, mas ainda sem nome definido para assumir o posto.

Oficialmente, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), limitou-se a dizer que o partido está satisfeito com a nova configuração. Na prática, a sigla ficou sem opção. Dilma vinha tentando nas últimas semanas convencer o PP a aceitar a troca de Cidades pela Integração, mas até a terça-feira os líderes da legenda ainda se posicionavam contra a ideia.

Entretanto, o anúncio de que o PSD iria ocupar o Ministério das Cidades forçou o PP a entrar em um acordo: ou aceitava a Integração ou ficaria com um cargo com menor influência ainda.

O Ministério das Cidades administrou em 2014 um orçamento de R$ 22,8 bilhões. Já na Integração, o valor no mesmo período foi de menos de um terço, chegando a pouco mais de R$ 7 bilhões – com previsão em 2015 de redução à quase metade, R$ 4,7 bilhões. É também nas Cidades que é executado o programa Minha Casa Minha Vida, um dos mais importantes do governo federal.

Parte do PP viu a oferta do novo ministério como um sinal de desprestígio da legenda. Insatifeitos com o Planalto desde antes da eleição, integrantes do diretório gaúcho do PP, que apoiou Aécio Neves (PSDB), defendem uma reavaliação da aliança. "[A troca de ministério] é uma demonstração de desapreço ao PP", afirma o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS). "O PP perdeu espaço. O PT acha que o PP pode ser usado do jeito que entende", diz Goergen.

Ação palaciana

O enfraquecimento do PP na Esplanada, de acordo com o deputado gaúcho, foi operado dentro do Palácio do Planalto. Ele atribui à ação palaciana notícias negativas sobre o partido que têm ecoado nas últimas semanas, especialmente envolvendo a Operação Lava Jato. "Todo esse processo que saiu no jornal, que todo mundo do PP estava envolvido no escândalo de corrupção da Petrobras, isso tudo foi plantado para desestabilizar o partido. Um processo de fritura conduzido, no meu ponto de vista, de dentro do Palácio e que acabou conseguindo tirar o ministério [das Cidades] das mãos do PP".

O PP, o PT e o PMDB são apontados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que fez acordo de delação premiada com a Justiça Federal, como os principais beneficiários do esquema de propinas pagas por empreiteiras para obter contratos com a Petrobras.

O PP teve 10 integrantes citados em depoimentos prestados por Costa às autoridades envolvidas na Operação Lava Jato. A lista inclui o presidente da sigla, Ciro Nogueira, e o deputado federal e ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA).

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