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Curitiba

Prefeitura levará pelo menos 15 anos para pagar novo centro administrativo

Gestão de Gustavo Fruet imagina custear construção com economia de aluguéis, mas será preciso também erguer estádio novo para o Paraná Clube. Obra está estimada em R$ 450 milhões

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A prefeitura de Curitiba levará pelo menos 15 anos para pagar a construção de seu novo centro administrativo na área de 76 mil metros quadrados que inclui o estádio Durival de Britto e Silva e um terreno do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no bairro Jardim Botânico. Segundo o secretário municipal de Governo, Ricardo Mac Donald Ghisi, a ideia é economizar cerca de R$ 2,5 milhões por mês com os aluguéis de imóveis que vêm abrigando secretarias e órgãos da administração e fazer a obra sem mexer no orçamento municipal.

INFOGRÁFICO: Confira o projeto do centro administrativo

O projeto ainda depen­­de de o Ministério do Pla­­nejamento ceder a área para a prefeitura, pois o estádio fica em um terreno da antiga Rede Ferroviária e é disputado na Justiça por União e Paraná Clube. A estimativa da Secretaria Municipal de Governo é de que a construção o novo prédio, com capacidade para cerca de 6,7 mil servidores, tenha um custo aproximado de R$ 450 milhões. O centro administrativo deverá ser erguido por meio de uma parceria público-privada.

Não entra na conta, porém, a contrapartida ao Pa­­raná Clube: como parte do acordo, a prefeitura construiria um novo estádio para o clube no lugar do estádio Erton Coelho Queiroz, a Vila Olímpica do Boqueirão. Ghisi, no entanto, evita falar sobre valores para a nova praça de esportes do Paraná. "Tem um limite [orçamentário]. Não vai ser no padrão Fifa, mas a ideia é fazer um estádio que possibilite ao Paraná participar de todas as competições", diz o secretário. Isso indica que o estádio teria de ter capacidade para pelo menos 40 mil pes­­soas, mínimo exigido nas fases decisivas da Copa Libertadores da América (competição que o tricolor disputou em 2007).

EconomiaDe acordo com Ghisi, se a prefeitura deixar de pagar os aluguéis de todos os imóveis que atualmente ocupa na cidade (veja o infográfico), a economia será de aproximadamente R$ 40 milhões por ano. Além de valor dos aluguéis, o secretário inclui na conta os custos de manutenção, taxas e condomínio, entre outros. Levando-se em conta correções e possíveis readequações, Ghisi estima que serão necessários 15 anos para pagar a obra.

"Temos três maneiras de pagar: A primeira seria com a economia, já que não pagaremos mais aluguel", afirma o secretário. "Também poderá haver uma exploração dos espaços, com uma área de serviços que gerariam renda. Outra opção, que depende de um estudo, é colocar outros imóveis da prefeitura na negociação. Podemos pôr o preço desses imóveis no pagamento." O secretário não soube informar quais seriam esses imóveis.

Ghisi avalia, entretanto, que a economia será ainda maior. "Hoje a prefeitura tem cerca de 3 mil pessoas trabalhando em limpeza, conservação e nas portarias de dezenas de imóveis. Gastamos muito com carros que servem às secretarias, temos uma rede de telefonia enorme. Em um prédio centralizado haveria economia de mão de obra e material", afirma.

Para urbanistas, projeto dá vida nova a região histórica

Urbanistas ouvidos pela Gazeta do Povo avaliam que a construção do centro administrativo da prefeitura na Vila Capanema ajudaria a revitalizar e desenvolver a região. Para Carlos Hardt, coordenador do Programa de Pós-graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), é importante que a área tenha atividades que atraiam as pessoas durante todo o dia.

"A prestação de serviços públicos não agride. Ela valoriza, faz com que pelo menos durante o horário comercial o local esteja vivo, com gente circulando", diz Hardt. "Sempre dizemos que o ideal seria que a cidade fosse 'usada' durante 24 horas por dia. Se por um lado é interessante que haja essa instalação, por outro é importante que haja uma diversidade de usos, para que à noite, por exemplo, o local não fique deserto. É importante que haja uma diversidade."

O professor diz, no entanto, que seriam necessárias adequações na região. "Para qualquer atividade que gere um tráfego mais intenso deve ser feito um estudo. Será preciso fazer ajustes ali, pois a área perto da Rodoferroviária é uma das mais complicadas", avalia. "Do ponto de vista do usuário é muito bom, pode resolver os problemas em um lugar só. Precisa ser muito bem organizado e com uma integração com o transporte coletivo."

História

Urbanista e historiador, Irã Dudeque não vê problemas em utilizar uma área histórica como o estádio Durival de Britto (que chegou a abrigar jogos da Copa do Mundo de 1950). "Pra mim não perde nada. Qualquer mudança que vai ser feita na cidade é considerada uma 'perda histórica'. Isso é um entrave, mais atrapalha do que ajuda", critica. "Não é só porque é antigo que é bom. Meu medo é que essa coisa da história está virando uma nostalgia, tudo tem que ficar do jeito que está."

Para Dudeque, o centro administrativo também pode mudar a vida na região. "Aquele terreno tem uma faixa da ferrovia separa a cidade. Aproximar os serviços da área central é interessante."

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