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O presidente Lula prometeu trabalhar para que, na próxima reunião dos prefeitos em Brasília, em 2010, possa anunciar a legalização de programas sociais que atendem as prefeituras | Marcello Casal Jr./ABr
O presidente Lula prometeu trabalhar para que, na próxima reunião dos prefeitos em Brasília, em 2010, possa anunciar a legalização de programas sociais que atendem as prefeituras| Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Manifestantes pedem a regulamentação da Emenda 29

Euclides Lucas Garcia

Apesar dos benefícios anunciados ontem pelo presidente Lula, os prefeitos que foram a Brasília cobraram do governo federal a regulamentação da Emenda 29 – que estabelece novos limites mínimos para investimentos anuais do poder público em saúde. Pelo projeto, a União deverá aplicar pelos menos 10% de suas receitas no setor. Para os estados, esse limite será fixado em 12% e, para os municípios, em 15%.

Os prefeitos reclamaram, principalmente, que os estados não cumprem a legislação atual e acabam sobrecarregando os orçamentos municipais. Segundo o presidente da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e prefeito de Castro, Moacyr Elias Fadel Junior, os municípios paranaenses gastam anualmente na área da saúde R$ 800 milhões em investimentos que são de responsabilidade do governo estadual. "Apenas a administração municipal arca com as despesas de saúde exigidas por lei", afirmou.

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, destacou que, com a regulamentação da emenda, o setor receberá um aporte anual de R$ 28 bilhões – atualmente, o governo federal gasta R$ 48 bilhões por ano em saúde. "Os municípios vão ficar com 40% desse valor. Hoje, eles não têm mais recursos para cumprir um papel que também é dos estados e da União", disse.

O governador Roberto Requião, por exemplo, não cumpriu o limite mínimo de investimentos no setor em nenhum dos quatro anos de primeiro mandato, segundo dados do Tribunal de Contas do Paraná. Ao contrário disso, contabilizou como gastos em saúde o Hospital Militar, o programa Leite das Crianças e obras de saneamento básico.

Criada em 2000, a Emenda 29 foi aprovada pelo Senado em abril do ano passado, mas, desde que chegou à Câmara, recebeu uma série de emendas e continua no aguardo de sua votação final. O ponto de discórdia é de onde virá o dinheiro para cumprir o porcentual mínimo de investimentos exigido pelo projeto. O governo federal alega não existir uma fonte para financiar o aumento dos repasses à área de saúde. Diante desse argumento, deputados da situação propuseram a criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), tributo que substituiria a extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e é justamente o destaque que ainda precisa ser votado no plenário da Câmara.

Brasília - Os prefeitos que se reuniram nesta semana em Brasília para a marcha anual de reivindicações receberam do governo federal três bondades. A mais comemorada delas foi uma portaria que autoriza a redução de até 40% nas contrapartidas devidas por municípios – e, no caso, também estados – para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O governo também anunciou a liberação de R$ 500 milhões a fundo perdido para compra de ônibus e barcos para transporte escolar e o atendimento, no programa Minha Casa, Minha Vida, de cidades com menos de 50 mil habitantes.

A 12ª Marcha anual reuniu mais de 2,7 mil prefeitos em um hotel de Brasília para trazer ao governo cobranças, especialmente por mais recursos. Mas, já nos anos finais do segundo governo Luiz Inácio Lula da Silva, um dos principais temores manifestados pelos prefeitos é o risco de que vários programas criados neste governo sejam encerrados com a eventual eleição de um presidente da oposição.

"Gostaríamos de contar com seu apoio para a institucionalização de alguns programas sociais importantes, programas que não estão devidamente legalizados, para que os prefeitos tenham mais segurança", pediu João Coser, prefeito de Vitória (ES) e presidente da Frente Nacional de Prefeitos. "Queremos que esses programas sejam criados por lei e regularizados. Aí os prefeitos podem pelo menos organizar seus orçamentos, saber com que podem contar", completou Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional de Prefeitos.

Em seu discurso, Lula prometeu trabalhar com seus ministros para que, na próxima reunião, em 2010, possam anunciar essa legalização. "Facilita a vida de todos essa transformação em políticas institucionais. Pedi ao ministro José Múcio (Relações Institucionais), ao Planejamento, a AGU (Advocacia-Geral da União) qual a possibilidade de transformar essas políticas em lei, como é o Bolsa Família, como é o Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania)", disse o presidente, mais tarde, em entrevista. Dois dos programas que podem ser transformados em lei são os Territórios da Cidadania, do Desenvolvimento Agrário, e o Sistema Único da Assistência Social, que já tem um projeto no Congresso há meses.

Apesar das várias reivindicações dos prefeitos – que incluíram mais recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), mudanças na lei previdenciária que permitam aos municípios pagarem juros menores e a regulamentação da emenda 29, que define as obrigações de estados e municípios no investimento em saúde – dessa vez os prefeitos levaram apenas algumas reivindicações antigas e projetos já anunciados. A portaria que permite a redução de 40% nas contrapartidas do PAC já havia sido pedida pelos prefeitos e ainda beneficiou também os estados. No caso das prefeituras e governos estaduais que já pagaram a sua parte nas obras, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, explica que eles serão "premiados pela eficiência" e ficarão com uma espécie de crédito e poderão receber mais recursos de obras federais no futuro. Para as demais, a economia poderá chegar a R$ 1,7 bilhão.

Cooperação

O segundo ato foi a assinatura de um termo de cooperação que permitirá o financiamento a fundo perdido da compra de 4 mil ônibus e 1,5 mil barcos escolares, em um total de R$ 500 milhões Uma segunda portaria, do Ministério das Cidades, liberou R$ 1 bilhão do programa Minha Casa, Minha Vida, para cidades com até 50 mil habitantes. Os recursos não são novos, mas foram remanejados dentro do próprio programa para atender um pedido dos prefeitos.

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