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O secretário de Saúde, Orlando Nascimento, descarta medicamentos vencidos encontrados em hospital de Nova Tebas | Dirceu Portugal/Gazeta do Povo
O secretário de Saúde, Orlando Nascimento, descarta medicamentos vencidos encontrados em hospital de Nova Tebas| Foto: Dirceu Portugal/Gazeta do Povo

Prefeitos do interior herdam caos

Não tem nem 15 dias que os novos prefeitos assumiram os cargos, mas o tempo foi suficiente para que eles se deparassem com graves problemas herdados da administração anterior. Prefeituras quebradas, com dívidas milionárias e uma estrutura física e logística precária: esse tem sido o cenário encontrado em diversos municípios do Paraná.

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Em menos de dez dias de gestão, a prefeita eleita de Nova Tebas, Heloisa Ivaszek Jensen (PRTB), chegou a uma triste conclusão: a cidade foi saqueada e abandonada. Ela levou um susto ao assumir a prefeitura e encontrar portas de departamentos fechadas, frota sucateada, hospital sem remédio e comida, postos de saúde fechados e inúmeras dívidas deixadas pelo antecessor, o ex-prefeito Djalma Ferreira de Aguiar (PTB).

Heloisa montou uma comissão para levantar os estragos e busca uma explicação para uma "fortuna" abandonada em um dos armários do departamento de contabilidade. Além de 80 extratos de contas bancárias abertas em nome da prefeitura e das centenas de talões de cheques, os novos secretários também encontraram 18 mil folhas de cheque em branco. Com os papéis, diz a prefeita, seria possível pagar os salários dos 350 funcionários por um período de 4 ou 5 anos.

"Não há explicação para tantas folhas de cheques, que não servem para nada", diz Heloisa, que se surpreendeu ainda mais ao encontrar no pátio de máquinas 18 veículos, de um total de 23, sem rodas e suspensos por tocos de madeira.

Adiamento das aulas

O sucateamento da frota de ônibus escolares levou a prefeita a encaminhar um ofício à Secretaria Estadual de Educação solicitando que as aulas iniciem apenas em março. Dos 13 ônibus escolares, apenas um está funcionando. "Os alunos não podem ser transportados em sucatas", argumenta.

A situação mais grave foi encontrada no hospital municipal que tinha na despensa apenas dois quilos de fubá e um pacote de cinco quilos de açúcar para alimentar os pacientes internados. Parte do local estava sem luz por causa de problemas na fiação elétrica. "Falta tudo, desde toalhas, roupas de cama, material de limpeza e de higiene, e principalmente medicamentos", diz o secretário de Saúde, Orlando Nascimento.

Certidão provisória

Diante do cenário de caos, a saída será contar com a ajuda do governo do estado e do Tribunal de Contas para colocar a casa em ordem. "Vai demorar pelo menos um ano para reparar os estragos. Vamos precisar da ajuda do TC para fornecer uma certidão negativa provisória. Sem esse documento não conseguimos financiamentos do governo estadual e federal".

A prefeita acredita que a situação caótica do município poderia ser evitada se a Justiça fosse operante e se o Ministério Público tivesse agido com mais rigor quando afastou o ex-prefeito por duas vezes. Em julho de 2007, por determinação da Justiça, Djalma Ferreira de Aguiar foi afastado por 112 dias do cargo por atos de improbidade administrativa, mas retornou após 16 dias com auxílio de uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça. Já em agosto do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) determinou através de uma ação civil pública o imediato afastamento do prefeito novamente por atos de improbidade. Dois dias após o afastamento, Aguiar voltou ao cargo graças a outra liminar, desta vez concedida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.

O ex-prefeito foi procurado para comentar a situação do município, mas não foi localizado. Ele não é visto na cidade desde o dia da transição do cargo.

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