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O Ministério Público (MP) vai abrir hoje uma investigação para apurar se houve improbidade administrativa praticada por Francisco Carlim dos Santos (PSDB), prefeito de Matinhos, no litoral do estado. O prefeito estaria utilizando a liberação de exames laboratoriais e medicamentos pagos com verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) com objetivos políticos.

A ação do MP tem como base a denúncia publicada pela Gazeta do Povo no último sábado. Moradores da cidade denunciaram que, após consulta no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, estariam sendo orientados a procurar o gabinete do prefeito para conseguir a "liberação" dos exames e medicamentos. A reportagem inclusive flagrou aposentados esperando a "liberação" de exames na ante-sala do prefeito. O fato, porém, é que a Secretaria Municipal de Saúde, onde deveria ocorrer o processo de autorização, está localizada no mesmo prédio funciona o hospital. Mas o gabinete do prefeito fica na sede do Executivo municipal, distante algumas quadras do hospital.

O MP pretende ouvir as pessoas citadas na reportagem, que foram flagrados pela Gazeta do Povo na tarde da última quarta-feira na ante-sala do prefeito esperando a "liberação" dos exames. Sem saber da presença da reportagem no local, a secretária que atendia no setor informou aos moradores que estavam no local, com solicitação de exames, que aguardassem a presença do prefeito, pois somente ele poderia fazer a "liberação". Dez minutos após saber da presença da im-prensa no local, todos os que tinham pedidos de exames e remédios foram atendidos e tiveram "liberadas"as solicitações médicas.

O prefeito negou a acusação e disse que a autorização é dada pela Secretaria Municipal de Saúde. Carlim argumentou ainda que a secretaria faz uma triagem no atendimento de exames e fornecimento de remédios. "Tem muita gente de Pontal do Paraná e Paranaguá que vem até aqui para fazer os exames, já que o nosso é o único hospital municipal do litoral."

O secretário de Saúde, Jeferson de Azevedo, que acumula o cargo de diretor do hospital, informou que desconhecia qualquer orientação para a procura do gabinete do prefeito. "O que sei é que algumas pessoas procuram diretamente o prefeito para pedir auxílio para pagamento de exames mais avançados."

A promotora Fernanda Motta Ribas, porém, considera que, os depoimentos dos moradores "mostram indícios de irregularidades que devem ser investigadas". O aposentado Lizandro Ferreira de Souza, de 68 anos, que na quarta-feira passada teve que esperar por quase uma hora a "liberação" do exame de sua esposa, disse ontem que não vai mudar "uma vírgula do que foi publicado". "O ruim é que só tomam atitude quando a imprensa aparece", falou. Ele foi o único a se identificar para falar sobre o assunto. Os demais alegaram que temiam ser "perseguidos pela prefeitura".

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